Convite
Te convido a deslizar
ao longo deste sonhar.
Eu só queria contar
em palavras de emoção,
a plenitude e os vazios,
que descobri ao rés-do-chão!
Só não sei dizer direito
o tanto dessa beleza,
dessa emoção no meu peito.
Parece-me tudo alheio
aos pulsares destas veias,
que insisto em ignorar.
Mas, há algo que me grita,
que me sussurra
e me agita,
sempre que a minha mão
veste os dedos de emoção.
É coisa que me fatiga
e que,ao mesmo tempo,intriga...
Serei outra ou sou a mesma,
que 'inda agora ,
logo há pouco,
entoava um canto rouco
no meio da escuridão?
Sou eu mesma ou serei outra,
que já ,já vai bater dente,
quando ouvir tua voz dolente,
a voz serena,voz quente,
em meio ao sonho e paixão?
Na verdade e na vontade,
eu quero mesmo é dizer
que ,se amanhã aparecer
um jeito de te contar,
vou lá sem pestanejar.
Porque o que eu sinto e preciso,
o que eu não nego ou controlo,
é fazer de meus pés asas,
que me levem ao teu colo.
O que eu não quero,
não posso
e jamais vou aceitar,
é o coração palpitar
em sonho vago e distante,
como um eremita errante,
como se não fosse o nosso.