Escolas deficientes, e não alunos.
Uma mãe chega à escola para matricular seu filho e tem em resposta que a instituição não está preparada para recebê-lo e a aconselha a procurar um lugar especializado. É por cenas como esta que familiares de jovens com necessidades especiais passam todos os dias.Mesmo nesta era de globalização, onde a inclusão social é fortemente incentivada, principalmente pelos meios de comunicação, o que é encontrado na rotina dos brasileiros são milhares de escolas despreparadas e sendo grandes exemplos de segregação social, situação que torna a inclusão escolar uma realidade utópica e distante.
Durante os anos se distorceu uma imagem acerca de pessoas com deficiência, criando uma ideia lúdica de incapacidade. Dentro deste pensamento grande parte das instituições de ensino tentam fugir da responsabilidade de adaptar-se e outras adaptam-se como se fizessem um favor, quando de fato, o Estatuto da Pessoa com Deficiência garante este direito. Seu parágrafo 1º do artigo 28 prevê que é dever do poder público um "sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades[...]"
O descaso e números são assustadores: segundo o INEP, três em cada quatro escolas do país não contam com itens básicos de acessibilidade; apenas 23 municípios apresentam todas as instituições acessíveis e entre as municipais só 17% das unidades têm estruturas adequadas. Ademais, dados do MEC apenas afirmam esta negligência, apontando que dos 654.606 estudantes matriculados na educação básica, apenas 1,2% são crianças ou adolescentes com deficiência. Avaliando a atualidade vê-se o quão distante está a situação ideal, que é de todo aluno, com ou sem deficiência, exercendo seu direito de estudar numa escola comum.
As instituições de ensino é que devem adaptar-se ao discente, estar hábeis a recebê-lo, independente de cor, raça, credo ou condição, tratando a todos com o mesmo respeito e devida atenção, impedindo casos onde o aluno deva peregrinar até achar uma instituição que o aceite, um cenário totalmente inconstitucional. Para reprimir estes casos, o governo precisaria manter uma fiscalização forte e contínua sobre as escolas, repassando justas verbas para que sejam feitas as adaptações obstando custos adicionais nas mensalidades, tratando-se das particulares. Sem dúvida é por meio da inclusão que acabaremos com vários preconceitos e estigmas, garantindo aos indivíduos o precípuo direito à igualdade e educação.