O TEMPO E AS NOMENCLATURAS
 
 
                    Na medida em que o tempo vai passando tudo vai se modificando, o que é muito natural. Mas os nomes, títulos, siglas e especificações de objetos, coisas e pessoas mudaram e mudam numa velocidade absurda.
                    Nas décadas de trinta, quarenta e cinqüenta o cidadão que tinha concluído o grupo escolar e ginásio, atualmente conhecido por ensino fundamental era considerado uma pessoa letrada, qual seja muito bem instruída e encaminhada.
                    Aquele que conseguiu aprofundar-se mais nos estudos, concluindo o segundo grau ou ensino médio de hoje em dia então nem se fale. Já era chamado de doutor.
                    A guisa de esclarecimento, antes existiam os cursos técnicos de contabilidade, eletrônica, mecânico, desenhista, etc. normalmente para quem já queria uma profissão nestas áreas. As pessoas que pretendiam lecionar e ser professores procurava a escola normal, hoje conhecida como magistério.
                    E ainda o curso cientifico para os candidatos às universidades de ciências exatas ou o clássico para os que pretendiam cursar em ciências sociais e humanas.
                    Salvo engano a dona Zizi Moreira foi uma das primeiras jornalistas formada em universidade. Pelo menos era o que eu ouvia falar, pois a conheci pessoalmente em São Sebastião, onde no bairro Pontal das Cruzes ela era proprietária de uma bela mansão. Por tratar-se de uma pessoa famosa que era cliente e freqüentava o cartório onde eu trabalhava, todos comentavam sobre a sua cultura, riquesa e simplicidade. Com dona Zizi Moreira aprendi muito.
                    Voltando ao tema, as nomenclaturas, entendo que elas vão se alterando com o passar dos anos, só que em algumas das vezes para pior. Com o advento da internet e aprimoramento da informática, com tantos programas e opções de redes sociais infelizmente piorou duzentos por canto. A maioria\ dos internautas fazem questão de falar e escrever errado. O fazem com prazer. Inventam milhares de símbolos, siglas e abreviações sem pé nem cabeça.
                    Com milhões de informações diárias que vemos e ouvimos através de todos os meios de comunicações, o povo brasileiro principalmente, não posso aqui falar dos estrangeiros de outros países por não conviver com eles e nada saber, a rigor devia se instruir melhor com tudo o que temos de melhor, no entanto não é o que acontece. Falo isso porque há cinqüenta anos atrás a gente só tomava ciência do que acontecia ao nosso redor sempre muito dias depois. Não era como agora, tudo on-line e em tempo presente ao vivo e a cores.
                    As especificações para tudo o que existe ou existia velho ou novo, além de sofrer alterações e mudanças de acordo com cada região e cultura, muitas são esdrúxulas e até bizarras.
                    Infelizmente alguns órgãos de comunicações da imprensa escrita, falada e televisada divulgam as mentiras e atitudes indecorosas das pessoas comuns, humildes, pobres, ricos, autoridades e personalidades em grande parte das vezes nos mesmos níveis.
                    Abusando da nossa imbecil democracia e da liberdade de imprensa escrevem ou mandam ao ar notícias que nos chocam e que ferem atingindo pessoas inocentes. Ficam impunes e ainda facilitam a vida dos verdadeiros culpados.
                    Penso que é uma grande farsa; uma grande mentira e um barco furado, trocando seis por meia dúzia essa história de estudar, debater, confabular e votar um novo código penal, se não é para cumprir os seus artigos. Na prática o código penal existente que já ultrapassa mais de cem anos se fosse corretamente interpretado e na aplicação da lei houvesse coerência ele está cem por cento atualizado.
                    As modificações já são feitas diariamente através de decisões consumadas e transitadas em julgados em ações de todas as naturezas na esfera cível, comercial, administrativa ou criminal que se transformam em jurisprudências.
                   Ora, uma vez consagrada uma decisão em última instância, presume-se que todos os casos análogos comportam idênticas decisões. Então eu pergunto: Pra que fazer ou escrever um código novo?
                    Até porque com as mudanças de cultura, hábitos, comportamento e status sociais ou financeiros de um povo, a tendência é que sejam alteradas muitas situações, no que então será necessário novamente se escrever um novo código daqui a cinqüenta anos.
                    Além do mais, se um juiz em primeira instância aplica uma pena a um determinado cidadão, sustentado nos seus conhecimentos jurídicos, combinados com todas as provas em direito permitidas colhidas e trazidas aos autos e ao seu próprio juízo, e essa mesma decisão seja em segunda instância reformada, cabendo ao réu o recurso em tribunal superior, qualquer que seja a decisão final transitada em julgado e seu venerando acórdão um instrumento poderoso para decidir outras ações iguais.
                    Por isso entendo que criar e escrever um novo código penal é o mesmo que enxugar gelo. Só um meio de gastança do nosso dinheiro. Sendo repetitivo o digo que é manifestamente desnecessário porque na maioria das vezes as autoridades não aplicam a lei corretamente e quando aplicam as mesmas não são cumpridas por seus agentes responsáveis.
                    Os endinheirados e maus servidores públicos (falo exclusivamente dos políticos e das autoridades) são os primeiros a se furtarem da verdade.
                    Só pra lembrar: Há pouco tempo o Código Civil Brasileiro foi reescrito e entrou em vigor. Sabem no que mudou? Em nada. Praticamente em nada, a não ser os números e posições dos artigos. Tudo o que foi aparentemente alterado é repetição das inúmeras jurisprudências, portarias, decisões administrativas, leis suplementares e decretos-leis. Lembram do título deste texto? O TEMPO E AS NOMENCLATURAS.
                    Sim, o novo código civil só trouxe de novo novos nomes aos bois.
                    No entanto, no cotidiano houveram muitas alterações quanto às nomenclaturas. Por exemplo:
                    Até a década de 1.970 o nome que se dava a um grupo organizado e permanente de três ou mais músicos, cantores e artistas diversos ligados à música era CONJUNTO. Um grupo de dez ou mais músicos instrumentistas de metais, violinos, contrabaixos era chamado de orquestra. Um determinando agrupamento de instrumentistas de sopro era conhecido como banda. Estas normalmente tocavam hinos e marchas militares. Faziam as chamadas retretas nos coretos por esse Brasil afora. A reunião de dois músicos, dois cantores ou um músico e um cantor era denominada DUPLA ou DUO INSTRUMENTAL.
                    Hoje, não sei quem foi o sabidinho que assumiu essa autoria, denominam todo tipo de agrupamento musical de BANDA. Tem duas pessoas cantando juntas, uma moda de viola ou de qualquer outro gênero pronto, já se diz que é uma banda. Por isso até criaram um texto de humor que é uma pergunta:
                    “Você sabe qual é a diferença entre uma banda e uma bunda?” [a pergunta refere-se a qual é maior].
                    Resposta: Uma bunda é bem maior, porque tem duas bandas e um cu junto”.
                    Lá em São Sebastião, na praia grande ou na Praia do Barequeçaba eu ia caçar um crustáceo que se enterrava na areia na beira do mar que chamávamos de TAMBURUTACA. Os filhotinhos a gente não levava. Deixava-os crescer.
                    A partir do ano de 1.989, quando certo cidadão estava em campanha e veio a se eleger presidente o povo apelidou os filhotes de TAMBURUTACA de CORRUPTOS. Afinal, estava em alta a caça aos corruptos. Lembram disso?
                    Azar o nosso que o elegemos. Em menos de dois anos que ficou no governo conseguiu desgraçar a vida de muitos brasileiros. Incluo-me nesses tontos que nele votaram. Acreditei num CORRUPTO que se dizia caçador de CORRUPTOS.
                    Eu não pretendia entrar numa seara da qual ainda engatinho, mas não resisto à tentação de falar do uso de alguns verbos pelo povo brasileiro, tendo em vista que agridem demais os nossos ouvidos.
                    Exemplos:
                    A] em cenas de filmes ou de telenovelas, em que existem perseguições e de ordem de matar estou cansado de ver a expressão: PEGUEM ELE(A), MATEM ELE[A], ENFORQUEM ELE(A). É triste. Chega doer nos ouvidos. Penso que o correto é peguem-no(a), matem-no(a) ou enforquem-no(a)
                    Quando aconteceu uma rebelião em uma das unidades da antiga FEBEM, lá no começo da rodovia Imigrantes, acho que em 1998, não lembro a data, ouvi de uma emissora de tv que transmitia a ocorrência “in loco” sobrevoando a área de helicóptero (não posso citar nomes e nem de qual rede de tv), uma repórter relatar os fatos da seguinte forma: “estamos aqui no alto com o helicóptero andando de um lado para o outro”.
                    Vocês já imaginaram um helicóptero andando, com quatro patinhas de um lado pro outro? Acho que ela queria dizer estamos sobrevoando, mas a sua ignorância do vocábulo brasileiro não permitiu.
                    Outra moda que os grandes mestres da língua portuguesa inventaram de uns tempos pra cá é a colocação dos verbos ir, fazer, estar que matam toda nossa linguagem. Diariamente ouço repórteres e apresentadores de rádio e tv, bem como leio nos principais matutinos as frases:
                    Fulano de tal vai estar cantando em tal lugar. Ora meu Deus, me perdoe, más é irônico e não posso ignorar tanta besteira de uma só vez. Três palavras, três verbos em uma única frase. Será que o correto não é Roberto Carlos cantará? Ou Roberto Carlos estará cantando?
                   Outra que falaram inúmeras vezes nestes últimos dias: O cantor Pedro Leonardo vai sair do hospital tal dia ou tal hora. O correto não seria SAIRÁ inves de vai sair? Tento me reciclar sempre. Mas as bobagens são ditas com tanta freqüência que desencoraja a gente.
                    Conforme já falei, houveram muitas mudanças na língua portuguesa quanto à grafia, acentuações, colocações adverbiais, uso do verbo mas só técnica e formalmente, pois na prática o povo está cada vez menos esclarecido, falando e escrevendo errado.
                    Ah Ah Ah Ah, um dos nossos presidentes trocou o pronome “NÓS” por “NOIS” e parece que o povão aderiu.






Nota do autor:

Enfatizo e deixo bem claro que eu não sou professor, nem catedrático da lingua portuguesa. Minhas manifestações nesta redação é meramente para expressar  as idéias que tenho sobre o ensino e a aplicação das leis no nosso país. Se algum dos meus leitores e amigos quiser pode tranquilamente comentar e sugerir eventuais correições. Toda crítica com objetivo construtivo será por mim bem aceita. Só Deus sabe o suficiente mais do que todos nós. De erros em erros  corrigidos eu vou aprendendo.