MEDO DE QUE? OU DE QUEM?
Quando eu era bem pequeno (não posso precisar a idade, mas não tinha as malícias que as crianças de um quarto ano de escolaridade apresentam agora), eu pensava em como ser feliz depois que me tornasse adulto. Eu via o enorme esforço físico de meus pais e irmãos, trabalho braçal incansável, numa luta constante contra a natureza, pois eles capinavam, limpavam, roçavam. Quando terminavam seus eitos, parecia que o mato, a tiririca e as ervas daninhas, num complô harmonicamente orquestrado, já havia crescido e o ciclo do limpa, cresce, limpa, foi se desvelando aos meus olhos como a inutilidade do esforço do homem pelo pão de cada dia. Nessas de reflexões infantis, nas idas e vindas junto com meu pai para “aprender” algum serviço, definir, quem sabe, o meu futuro, eu ia descobrindo, além da natureza genética de assim o achar, o herói da minha vida no meu pai. Principalmente pela sua coragem.
Meu pai, já cinquentão nessa época, parecia nada temer. Saía qualquer hora da noite, e no escuro total, uma vez que uma lamparina a querosene nada valia contra o breu da noite associado às constantes serrações do alto da Serra das Araras, em um espaço rodeado pela Mata Atlântica cerrada. Saía qualquer hora do dia pra uma caçada, ou para resolver qualquer problema. E nos ensinou, desde muito cedo, a usarmos o que fosse possível para nos defendermos. Com coragem.
Um dos muitos ensinamentos retidos, foi como encarar um animal peçonhento; não podia ter medo, não podia fugir, não podia deixar fugir. Tinha que matar. Pode parecer cruel, mas era ma questão de sobrevivência. Não era possível a coexistência pacífica e não ameaçadora com cobras, escorpiões e aranhas naquele cantinho rural e pueril. Era preciso aprender a matar a cobra. E, ao contrário do dito popular, matar a cobra e mostrar o pau, era preciso matar a cobra e mostrar a cobra.
Eu tinha medo de cobra. E de escorpião, lacraia, aranha e todos os seus correligionários (hum... você dirá que correligionário é vocabulário da política... então... peçonha... cobras...). Mas aprendi a lutar contra essa legião de répteis, artrópodes, octópodes etc. E essa lição simples tinha um sentido amplo, que perpetuaria na vida: pequenos seres, com muito veneno matam impiedosamente; mas não se pode temê-los. É necessário rechaçá-los e se colocar no espaço da sobrevivência das espécies. Mas também é preciso saber que há a hora e as armas certas para enfrentá-los. Não atacar, recuar, recolher-se, não é sinônimo de medrar. Pode ser a estratégia de quem vai buscar a arma certa.
Quando eu era bem pequeno (não posso precisar a idade, mas não tinha as malícias que as crianças de um quarto ano de escolaridade apresentam agora), eu pensava em como ser feliz depois que me tornasse adulto. Eu via o enorme esforço físico de meus pais e irmãos, trabalho braçal incansável, numa luta constante contra a natureza, pois eles capinavam, limpavam, roçavam. Quando terminavam seus eitos, parecia que o mato, a tiririca e as ervas daninhas, num complô harmonicamente orquestrado, já havia crescido e o ciclo do limpa, cresce, limpa, foi se desvelando aos meus olhos como a inutilidade do esforço do homem pelo pão de cada dia. Nessas de reflexões infantis, nas idas e vindas junto com meu pai para “aprender” algum serviço, definir, quem sabe, o meu futuro, eu ia descobrindo, além da natureza genética de assim o achar, o herói da minha vida no meu pai. Principalmente pela sua coragem.
Meu pai, já cinquentão nessa época, parecia nada temer. Saía qualquer hora da noite, e no escuro total, uma vez que uma lamparina a querosene nada valia contra o breu da noite associado às constantes serrações do alto da Serra das Araras, em um espaço rodeado pela Mata Atlântica cerrada. Saía qualquer hora do dia pra uma caçada, ou para resolver qualquer problema. E nos ensinou, desde muito cedo, a usarmos o que fosse possível para nos defendermos. Com coragem.
Um dos muitos ensinamentos retidos, foi como encarar um animal peçonhento; não podia ter medo, não podia fugir, não podia deixar fugir. Tinha que matar. Pode parecer cruel, mas era ma questão de sobrevivência. Não era possível a coexistência pacífica e não ameaçadora com cobras, escorpiões e aranhas naquele cantinho rural e pueril. Era preciso aprender a matar a cobra. E, ao contrário do dito popular, matar a cobra e mostrar o pau, era preciso matar a cobra e mostrar a cobra.
Eu tinha medo de cobra. E de escorpião, lacraia, aranha e todos os seus correligionários (hum... você dirá que correligionário é vocabulário da política... então... peçonha... cobras...). Mas aprendi a lutar contra essa legião de répteis, artrópodes, octópodes etc. E essa lição simples tinha um sentido amplo, que perpetuaria na vida: pequenos seres, com muito veneno matam impiedosamente; mas não se pode temê-los. É necessário rechaçá-los e se colocar no espaço da sobrevivência das espécies. Mas também é preciso saber que há a hora e as armas certas para enfrentá-los. Não atacar, recuar, recolher-se, não é sinônimo de medrar. Pode ser a estratégia de quem vai buscar a arma certa.