Meninas grandes não choram... Dizem....

Cabelos presos olhando a noite pela janela do quarto... sufocando lágrimas, só porque ela ouviu dizer uma vez que meninas grandes não chora.

Enquanto alguns fios de cabelo escapam do coque mal feito, ela conta as estrelas tentando esquecer tudo o que aconteceu em um dia ruim, tudo porque quando criança ela ouviu que estrelas cadentes podem realizar qualquer tipo de pedido.

Ela prende os fios que insistem em escapar, atrás da orelha, e deixa a mostra a unhas compridas pintadas de vermelho, deixando o azul céu infantil de lado, porque mulher usa coisas de mulher, foi o que disseram pra ela uma vez.

Olhos perdidos no céu escuro, iluminado apenas pelo brilho fraco das estrelas, ela se inclina pela janela para ver um pouco mais além do que os prédios emitem, enquanto sua saia colada no corpo sobe alguns centímetros, e ela lembra que uma vez disseram que o corpo consegue grandes coisas.

O cabelo se solta, a presilha cai no chão sem fazer barulho, diserto para não atrapalhar os pensamentos que inundam a mente dela. O seu cabelo liso toma conta dos ombros, indo ao meio das costas, fazendo leves ondas, como o mar calmo que ela costumava ir... e mais lembranças surgem.

Ela suspira devagar, tentando manter a calma, e tenta fazer de conta que a musica que ela escolhe não tem um motivo, ela quer esquecer a vontade de chorar que deixa a boca seca e as mãos tremulas, ela quer esquecer que ainda tem aqueles numero do passado no celular... Ela quer esquecer tanta coisa, mas na realidade, ela sabe que muitas coisas nunca vão deixá-la.

O cabelo dela toma a forma que quer, os pensamentos e lembranças pesam na mente, passaram-se horas e ela continua forte, olhando para o céu, contando as estrelas, rezando para que tudo de certo... Até que a primeira lágrima escapa, borrando a maquiagem escura, que agora, não serve mais como um motivo para não chorar. As lágrimas caem, a maquiagem toma outra forma, desenhando o caminho de cada lágrima solta que vagou pelo rosto. Ela fechou as janelas, puxou as cortinas, sentou no canto mais escuro do quarto e lembrou de tudo aquilo que deveria ter esquecido, lembrou de cada palavra, cada momento feliz, que agora estão tão distantes... e chorou mais ainda, chorou procurando consolo no quarto escuro, distante de todos. Ela chorou e o tempo pareceu não ter importância.

Quando ela abriu os olhos, eles doíam, o corpo tenso, e pela janela que ontem mostravam as estrelas, agora entra um raio de sol. Ela levanta e vai para o banheiro, se olha no espelho, maquiagem borrada, olho inchados, cabelo solto da forma que a tempo não acontecia... As promessas nunca compridas agora estão naquele canto, ela os deixou lá depois de cada lágrima fria que caia no chão, os sonhos, os rostos que ela não quer mais lembrar. Ela chorou tanto ontem que ate se assustou. As horas passavam, e ela lavou o rosto, se arrumou e sorrio, embora tudo estivesse difícil, ela sorrio, porque meninas grandes não choram.

Bebels
Enviado por Bebels em 17/08/2015
Código do texto: T5349489
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