TRONCO MÁGICO DA FLORESTA

(dedicado aos amigos poetas, Antenor Rosalino, Antônio Souza e Ferreira Estevão)

 

 

 

Antenor, Antonio e Estevão, eram jovens ansiosos por aventura, mas, uma cigana um tanto liberta sexualmente, por demais. Acabou por lhes passar um problema irreversível e, desejando encerrar a estadia pelo campo terreno sem alardes, resolveram mergulhar numa floresta na Finlândia, com recursos suficientes para se alimentar da natureza e, viver a sua última jornada desbravadora até o Todo Poderoso levá-los para o purgatório e, de lá...o universo os encaminharia, fosse para o Paraíso ou para as pedras quentes do diabólico.

 

Ainda assim, qual fosse o destino, teriam vivido a aventura de suas vidas. Saltando de paraquedas no meio da Floresta Karhunahdas, com mochilas abastecidas, cantil com a água inicial, facão e a coragem derradeira, que iluminava os sorrisos resilientes. 

 

Os rapazes eram experientes em pesca, busca de água potável, conhecimento de folhas e raízes, no mais, a amizade e um mal que nunca imaginaram adquirir, tornariam cada instante valioso até a despedida. 

 

Foram invadindo a floresta de verdes exuberantes e cada vez mais fechada, passaram-se oito dias e, os sintomas de desgaste começavam a aparecer. Apoiavam-se uns nos outros, até para caçar uns esquilos e assar. Tudo neles doía, estavam febris. Durante a andança, deram de cara com uma árvore grossa, gigantesca e, que tinha uma porta desenhada na madeira embaralhada por caules finos e folhas...muito estranho...

 

Doentes ou não, a curiosidade os fez se aproximarem muito bem do tronco. Ouviram uma música harmoniosa e divertida, parecia um som de polka ou algo parecido, mas, de onde viria? 

 

Deram a volta na árvore e nada havia em volta, o som vinha da parte interna dela... até riram, porque com certeza a febre os estava deixando com delírios...mas, os três com os mesmos sons na cabeça? Que amizade intrínseca era aquela!

 

Antenor se adiantou e tocou na  porta desenhada...de repente foi sugado por ela e, Antônio e Estevão tentaram puxá-lo e tiveram o mesmo destino.

 

Caíram rolando no chão terroso e gramado, onde num grande círculo formado, vários animais da floresta estavam cantando a música numa língua estranha, sem parar mesmo com a interrupção. 

 

Os amigos se abraçaram com as vozes comprimidas nas gargantas, os olhos arregalados...e mais arregalados...ainda mais abertos, quando foram atacados por lambidas dos animais pelos corpos inteiros. O medo os fez desmaiar.

 

Acordaram algumas horas depois perto do rio largo, com uma energia dentro de si de heróis de filmes. Olhavam-se uns aos outros sem entender nada. Sentiam-se renascidos, joviais, felizes como nunca, mudos sem saber explicar o que acontecera.

 

Um canoa larga e comprida, apenas com dois homens que passava, lhes ofereceu carona, até uma cidadezinha com telefone. Eles agradeceram e aceitaram.

 

Demoraram três dias para voltarem pra casa, conversaram com as famílias e marcaram um médico, para fazer exames. O resultado foi o melhor possível, curados, cheios de saúde e boas energias. Verdadeiro milagre. 

 

Juntaram as famílias e, resolveram não contar para ninguém o que acontecera de verdade. Foram para a igreja com os parentes, confessaram o ocorrido e, mandaram rezar uma missa, agradecendo a cura da doença. Fizeram doações para uma instituição de crianças carentes, como um abono a mais para a bondade.