Histórias de um sensitivo. - parte 1
Pode me chamar de Marco. Claro que Marco não é meu nome. Mas eu garanto que com exceção dos nomes próprios, todo o resto que vou contar aqui são histórias absolutamente verdadeiras e aconteceram comigo. Tenho 33 anos, uma esposa, um filho, um cachorro e um peixe. O peixe é do meu filho, mas eu limpo o aquário, troco a água e compro a ração, então acho que posso dizer que é meu. Sou contador e também sou o que as pessoas costumam chamar de um cara sensitivo. Isso é meio gay de se dizer, mas não me importo porque não sou homofóbico. Você talvez ache que sou porque geralmente os homofóbicos precisam dizer que não são homofóbicos, mas eu realmente não sou. E também não acho que isso venha ao caso aqui. A verdade é que estou enrolando para começar a falar o que de fato interessa porque estou bem nervoso.
Apesar de nunca ter desenvolvido essa minha mediunidade em nenhum centro espírita, não há como me esconder desse dom. Dizem que quando você estuda o assunto e trabalha essas questões a vida terrena até se torna mais fácil. No entanto, apesar de acreditar nas questões kármicas e reencarnacionistas e de gostar do conforto da ideia de justiça que elas trazem ao mundo, nunca quis enveredar tanto por esse lado místico. Sempre tentei me manter mais na parte filosófica e social da religião.
Porém, nos últimos anos venho percebendo que a minha sensibilidade ao que alguns chamam de sobrenatural vem ficando cada vez mais aflorada. Certas idéias e noções surgem em minha mente e não sei de onde elas vêm. Várias vezes já cheguei a questionar a minha própria sanidade. Normalmente não compartilho minhas experiências com muitas pessoas porque sei que tais relatos geram reações tão diversas e isso seria muito desgastante para mim. Nunca senti necessidade de provar nada para ninguém e sempre estive ocupado cuidando da minha vida atual e da minha própria alma, sobrando pouco tempo para as almas alheias e suas respectivas vidas...
No último ano, porém, tenho tido alguns insights bastante significativos. Essa sensibilidade que sempre me acompanhou, por algum motivo, agora está mais organizada, mais clara e (na falta de outra palavra melhor) espontânea . Pensamentos, ideias ou imagens me invadem a mente de repente. Não sei de onde tudo surge exatamente: Às vezes é algo disparado por um cheiro (real ou imaginário), por uma imagem, situação, pessoa ou acontecimento…
A única forma que consigo tentar explicar essas experiências verbalmente é dizendo que vejo certas coisas por trás dos meus olhos ou que uma história ou diálogo surge completamente já criado de uma vez só na minha mente - como se eu sempre tivesse sabido disso. Embora até segundos atrás eu não fizesse a mínima ideia de nada daquela história maluca e sem pé e nem cabeça. Ok, sei que são umas histórias meio sem pé e nem cabeça mesmo.
E é uma história dessas que quero contar para você. Mas antes preciso deixar claro que não consigo provocar, induzir ou controlar esses pensamentos. Eles simplesmente surgem e tenho que receber essa informação - não tenho escolha! - mesmo sem saber o que fazer com ela. Talvez outra pessoa saiba melhor o que fazer ou pra que servem certas descobertas. Pelo menos é o que espero descobrir depois de compartilhar tudo isso que surge aqui dentro da minha cabeça. Ou quem sabe alguém resolva me indicar um bom neurologista - também seria uma opção.