Santos e Ídolos (capítulo I)
“Texto não é contexto”, já dizia minha professora de português. Mas o assunto que irei tratar não é aula de redação, e sim sobre o fato marcante e renitente de que nossos irmãos evangélicos, como que automaticamente, criticarem nós católicos por adorarmos ou venerarmos (como queira) a Maria e aos Santos. Então, pegam a bíblia e lêem uma passagem dita por Moisés: “Não terás outros deuses além de mim, não te faças estátua, nem imagem alguma do que existe no céu nem na terra, nem te prostres ante estes ídolos”. Com esse pequeníssimo trecho bíblico, os irmãos vão e formam a conclusão precipitada de que Deus PROÍBE adoração aos santos e anjos...
Acabam por cometer erro de interpretação contextual, ou até, por má fé, querer implicar com os católicos por puro e simples protesto e indiferença; sem, contudo, razão bíblica ou ainda, e esta é minha área, análise histórica dos episódios do livro Sagrado. Desse modo, irei em três capítulos nesta coluna Vida Simples provar bíblica e historicamente que Deus NUNCA disse que era proibido venerar santos. Muito pelo contrário... Deus manda, inclusive, que o povo hebreu fabrique imagens e anjos de ouro para atrair proteção espiritual.
Vamos para o início da história da humanidade, Antigo Testamento. Há muito tempo antes de Jesus, o povo hebreu foi escravizado pelos poderosos egípcios, no Egito Antigo. Com crueldade torturaram, exploraram hebreus e mataram os recém-nascidos homem deles. Porém, uma criança varoa escapou com vida e foi achada por uma princesa egípcia nas margens do rio Nilo. A criança judia recebeu muito amor e educação naquele império. Cresceu e virou Moisés, príncipe do Egito; todavia descobriu com remorso que era filho de sangue daquele pobre povo hebreu. Um drama entre duas realidades diferentes surgiu: o politeísmo egípcio (vários deuses) e o monoteísmo hebreu (um só e maior Deus); o conforto dos palácios e a miséria dos escravos. Chorou. Pediu luz para aquela situação. Deus prontamente respondeu que Moisés fora um escolhido para libertar o povo judeu e conduzi-lo à crença nEle, o único e verdadeiro. Algo que iria aborrecer aos egípcios que, como muitas etnias primitivas, acreditavam em vários deuses, cujo formato era de animais. Por exemplo, a imagem do bezerro de ouro (Êxodo, cap. 32), que era a expressão da força bruta da natureza. E o ouro: riqueza e vício do homem. Até hoje os deuses (em forma de vaca) são venerados pelos hindus, na Índia.