O MUNDO VAI ACABAR
Essa é uma frase que já ouvi centenas de vezes, principalmente quando eu era criança.
Na medida em que eu ia crescendo, da infância até tornar-me adulto, vez ou outra na padaria, no salão de cabeleireiros [antigamente chamava-mos de barbeiros], na fila do c cinema e em tantos outros lugares públicos e comuns, o povo comentava que em tal ano, tal dia, tal mês o mundo iria se acabar.
Claro que achei e acho muito bom que até agora o mundo não se acabou. E agora, sabendo que isso não acontecerá, fico mais tranqüilo. Ah Ah Ah Ah Ah.
Quando criança eu tinha muito medo quando alguém falava sobre esse assunto. Tremia só em pensar que de repente, do nada a Terra ia explodir e não sobraria nenhum ser vivo pra contar historia. Nossa isso era apavorante.
Na década de cinqüenta falava-se muito sobre o planeta Marte, pesquisas sobre viagens à lua, etc. Os garotos de nove a doze anos que era o meu caso, viviam imaginando encontrar-se com um homem todo verdinho e de cara quadrada com várias antenas na cabeça rondando por aqui bem à vontade.
Tinham aqueles que falavam com entusiasmo sobre os discos voadores [óvnis]. Uns afirmavam ter visto na Ponta do Boi, nas costeiras do Pirabura, lá na Ponta das Canas e Praia do Sino em Ilhabela, e também no morro do Guaicá, na Barra do Uma, em Boracéia, em Boiçucanga, praias essas todas em São Sebastião e por aí afora.
Assim de vez em quando eu entrava em pânico só de pensar na possibilidade de um disco voador pousar numa das praias onde a gente costumava tomar banho.
A guisa de ilustração, vou repetir um fato que ocorreu comigo mais ou menos em 1.951, quando eu tinha apenas seis anos de idade.
“Lá em São Sebastião, estava eu tranqüilo caçando siris na Praia Grande, bem próximo da minha casa, coisa de trezentos metros.
O dia estava nublado, com a maré bem baixa. Éramos eu, a praia, o mar, o céu e Deus.
De repente eu me descuidei um pouco, entretido que estava e, quando me dei conta vi que adentrou na praia um automóvel preto, desses grandes, tipo carro de praça [táxi]. Estacionou bem próximo de onde eu estava e dele desceram cinco seres totalmente diferentes e estranhos, que eu nunca tinha visto nada igual.
Três homens e duas mulheres (só me certifiquei disso bem depois), pois todos eram baixinhos, de pele amarelada, olhinhos muito pequenos e puxados e as suas roupas mais esquisitas ainda. Eles vestiam-se de kimonos o que também só vim saber muito depois. Mas todos pareciam iguais, não dava para saber quem era homem ou mulher. Alem do mais vinham falando num idioma para mim desconhecido e ininteligível, na época.
Fiquei apavorado quando eles vieram em minha direção falando alto, quase gritando alguma coisa que eu não entendia. Larguei tudo e saí correndo como um louco. O coração parecia querer pular pra fora do peito. Lembrando agora penso que se tivesse numa competição bateria todos os recordes como atleta velocista. Deixei para trás os puçás, a lata de vinte litros [lata de banha] onde estavam os siris que havia caçado bem como as iscas e demais apetrechos de caça de crustáceos e perna pra que te quero só parando ao entrar pra dentro de casa.
Mamãe me vendo ofegante e apavorado, chorando de medo, perguntou o que havia acontecido. Do meu jeito matuto e caiçara contei-lhe o que havia visto. Ela então me explicou, conforme o meu relato, que eram os japoneses. Talvez até fosse o pessoal do verdureiro Paulo japonês; ou alguém da família dos Kajias.
Depois de me explicar tudo direitinho, da melhor forma possível ela sorrindo me falou que ia buscar os meus apetrechos e ver quem eram. Convidou-me pra voltar lá, mas recusei veementemente. Isso eu não fazia nem morto. Ah Ah Ah Ah.
Caso quase parecido me ocorrera uns dias depois, quando em iguais circunstâncias apareceram à minha frente, só que desta vez num caminhão, uma porção de gente vestida esquisita, vendendo tachos, facas, panelas e outros apetrechos domésticos.
Só que desta vez eu não corri. Embora não entendesse tudo que eles falavam vi que não seriam perigosos. Voltando pra casa mamãe me falou que eram os ciganos [nômades].
Pasmem com as coincidências:
A minha primeira namorada, de nome VALDERIZA era cigana. A conheci numa tenda onde o grupo estava acampado, próximo da nossa casa.
E a segunda namorada era uma japonesinha linda de nome Keiko, lá de Mogi das Cruzes”.
Só pra completar as coincidências, tenho um casal de filhos, CYRO MASSAMI e CYNTHIA HARUMI que são mestiços. Japonês com brasileiro.
Bom, já estamos no século XXI e graças a Deus o mundo não se acabou. O relato acima foi apenas para descontrair, face ao que direi doravante,
Não sendo cientista, físico nuclear, biólogo, geólogo, paleontólogo ou pesquisador científico de qualquer natureza, e nem sendo teólogo, profeta e conhecedor dos desígnios de Deus tão profundamente, penso que em algum momento, daqui há alguns milhares ou milhões de anos, a Terra se deslocará do seu eixo e consequentemente sofrerá algumas mutações.
E com isso grandes catástrofes ocorrerão, causando a dissipação se não de toda pelo menos de uma grande parte da civilização humana. Porém acredito que nós animais racionais ou irracionais iremos sofrer estes estragos apenas física e materialmente, posto que os nossos espíritos até isso acontecer já migraram ou imigraram para outros mundos, outras galáxias, levando consigo as suas experiências das suas muitas vidas terrenas.
Há os que digam que a vida e o mundo só se acabam para os que morrem. Do que eu discordo. Segundo a doutrina que eu sigo e o meu aprendizado, ainda que tão frágil, acredito piamente que não morremos e que a vida não acaba no túmulo. Ali fica a matéria orgânica e a nossa alma a rigor já está bem longe quando isso acontece.
Infelizmente só em alguns casos quando o espírito daquela pessoa é muito atrasado e apegado às coisas materiais, principalmente ao seu corpo, é que dele não consegue se desvencilhar e fica por perto durante longos anos, sofrendo todas as dores e mudanças da carne em deterioração. São aquelas ALMAS PENADAS das quais falamos quase sempre.
O mundo não se acabará. Pelo menos para nós seres humanos terráqueos por alguns
séculos.