EDUCAÇÃO E APRENDIZADO: ENTREVISTA E ANÁLISE
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Disciplina: Didática / Professora: Isolda Ramos
Universitário: Wilder Kleber Fernandes de Santana
Pesquisa voltada para o campo educacional
Entrevista com professores do ensino fundamental e médio da rede pública a respeito do processo de ensino-aprendizagem nas salas de aula
João pessoa
Abril de 2011
Wilder Kleber Fernandes de Santana
Entrevista com professores do ensino fundamental e médio da rede pública a respeito do processo de ensino-aprendizagem nas salas de aula
Trabalho apresentado à matéria de Didática, sob tutela da professora Isolda Ramos, da UFPB, como exercício de pesquisa e aprendizagem.
João pessoa
Abril de 2011
Questionário
Professor – ensino fundamental
1) Bom dia, professor (a). Gostaria de saber como é a sua maneira de aplicação dos conteúdos em sala de aula.
Bom dia. Em sala, inicialmente eu pergunto aos meus alunos (por sondagem) se eles têm noção do assunto que será passado, para verificar o nível de conhecimento da sala. É imprescindível conhecer os limites de saber de cada um, até por uma questão de noção sobre o conteúdo que será explicado. Após isso, divido com eles o material da aula, para analisarmos os pontos que estão falhos, caso haja, ou prosseguir em assuntos novos.
2) Que método, teoricamente, você usa para desenvolver a capacidade crítica dos alunos? E na prática?
O método constitutivo. Fazendo perguntas que os induzam a pensar. Trabalho com materiais didáticos, produção de texto, cartazes e alfabeto móvel. Na prática, brincadeiras de caça-palavras, ou jogo do acerto.
3) Professor (a), você está por dentro dos PCNs?
Sim, estou. Fiz diversos cursos, alguns oferecidos pela Primeira Região de Ensino. Porém, só aplicamos regras, ou seguimos parâmetros dos PCNs quando necessário. Durante o tempo em que não precisa, o próprio colégio promove seu modo de organização.
4) E em relação aos conteúdos de aprendizagem? Como é analisado o nível por turma ou por aluno, em relação ao que foi passado pelo professor?
Como você sabe, muitos alunos, mesmo em sexto ou sétimo ano, precisam ainda ser alfabetizados. Com os que mais necessitam, eu priorizo a leitura, sempre trabalhando em grupos, interagindo entre si. Com a parte mais avançada, pratico produção e leitura. Mas jamais permito que façam coisas separadas, o fortalecimento intelectual vem das pesquisas, dos campos interacionais que venham a despertar interesse em cada um. Para análise, existe o período específico de avaliações. Mas a prioridade são trabalhos de pesquisa.
5) E como você, professor (a), faz para estimular as capacitações do estudante?
Viajando pelo mundo da leitura, interagindo, não só português, mas em história, arte, dança, reflexão etc. mostrando que cada um é capaz, ajudando-os a descobrirem seus mundos.
Breve currículo do (a) professor (a) do fundamental:
Possui o curso pedagógico pela Escola Colibri, em Manaíra.
Possui cursos de capacitação sobre Montessori, Piaget, e Letramento.
Curso de alfabetização auditiva, para deficientes.
Mini-curso “Trabalhando o corpo” como desenvolvimento de estímulo mental;
Capacitações da secretaria da educação;
Curso de Gestora colegial;
Mini-curso “trabalhando a sexualidade”...
Atualmente leciona em escola de rede pública, a alunos de ensino fundamental.
Questionário
Professor – ensino médio
1) Bom dia, professor (a). Gostaria de saber como você aplica os conteúdos em sala de aula, visando melhoria da educação.
Bom dia. Eu sempre trabalho com pesquisa. Minha área é educação física, logo, trabalho corpo, mente, música e reflexão. Teoricamente eles têm o dever de cumprir metas. Em alguns momentos, eles se dão a nota, ou seja, auto avaliam-se, em reconhecimento dos cumprimentos feitos ou não. Sempre dou oportunidades para que eles dialoguem sobre os textos que trabalhamos em sala de aula, é essencial para o aprendizado de cada um.
2) Que método, na teoria, você usa para desenvolver a capacidade crítica dos alunos? E na prática?
Teoricamente, trabalho com os porquês. Faço com que eles reflitam sobre a necessidade de se estar praticando tal esporte. Em meu caso, trabalho com eles principalmente os fundamentos da educação física, área da qual vivo. Na prática, trabalho com eles principalmente o esporte. Em meu caso, o handebol.
3) Professor (a), você está por dentro dos PCNs?
Estou. Com certeza. A organização parte de lá. É a partir desses parâmetros que nos baseamos no futuro de cada jovem. Tenho vários alunos que saíram da prostituição e das drogas, por conta do esporte. Não apenas por ser esporte, mas pela forma como ele foi transmitido. Não é simplesmente chegar e impor. Antes existe a apresentação. É com essa visão que não desisto dos alunos: investir em qualidade, investir em seu futuro.
Porém, é bom que fique bem claro que esses meios de organização são mais voltados para o nível fundamental. Por mais que eu atue no médio, estou por dentro.
4) E em relação aos conteúdos de aprendizagem? Como é analisado o nível por turma ou por aluno, em relação ao que foi passado pelo professor?
Com análises psíquico-motoras eles aprendem a dar-se sua nota, sendo esse o valor estimado por todo o rendimento bimestral. Há o tempo de avaliações. Mas o mais importante é a interação que surge quando eles sentem prazer pelo que estão fazendo.
5) E como você, professor (a), faz para estimular as capacitações do estudante?
Dividindo teoria e prática, estabilizando aquilo que podemos programar e como podemos realizar aquela programação. São universos conectados. Eles – os alunos – não se entediam com a escrita e a leitura, pois a prática alcança o tempo limite. Estimulo cada um fazendo-os apreciarem seu próprio valor, pelo esforço de capacidade de cada um. É como se aprendessem a agir sendo exemplos para outros.
Breve currículo do (a) professor (a) do médio:
Tem especialização em Psicopedagoga,
Ensina no Colégio Castro Alves
Ensina na Rede Peti de ensino.
Escola Estadual Cônego Nicodemos Neves,
Leciona alunos no Marista – João Pessoa;
É técnica e professora do Clube FHC;
Tem base especializada em Educação Física, Sendo apara ela de principal desempenho trabalhista.
Análise das entrevistas:
Com base nas entrevistas postas acima, e tendo como foco de instrução o livro Professores e Professauros, de Celso Antunes, tenho um modo positivo de apreciação das respostas colhidas. Duas professoras bem-preparadas, e que sabem trabalhar visando o entender, tanto de seu lado, como do aprendizado dos estudantes.
Quando passamos a observar o objetivo real das práticas didáticas e pedagógicas somos induzidos ao “enxergar além”. No momento em que cada uma das professoras narra seu método instrutivo, também relata sua vida, pois é com essa perspectiva de ensino interacional que elas vivem.
Segundo o livro em questão, um bom professor é capaz de transformar as informações que estão sendo passadas em conhecimento mútuo. Existem muitos modos de ver uma frase, vários ângulos que giram em torno de significados. Um bom exemplo é a execução do trabalho em grupo, permitindo e estimulando a busca pelo saber, e principalmente porque todos estão compartilhando informações.
Enquanto a professora de ensino fundamental disse que o colégio aproveita de sua própria autonomia para tentar essa modificação para a melhoria, a outra nos revela que o ato do esporte educativo conseguiu salvar vidas: tirar jovens das drogas. Esse equilíbrio parte da eficácia de um bom profissionalismo. O professor, ao momento em que ensina, aprende.
Se levarmos em conta as competências essenciais à aprendizagem, outro ponto positivo podemos ter, pois vê-se a construção de exercícios psíquico-motores e a exposição de uma linguagem atrativa. O aluno, de acordo com as professoras entrevistadas, é o protagonista em questão, pois elas têm o querer da modificação. As professoras sentem prazer no perpassar informações, sendo também educadoras. O ato de mesclar brincadeiras também os tira da mesmice, sendo uma fonte de aprendizado.
Celso afirma que “Ensinar é apoiar os alunos a confrontar informações relevantes em suas relações com a realidade. Capacitando-os para reconstruir significados atribuídos a essa realidade e a essa relação.”
Essa acontecência está presente pelo menos nos ditos da professora de educação física, quando afirma que o esporte foi capaz de tirar alunos de vícios. Não apenas por ser esporte, mas pelo modo como ele foi apresentado aos estudantes. A professora soube conduzir os alunos e introduzir um conjunto de significados em suas vidas. Ela centralizou o campo do bem-estar, não apenas por diversão, mas pondo em pauta disciplina e objetivo.
Quanto à leitura e às produções textuais: é produzindo que o ser humano aprende também a se conhecer, a definir seu foco de desenvolvimento pessoal e, futuramente, acadêmico. O desenvolvimento de nosso contexto está predito em nossa educação. Educar é permitir que um cidadão aprenda a ter determinadas maneiras e se utilizar das mesmas como um dos meios de comunicação. Com os textos os alunos entram no mundo da dinamicidade histórica, aprendendo a gostarem de poesia, canções, e o mais importante, tendo seu tempo de refletir sobre sua relação com o mundo que o cerca.
Um dos primórdios factuais presentes no processo de ensino das professoras entrevistadas é que elas não se conformam com a singularidade de um sistema que dita regras. Elas confrontam, armam seus projetos, definem seus pontos de vista voltados para a interação ensino-aprendizagem. São verdadeiras construtoras do futuro. É graças a mestres bem preparados e empenhados como as ditas cujas que a educação ainda resiste com saltos de qualidade e competência.