Amanhecendo na Roça.
(Antonio Herrero Portilho)

Nesta madrugada nesta colônia todos acordaram sobressaltados.
O despertador feito ave não deixou ninguém dormir além de seu chamamento, primeiro foi os farfalhar das asas depois um cântico estridente.
Ele soltava o som e apontava o bico para o solo e repetidamente, batia as asas e forçava a garganta com rebeldia como se estivesse dizendo: Eu sou o Rei do terreiro e a mim pertence este território, aproveitava para emitir alguns cocoricós chamando as dorminhocas que não queria deixar seus lugares nos poleiros.
Ainda estava escuro, mas logo, o sol deixaria tudo as claras.
Aos poucos elas iam descendo de suas acomodações, pondo se ao chão uma após a outra, escarvando como que procurasse o que comer fazendo algazarras com seus cacarejos.
Eram dezenas delas, cada uma possuía uma cor ou aspecto diferente na plumagem; carijós amareladas, outras brancas de topete, com cristas, sem cristas com rabos ou rabicós.
Faziam barulhos simultâneos, dentro de pouco tempo aquele espaço no terreiro ficava repleta destas galináceas.
Dona Chiquinha acordou no primeiro cantar do galo, mas ainda permaneceu na cama por uns instantes, depois que passou alguns minutos foi atender estas penosas que estavam aclamando por um pouco de alimentos.
Enquanto a água estava para ferver na chaleira, tratou de resolver todas as atividades de costumes assim como, lavar o rosto e tudo que se faz quando se levanta pela manhã, preparou o pó de café e passou no coador, transferindo para o bule, em seguida tomou uma xicara desta saborosa bebida tipicamente Brasileira manipulada neste mesmo sítio, dos frutos colhidos ali no cantinho da roça; plantação de cafezal.
Feito isto dona Chiquinha com o avental já posto e amarrado pela cintura pronta para a jornada deste dia que começa, dirigiu-se até o paiol onde estava guardada toda a colheita de milhos deste ano, debulhou alguma meia dúzia de espigas, e quando estava com o colo cheio de grãos caminhou alguns paços e em seguida começou jogar pelo chão deste quintal.
Ela chamava as galinhas fazendo um som na boca pi pi pi pi continuava a jogar os milhos por todos os lugares.
Algumas destas aves que estavam mais pesadas e mais gordas vinham em disparada correrias, outras até se davam o luxo de arriscar alguns voos de curta distância e se aproximavam para bicar os grãos de milhos espalhados pelo chão.
A franga ródia que estava pronta para sair do ninho depois de longos dias que chocará uma ninhada de ovos seus futuros filhinhos, mas agora já nascera, também se aproximou deste grande banquete e trouxe com ela uma enorme fila de pintainhos piando pedindo abrigo nas asas da mamãe galinha.
Para os pequenos pintinhos dona Chiquinha já havia providenciado uma grande quantidade de quirelas esmiuçada no pilão.
Quando espalhou pelo chão aquele milho quebradinho começou a fervilhar de pintinhos de varias idades até os mais grandinhos insistiam em encher o papo deste alimento para aves em primeiros dias de vida. Sem contar com as pombas rolas que aterrissaram para participar desta festa que já era de costumes todas as manhãs acontecer.
Quando chegou às sete horas da manhã o sol já estava mostrando toda a sua pujança; o cenário sertanejo ficou totalmente iluminado, as criações domésticas deram ar de vida; as vacas leiteiras foram dispensadas de suas atividades; o caboclo retirante já esgotou todos seus ubres que até superlotou o tambor vasilhame, uma parte deste líquido branco e saboroso que poderia ser consumido pelos bezerros será comercializado na cidade, tudo transformará em requeijão e outros derivados de leite.
Esta vida aqui no cantinho da roça é mesmo maravilhosa, além de fazer bem a saúde tudo transcorre as mil maravilhas, não há rotina desagradável nestes dias a dias, o tempo passa sorrateiramente, e a natureza vai se transformando a cada hora do dia. Visitar as plantações na horta, observar o crescimento das leguminosas desenvolvendo e se pondo a ponto de colhê-los, no terreno que abrange toda extensão desta propriedade parece se oferecendo para que deposite ali nestas entranhas feitas pelo o arado as sementes que dará fartas colheitas de frutos suculentos e adocicados, ao modo de ser espremido e extraído seu sabor inigualável feito vitamina e muitos nutrientes.
As pequenas árvores frutíferas oferecem uma refrescante sombra, serve também de comida para as aves que chegam aos bandos para se deliciar das goiabas deliciosas que quando esta bem amadurecida exala um aroma impressionante.
As aves silvestres habitam por ali nos arredores da casa; até se misturam com as galinhas do quintal, não temem a aproximação dos humanos, ninguém ousaria a fazer maus a estas criaturas, não haveria motivo para tais maldades, os gorjeios destas aves embeleza o ambiente. Os inhambus e as codornas fazem as maiores cantorias ao entardecer e transita livremente bem próximo a porta da casa grande desta fazenda.
Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 09/03/2013
Reeditado em 14/08/2021
Código do texto: T4179782
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