Os manuscritos de uma vida

Em meus rabiscos ocultados do grande público não guardo muitos segredos, neles guardo é muito mais incompreensão para que não me ama e luz para quem aprecia cada linha de tudo o que escrevo. A crítica nasce da inércia e quanto mais propaga biografias ofensivas muito mais retira indivíduos que poderiam ser donos da própria causa do caminho do sucesso. Um dia estaremos com um único livro na mesma biblioteca e quem entrega-lo não sentirá vergonha de mostrar a nudez tão bela.

Talvez eu tenha perdido em outra vida a coerência que exigem de mim quando me expresso moralmente, o que não perdi foi a arte de tentar inúmeras vezes realizar um grande sonho. Não sou importante para muitos que me rodeiam e comigo mesmo encontro todos os novos valores sendo estabelecidos. Um dia serei um modelo e cordialmente já sou uma estrela em processo de desmembramento.

Um dia queimaram as bruxas, o que nunca irão queimar é a consciência humana que nunca será dominada enquanto existir vontade de poder. Tentam acabar com os poetas esquisitos por acreditarem que moral é um dever de todo artista, o que não sabem é que nenhuma verdade é absoluta. Os segredos são como o sangue que apenas correndo de coração em coração fazem sofrer ou simbolizam a verdadeira verdade que é intocável.

Deixo é o meu coração aberto para quem me ama da mesma maneira que liberto os criminosos para queimarem tudo o que não é digno de reflexão ou aplausos da massa tão cega. Os inimigos ficam maravilhosamente bem é no caldeirão em que são fervidas todas as oposições ao estado supremo do ego para que logo todo o caldo seja o alimento dos mais simples trabalhadores que estão protegidos das maldições da feitiçaria. O pecado deixa de ser pecado quando o encanto do amor supera os próprios julgamentos racionais.

Agora tenho todas as vidas nessa vida e da tão almejada racionalidade fico tentando tocar no céu todas as noites, apesar de todas as noites eu retornar animado para repousar no vilarejo que abriga apressados e depressivos. Deixo de todos para partir pelo que eu vejo como a razão universal para uma dura e épica transmutação. O desapego é a explosão, o apego exagerado é uma condução para ser substituída.

E mesmo que tenham assassinado todas as bruxas naqueles tempos sombrios da humanidade ainda dançamos ao redor da fogueira antes das missas, durante as missas e após as missas. O estranho nasceu no meio de pessoas normais que se cansaram da falta de sonhos, de amor, de gentileza, de loucura. A mentira é propagada para revelar grandes verdades que nunca estarão claras aos que não querem enxergar.

Escritor Joacir Dal Sotto​

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 22/03/2015
Código do texto: T5178543
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