“UM SER, SEM SER, QUASE SENDO, SE ASSIM FOSSE”.

Eu já nasci morto. Meus dias já estavam contados antes mesmo de nascer, e a minha catacumba JAZ, trazia meu nome lapidado com frases bobas e sem sentido algum.

Colocaram uns dizeres que achavam ser bonitos, mas que se eu voltasse a viver eu apagaria:

“Vou para o céu, mas jamais esquecerei aqueles que eu mais amei na terra”. Que papo furado é esse se eu nem se quer cheguei amar alguém?

Eu já nasci morto, já era defunto antes de ser gente e, portanto, já não careço de preces, de rezas de orações e nem tampouco de velas. Estas fedem, e sua luz é fraca, que não fortalece nem vivos, e nem mortos.

Se um dia eu renascer, não permitirei que a morte venha me atormentar com aquela cara de puta que acaba de chegar do cabaré, cheia de cana com bafo azedo, e se assusta por estar sendo chifrada na sua cama de feita de foice, aquela mesma foice que essa safada vem ceifar o gogó das pessoas.

Eu nem nasci, e já estava com a lâmina no pescoço, sentindo o fio amolado penetrar meu corpo. Que corpo, se nem isso tive por sorte de ter?

Eu era um nada molecular, dividido em partículas do que restou de uma existência(Sem existir).

Bem, o fato é que a morte matou minha vida que nem vida tive mas só sei que fui obrigado(por ela) morrer, sem nada saber o que era a morte E TAMPOUCO SABER O QUE DE FATO ERA A VIDA.

Quer saber, acho que vou continuar morto, pois quem sabe assim, a morte possa facilitar e eu tenha de novo uma chance pra viver sem precisar morrer.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 04/02/2019
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