A verdade sendo revelada pelo sábio
Bom seria se o mundo fosse de uma única verdade exposta no alto da montanha e pelos vermes do vilarejo sendo a verdade que contém o segredo da vida, e os vermes do vilarejo que até lá chegaram ficam na pequenez rotineira adiando a subida dos demais que não saíram de casa dizendo que é necessário estar preparado para parar de sofrer. Passa o tempo e pessoas morrem com a própria fé, passa o tempo e o segredo não é revelado, passa o tempo e quem um dia esteve no topo da montanha é sugado pela mentira que seguiu por toda vida. Ser duro nas palavras é preciso para que muitas das poucas consciências superiores sejam despertadas, quem possui uma causa não fica atacando a causa dos outros, quem possui amor necessita exalar e quem possui ódio poderá despertar para o amor, como também quem não odeia destrói com a própria existência.
Está longe de uma verdade ser absoluta, de um autor ser dono dos milênios. A verdade ainda é o passo certo da dúvida que não forma um acadêmico que fica eternamente passando de teoria em teoria, a verdade ainda é vontade de poder, ainda é o abismo e o vale seguro de cada ser. Os anos que se passaram e que virão são como todas as coisas que não possuímos na vida, enquanto o nosso agora não for digno da eternidade tudo será medíocre ou simplesmente inalcançável.
Apesar de um aparente egoísmo por parte de alguns, repousa em poucos uma porta para grandes ensinamentos. Ainda vivemos como seres humanos e na terra em que todos habitam existem instintos, existe amor que é a prova mais suprema de que os instintos são fundamentais para o bem viver como também toda loucura leva para o estado normal de todas as coisas. Mesmo que o grito do mudo não sustente o coração dos tolos e surdos por desacreditarem que um mudo poderá gritar, é o grito do mudo que revela tudo aquilo que as pessoas não querem enxergar.
O mundo é de várias verdades e todas as verdades são afirmadas quando existe amor próprio, claramente poucos conseguem perceber que cada um de nós é uma estrela que precisa explodir, que cada um de nós é a dor e o amor, que cada um de nós é uma verdade que vai se transformando de acordo com os sonhos que são movidos por um profundo desejo do coração. Vão bater é na porta de quem saiu para lutar e senti um pequeno desânimo para continuar arriscando, vão bater é na porta de quem não busca superar e talvez já esteja fazendo toda a diferença na sociedade tão insana que pela moral nunca será curada. Do alto ao baixo, do belo ao feio, existem diferenças que fazem com que em cada detalhe dos sonhos repouse algo real e em cada detalhe da boa realidade repouse algo de sonhos para que a boa realidade não repouse diante a falta de paixão para que o melhor de si mesmo seja dado constantemente.
A verdade mais longa vem para dizer que toda verdade depende da época em que foi criada, que todo grande autor larga um grito para ecoar na eternidade diante tudo aquilo que consegue enxergar em sua época que raramente irá terminar com a sua verdade sendo exposta, com a sua vida carnal sendo terminada. O vale mais seguro que cada ser poderá tocar é o vale da experimentação que quando boa vale apenas para quem experimentou, que quando boa fará com que algo novo seja criado instantaneamente. Se em um único tempo vivemos todos os sonhos são possíveis enquanto vivemos, todas as realidades são possíveis enquanto tentamos atingi-las mesmo depois de velhos fisicamente ou quem sabe velhos espiritualmente, é quem mais sofre e diz que alguma doutrina espiritual é a verdade e a vida, que não passa de um tolo frustrado que nega a eternidade por ter desistido de seus sonhos diante das dificuldades da vida que finalizaram com o amor próprio.
Do ego fazemos uma sociedade e sem os valores individuais sendo exalados temos tolos cordeiros em busca da compreensão de metáforas, em busca da igualdade entre os que são eternamente desiguais. A paralisação vem do sono sem cura que causa pesadelos ou da meditação sem fim que é o próprio fim, vem da pressa em construir uma vida material e moral como se ir na igreja ou universidade fosse mais um ato social do que de caridade para si mesmo, a paralisação do ser humano lhe causa nojo, lhe causa pavor, lhe deixa preso e triste. Na realidade o mudo não é mudo, é que o grande público está surdo de tanto ouvir mentiras, está cético de tanto sofrer com a verdade que exige forças do ser humano para as vezes apenas acreditar, que exige forças do ser humano para além de acreditar que possa confiar em si mesmo ao sonhar e em hipótese alguma desistir de seus sonhos.
Escritor Joacir Dal Sotto