Nascer não é estar entre dementes!
A terra que piso é conhecida. É o orvalho de mim! Descalço, lançando-se em feridas e orgulhos translineadores. Meu quintal, ah, quintal em que maravilhas e... casos foram feitos. Refinado e agressivo? Alguns classificam o passado como início do presente. Eu o considero simplesmente nuvem!
Quantas vezes a culpa do nada me perseguia! Sei – ou tento saber, que a consciência é uma neve sórdida, ao menos na capacidade de ser alva e repetente em seu ego. Libertação? Gosto dessa palavra, é uma pena que, por muitos anos tenha sido tratada como uma prisioneira!
Já dizia Shakespeare: “Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes.” Ora, mas o que é uma lágrima? Que sentido tem o nascimento? Pura descrença crer que lágrimas são motivos de insuficiência! Ou a demência é um enfraquecimento mental, cujas forças intelectuais nos fogem, estando nós ausentes de sendo crítico? Não, não choramos ao nascer porque chegamos até aqui onde “existem dementes”. Mas sabemos que a tarefa futura será árdua, o choro é a admissão de virtude, dor e talento juntos. Muito pelo contrário, a humanidade tem o dom da inteligência, são seres animados para a progressão!
Concordei com o retrato da sala de vovó: ela poderia me esquecer. Não por não gostar de mim, mas meu retrato se instalara em seu ambiente de conforto para que a cada dia surja um novo pensamento. A vida não para, meus caros! Somos carroça e pão! Muito mais sujos estamos por estas veias espirituais do que por uma mão não lavada...
Jamais a consciência faz de nós pesados, mas nós criamos um caminho pelo qual ela é capaz de nos crucificar. Opor coisas é um estímulo! Se tivemos o poder, um dia, de criar a destruição, podemos destruí-la! Muito mais fortes são os que têm capacidade de perdoar. Erros ou fracassos jamais são esquecidos, mas podem ser substituídos por conquistas. Eis o poder do “amor-mente”!
Com isso viajo novamente ao meu quintal e vejo a calçada (antes eram árvores...). Um balanço de subidas, descidas e quedas. Tento ser a moeda de três lados, o terceiro é o lado do amor. Os seres humanos não vivem entre seus cuspes, infelizmente ainda estamos aceitando o que a inveja pode criar. O tanque de água de vovó. Os soluços que muitas vezes tive, e ela dizia: “meu filho, beba água e fique de cabeça para baixo que passa...”
Enfim, o grito mórbido de ignorância! Ainda sou inóspito quanto ao nascer. Possuo a gota de uma caneta que brilha e borra. Rascunho que salva? Não, infelizmente ainda não há relatos de que a matéria bruta nos transmuta da morte para os ventos. Nem de que os ventos são capazes de ressuscitar.
Cada vez em que me prendo ao “não chorar”, destruo-me. Dou-me em um pequeno e vago navio de papel. Não sou o príncipe que um dia virou sapo, nem o sapatinho de cristal perdido, esperando pelo pé ideal. Sou a escolha viva de perpetuar no nascimento Deus.