Histórias que valem apena serem lidas

1ªedição / 2021

EDIÇÃO

GARANHUNS-PE

ANO 2021

IMPRESSÃO

GRAFICA STUDIO HS

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DIAGRAMAÇÃO E ARTE

THYAGO WILLY

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AUTOR

HERONIDES SILVESTRE

studiohs@ymail.com

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WATS ZAP

INDÍCE OU SUMÁRIO

BIOGRAFIA..........................................

DEDICATÓRIA.....................................

A HISTÓRIA DE PAULO SÉRGIO MAIA..................................................

SONHO OU REALIDADE...................

ANTONIO E OS MALES DO CIGARRO..........................................

NIDINHO NA TERRA DE SIMÔA..............................................

MEU AMIGO MAX...........................

CIRÚRGIAESPIRITUAL....................

SONHOS E DESAFIOS.....................

BIOGRAFIA

Heronides Silvestre da Silva Filho, nasceu aos 29 de agosto de 1961, estudou no colégio Diocesano de Garanhuns, concluiu o ensino médio e no ano de 1985 casou-se com Ana Célia, com a qual teve dois filhos, Thyago Willy e Tacianna Mayara. Funcionário público Municipal. É amante das artes visuais e literatura, atualmente aposentado, seu tempo livre entre um trabalho e outro dedicou para escrever, e é como realiza seus sonhos; foi diplomado na ALG, Academia de Letras de Garanhuns e suas obras contam de: romances, dramas, contos, fábulas, poesias e cordel. E por diversas razões, entre elas ainda na juventude, portava febre reumática, que resultou em três cirurgias no coração em épocas diferentes, e teve que, aprender a conviver com a “ irmã dor, “ como assim chamou, (Francisco de Assis, homem iluminado e espirito elevado na hierarquia espiritual), considerado santo para os católicos. Heronides tem três netos lindos, um de Thyago chamado Gabriel, e dois de Taci, Arthur, e a Raquel. Enfim mesmo com as dificuldades que lhes apresentam; ele vem vencendo os obstáculos, é otimista e perseverante com a publicação e impressão de seus livros, EX: As Aventuras de Priscila vol.1, Mãos Que Falam, Verdades da Vida, Corpo e Alma, Espelho da Alma vol.1 e 2, Meu Amigo Max, Sinais do céu, e muito mais que estão a caminho; também se destaca nas artes plásticas; “ ele é cristão e se declara espirito encarnado, ou seja um espirito que experiência a vida humana na Terra, num corpo material e perecível, um espirito que, nas muitas vindas e voltas, segue evoluindo; Com os ensinamentos do mestre Jesus,” em 2017 para 2018, começou a entregar mensagens onde quer que vá; são belas mensagens de: otimismo, consolo, fé e esperança; e se realiza com o sorriso alegría e bem estar do próximo. "Não há felicidade maior, do que aquela quando proporcionarnos à alegría e esperança aos outros", de: Massararo Tanigute.

DEDICATÓRIA:

Dedico esta obra aos leitores, com votos de boa leitura muita paz e bênçãos. Aos meus pais; Heronides Silvestre da Silva e Quitéria Rodrigues da Silva, por ter me educado e me incentivado na escrita. Aos meus avós maternos; Ananias Rodrigues da Silva e Alice Rodrigues da Silva, pelas boas lembranças e afeição. Aos meus avós paternos; Manuel Herculano e Francisca Silvestre da Silva pelo amor que sinto por eles sem ter ao menos convivido com os mesmos. A minha companheira Ana, com muito amor e carinho pela paciência e seu jeito especial de amor pela família. Aos meus filhos Thyago e Tacianna; e também aos filhos não biológico, por amá-los e por serem a continuidade da minha história, como também os meus queridos netos Gabriel, Arthur, e Raquel; que nesta vida abençoada, de provas e expiações são um bálsamo para mim. A meus irmãos, e aos espíritos amparadores; amigos que guardo no coração.

A HISTÓRIA DE: PAULO SÉRGIO MAIA

Numa cidade tranquïla e pacata, típica do interior onde os habitantes são calmos e recatados, e também conservadores, as primeiras horas do dia, foram surpreendidos por uma grande chuva que durou uns quarenta minutos, foi o bastante para causar transtornos à população, inclusive bloqueando os acessos à cidade, e ainda por consequência maior, deixou várias pessoas doentes, atingindo principalmente, as crianças e, idosos, um deles de grande influência na política da cidade, mas as pessoas o ignoravam, pois estava sempre mal humorado, e gritava muito devido as condições físicas, pois já passava dos 90 anos de idade, e, não se conformava com a velhice. Havia um padre, chamado frei Cornélio, que não saía um estante de perto do amigo Maia, procurava dar apoio, psicológico e religioso: era uma missão muito difícil, quando se tratava do Sr. Maia; mesmo assim vive tentando ajudá-lo. Frei Cornélio, enxugando a testa com paciência disse:

---- Não deve levantar-se, pois, o Dr. Julião pediu que tomasse os remédios e fica-se de repouso, e ele sabe o que faz. Mas o velho Maia insistiu em contar uma história... E dizia ele:

---Nem tudo é mar de rosas frei: vou contar tim tim, por tim tim. Tudo aconteceu há muitos anos quando eu estava com sete meses no ventre de minha mãe... e, apesar do espaço ser muito apertado, eu dividia com um irmãozinho, sentia que corria tudo bem, e que estava acompanhado de um espírito, que no futuro me traria muitas alegrias, e também muitas tristezas, mas essas escolhas teriam sido feitas por mim; e eu não me sentia arrependido pois essa é a minha história.

Enquanto isso... frei Cornélio não resistia aos cochílos... tanto que, chegava a se desdobrar (em sonhos), e visitar as grandes catedrais existentes em Roma; e quando era acordado, com os puxões do Sr. Maia, que o sacodia repentinamente; ainda estava entoando parte do ritual da igreja, do tipo cantos gregorianos. Está aí o motivo de irritação do Sr. Maia; que evidentemente queria atenção exclusiva para sua história de vida. Mas frei Cornélio logo se refazia do sono, e após tomar uma xicara de café, continuava a ouvir o amigo.

--- Bem o lugar era calmo e me trazia muita paz, enquanto que, na cidade, quase todos se conheciam, lembro-me muito bem, que havia uma prefeitura; que, dividia espaço com a delegacia e uma escola, havia também uma maternidade a poucos metros da igrejinha, sim! não posso esquecer-me de relatar a padaria, o mercadinho, a barbearia, e a farmácia; o resto era matagal... o transporte da época, era precário; o lombo do cavalo e do jumento; de quando em quando tinha também o carro de boi, esse sim... eu recordo com saudade.

Sim, vamos continuar, pois eu, já ia me esquecendo da minha mãe, que por erros no seu passado, ela não foi agraciada, com um filho homem, na sua companhia. Mas a minha consciência me fazia enxergar, que aquela missão também era minha, e que aquelas tristezas da qual falei, eu poderia transformá-las em alegrias; de repente, senti um grande empurrão, e depois outro, e outro, foi ai, que ví pela primeira vez, os olhos mais lindos do mundo; embora nossos olhos estivessem fechados, ví, com a minha mente; e naquele momento senti muito amor, tanto que parecia querer explodir, pois a dona daqueles olhos, era simplesmente linda! e sei que me queria muito bem; foi ai que me apaixonei, por aquele ser tão pequeno e frágil, mas grandioso, como um anjo do céu; de onde eu recebia a luz e a energia, capaz de transformar o ódio em amor. Primeiro uma calmaria!

Depois nos tiraram a força, porque não queríamos sair! Ela primeiro eu disse, e nós dois explodimos num grito imenso; foi aí que nos separamos; eu então, raquítico, branco quase transparente, com frio e faminto, e um choro abafado, quando alguém dizia: (Coitado não vive nem por um milagre). Daí, colocaram um tubo no meu rosto, com dificuldade, pois eu era, só um pouco maior que a palma da mão, de quem me segurou, mas acharam que eu, era um caso perdido, e me deixaram sozinho, numa sala fria, então uma voz suave e cheia de ternura e amor, disse-me ---Vem comigo meu filho. E nesse momento eu senti uma luz incandescente e de uma brancura sem igual depois me colocaram num cantinho e disse-me novamente: --- Apenas fiz o possível, de agora em diante é por tua conta, mas estarei sempre contigo. ... E disse-me, mais, --- Eu te abençoo! E eu me fortaleci, devo ter tomado um passe do próprio Jesus. Deram-me o nome de Paulo Sérgio Maia, e quando completei 18 anos, estava com um metro e setenta e cinco de altura e passava dos oitenta kg. Minha mãe era Maria do Carmo e meu pai o Oscar eram uns amores de pessoas na verdade eu não podia querer vida melhor, exceto mais saúde para dona Maria do Carmo, minha mãe. Eu sempre tive o que quis, embora morando no interior, eu viajava muito com meu pai, que fazia todos os meus gostos. E minha melhor amiga, por quem me apaixonei chamava se Madalena ela morava há uns quinhentos metros da minha casa, mais precisamente do outro lado da praça, onde gostávamos de sentar para conversarmos sobre tudo; ela era maravilhosa nos entendíamos muito bem, e quando nos olhávamos, o mundo parecia que ia parar. Nossos corpos e mentes se atraiam os pássaros às borboletas e toda natureza pareciam nos contemplar com sua beleza. Éramos tomados por sentimentos que acredito estavam muito além, das coisas deste mundo. Eu lhe pergunto, como se explica isso meu caro frei? Ou será que não há explicação? Frei Cornélio como era conhecido, já havia escutado com muita paciência a mesma história mais de vinte vezes e cada vez com mais riqueza de detalhes era impressionante, pois cada vez que contava era a mesma história nunca distorcida. Mas frei Cornélio na verdade já havia entendido tudo; o seu amigo Sr. Maia era apaixonado pela sua irmã gêmea Madalena os dois foram separados na hora do nascimento e viviam com famílias diferentes sem saberem que eram irmãos. Frei Cornélio sabia que o velho Maia tinha uma memória de elefante, mas não queria lembrar-se de tomar os remédios. Mas que a pesar de seus noventa anos ele com certeza continuará a contar essa história por muitas e muitas vezes: e você! gostária de ouvi-lo?

FIM

SONHO OU REALIDADE

Marcos é um garoto moreno claro, de olhos castanhos e cabelos crespos, ele foi criado pela avó paterna que era sua única companhia, pois seu pai havia morrido na prisão, e quanto a sua mãe nunca a conheceu. Ele chegava à casa machucado com muita frequência pois apanhava dos colegas e não era aceito nas brincadeiras, ao contrário ele era motivo de chacotas e sofria muito. No dia em que completou quinze anos viu sua avó ser levada para um hospital, e depois disso nunca mais a viu. Era como se ele não existisse para os outros de tanto ser desprezado e ignorado ele começou a mendigar pelas ruas, mas não deu certo, então teve em mente uma ideia, e logo coloca em pratica. Adquiriu um produto que deixava a pele completamente negra, usou em todo o seu corpo e passou a frequentar outro bairro que tinha predominância africana, ele recebeu ajuda de alguns moradores passando a vender limões na única entrada do bairro e quando terminava as vendas se dirigia a casinha atrás da igreja onde prestava contas dos limões vendidos, após se alimentar dormia ali mesmo. No outro dia cedinho já estava no seu ponto a vender os limões, quando chega uns arruaceiros de fora do bairro que lhe bateram muito chamando-o de negrinho sujo e afirmando também que voltariam no dia seguinte para finalizar com ele, e no dia seguinte cedinho encontraram no lugar do negrinho, um rapaz de olhos firmes no horizonte, corpo forte e robusto, com as mãos enrijecidas que os enfrentou com muita coragem e competência causando um baita susto em todos, ficando apenas com arranhões no rosto e no peito; ele olhava em frente enquanto fugiam muito assustados. Naquele momento as pessoas tinham se aglomerado nas calçadas e janelas e começaram a aplaudir o rapaz enchendo-o de glória, mas quando se vira para o lado ele ver em sua frente um homem que o olha fixamente e diz: Meu filho; depois desmaia! Somente acordando horas depois, com um ser muito lindo ao seu lado cuidando de seus ferimentos; e ele ainda deslumbrado com os acontecimentos pergunta:

---- Onde Está ele?

---- De quem está falando?

---- Do homem que estava comigo.

---- Não havia ninguém com você, deve ser por causa da pancada na cabeça.

---- Não, é verdade, havia sim ele é meu pai... E você quem é?

---- Calma, descanse um pouco; sim! eu sou seu pai: estou cuidando de você. Estamos em outra dimensão.

.... Marcos: Botou mesmo aqueles caras para correr? (Sorriu com um tom irônico).

---- É botei sim. E agora?

---- Agora! Você é quem sabe o que vai fazer de sua vida, continuar como um herói? Ou voltar a ser o negrinho.

---- Negrinho como você sabe?

---- Sim eu sei, porque estou em sua mente, para lhe ajudar.

---- Então você é um anjo?

---- Eu apenas sou.

Ouvindo isso, Marcos arregala os olhos e volta a dormir.

FIM

ANTÔNIO E OS MALES DO CIGARRO

Estava ali sentado no banco no meio da praça, entre um canteiro e outro de margaridas muito coloridas, que faziam parte do lindo e belo cenário daquela pacata cidade. Antônio um homem moreno claro, aparentando uns 65 anos de idade, de traços fortes, mãos calejadas e rosto enrugado e pálido. Seu olhar cansado, usando um chapéu, e uma barba meio que aparada as pontas, vestia uma calça marrom clara, e uma camisa da mesma cor, com sua mão direita segurava um paletó de linho branco, e entre um pigarro e outro passava as mãos no rosto, sujando as mangas do paletó, com uma tosse que não dava trégua, esforçava-se para conter a vontade imensa de uma tragada no seu companheiro maléfico, de muitas décadas de sofrimento. O cigarro entre os dedos amarelados, permanecia apagado por algumas horas, graças à resistência de Antônio, para conter aquela vontade imensa, mas foi nesse momento, que passava por ali um grupo de jovens estudantes, com placas e faixas nas mãos, protestando contra o tabagismo, e isso sem dúvida reforçava ainda mais, a determinação de seu Antônio, que travava uma luta para abandonar o vício.

De repente como que cedendo as tentações, ele resolveu levantar-se. Tossindo muito, ele anda cambaleando, em direção a esquina onde havia um botequim, Antônio olhou para os lados e via pessoas fumando bebendo e proseando a torta e a direita (jogando conversa fora), e assim ele sentiu-se à vontade, começando a contar sua vida, o seu drama e pesadelos, para o amigo Manoel, seu confidente costumeiro, ele dizia sempre, que amigo para todas as horas, era o dono daquele botequim.

─ Antônio: Manoel.... Meu velho amigo de muitas datas.

─ É você Antônio a muito tempo não lhe via por aqui, quem é vivo sempre aparece não é mesmo? O senhor Antônio com um olhar tristonho e ao mesmo tempo feliz por estar ali: Responde em seguida.

─ É verdade Manoel, mas eu acho que estou mais morto do que vivo. (Ele começa a tossir sem graça, como que para justificar sua frequência naquele recinto). --- A propósito Antônio viu aqueles jovens fazendo protesto? Acabam prejudicando e diminuindo a freguesia que compra cigarro, que é quem me dar mais lucro. “Antônio desta vez tosse de verdade, e chega até a engasgasse, e mesmo assim não resiste à tentação e acaba acendendo o cigarro que está lhe matando aos poucos; entre uma tragada e outra passa o lenço xadrez e sujo nos lábios e pede que lhe sirva uma dose de conhaque alcatrão, dizendo para o amigo que ponha bastante limão.” ─ Parece que você não quer o conhaque homem, e sim uma limonada; Da próxima vez que vier aqui vai pedir um copo de leite. “Antônio não acha nada engraçado e confessa para Manoel que acaba de sair de um internamento de mais de trinta dias, para se recuperar de uma crise de pneumonia aguda e começo de tuberculose e que agora os problemas seriam agravados, por causa do cigarro.” Ele acaba de tragar uma baforada no cigarro, de repente veste o paletó e pergunta:

─ Quanto devo lhe pagar por este pouco, de prazer que me resta e que dura pouco e me faz tanto sofrer? Manoel não hesita em prosear e começa logo responder:

─ Antônio meu velho amigo, por tanto tempo esse botequim você frequentou e nunca deixou de me pagar um centavo se quer.

Até quando não tinha dinheiro na hora, em sua casa ia logo buscar, com a desculpa de que tinha voltado para comprar uma sardinha, um mercado de açúcar, uma cuia de farinha uma lata de querosene ou um pavio de candeeiro e porque não dizer um rolo de barbante, um pacote de fumo pra mode fumar.

Pois então agora não vou lhe cobrar, em nome da nossa velha amizade e se o amigo quiser de tudo que eu tenho aqui eu não lhe vendo eu vou lhe dar, com exceção do male dito do cigarro que de agora em diante eu também estou proibido de fumar; e agora somos nós dois para brigar contra esse mal. (Antônio ouvindo isso fica de orelhas em pé, esperando-o terminar).

É, na verdade nessa minha vida e nesse mundo de meu Deus, nunca tinha visto ninguém igual; e vou pedir a ele para lhe abençoar, pois o doente aqui sou eu... E é você que vai fazer regime para melhorar? Pois eu lhe digo meu amigo que eu não morro desse mau.

Está de volta a passeata; e neste momento com faixas e cartazes nas mãos, os jovens vêm anunciando uma nova vida. Trata-se de uma clínica para quem quiser se tratar de dependências químicas e tabagismo. Vendo isso Manoel fecha as portas do botequim, abraça Antônio e seguem para praça.

Olhando a passeata com muito orgulho e entusiasmo sentam no banco cimentado da praça que fica debaixo de uma castanhola, eles conversam lembrando-se da juventude e dos lugares onde tudo começou. Enfim uma praça, um lugar para refletir e pensar, e nesta vida nunca mais um cigarro fumar.

“A clínica é para os que não conseguem por si só, melhorar seu estilo de vida; que não é o caso dos amigos inseparáveis de infância, Antônio e Manoel.”

FIM

NIDINHO NA TERRA DE SIMÔA

O autor aborda nessa história, as origens da cidade e a importância da mulher que foi Simôa Gomes de Azevedo. Onde a personagem sai da sua zona de conforto para uma aventura na zona rural em busca de conhecimento, e é através da meditação que ele entra em contato com seres da natureza, inclusive O TEMPO, personagem místico e enigmático que se apresenta para ele e tira-lhe as dúvidas sobre a verdadeira origem da cidade de Garanhuns. Tudo isso com muita clareza e verdade, mas também com um pouco de humor.

Parte 1

– Nossa como ficou massa meu novo visual.

– Só me falta agora ser protagonista da minha própria obra... sabe vou dar um giro por aí.

-- Como será que se deu o início da nossa cidade? Resolve sentar-se a margem de um lago, e percebe que alguém esqueceu uma vara de pescar.

Daí começa a aventura para conseguir um peixe.

-- Ops! Acho que peguei um grande.

-- Quem vem de lá? Pergunta Nidinho

Enquanto isso passava por ali um velho esquisito e misterioso.

-- Eu sou o Tempo, disse ele.

Nidinho achou muito estranho alguém com tal nome, mas pensou este deve ser o dono da vara.

E deve conhecer a história que para mim ainda é um mistério.

O senhor Tempo permaneceu em silêncio, mas foi por pouco tempo. E logo começou a falar.

-- Caro Nidinho não pude evitar de ouvir os seus pensamentos, e percebi que tem interesse de saber da história de sua cidade, como também de suas raízes e seu desenvolvimento ao longo dos anos.

-- Sim claro, não sei como pode ouvir meus pensamentos, mas, vamos ao que interessa; pode me contar, como realmente aconteceu?

-- Claro que posso, mas não se apresse, pois, a pressa só atrasa o tempo, que já é pouco e todo mundo o quer. Bem.... No princípio era o verbo e o ...

-- Calma aí sô; só preciso que me conte, sobre a cidade e suas origens.

-- Está bem Nidinho, escute e preste muita atenção: aconteceu lá pelos meados de 1720, quando Domingos Jorge Velho, interessou-se pelas terras chamadas de seis Marias e recebeu das mãos do governador na época, como prêmio por ter destruído o quilombo dos palmares.

– Até aí tudo bem, mas o que ele fez depois com tanta s terras?

– Bem Nidinho, aconteceu que Domingo Jorge Velho, partiu da capital para se apossar das terras e encontrou muitos índios cariris da tribo de Garanhuns que aqui viviam inclusive encontrou também muitos lobos guarás ou guiras e também muitos anuns, o que evidentemente deu origem ao nome da cidade, “Garanhuns”.

-- Mas quem foi Simôa afinal?

-- Como eu estava lhe falando, Domingo Jorge Velho Construiu sua cabana conhecida como Tapera do Garcia. Calma Nidinho, já sei o que está pensando, as Índias eram muito bonitas sim, tanto que; o filho de Domingo Jorge Velho; chamado de Sena, foi atraído pela beleza de uma delas, tiveram um caso amoroso do qual engravidou e deu origem a mestiça e lendária, Simôa Gomes.

-- Que história de amor linda, então eles casaram?

-- Não meu caro, foi, mas atração de momento.

Mas tarde a bela jovem mestiça, “Simôa Gomes” casou-se com Manoel Ferreira de Azevedo de quem ficou viúva e dona legítima de todas as terras, a maioria coberta por cafezais. Certo dia cedinho ela acorda de bom humor, e fazia a doação de grande parte das terras para a confraria da irmandade católica.

-- Seu tempo se ainda restar um tempinho me diga, o que fizeram depois com tantas terras.

Bem Nidinho, deu-se início a construção da igreja matriz no povoado de Santo Antônio, passando a se chamar de Tapera do Garcia ou Sítio Garcia; para Vila de Santo Antônio ou Povoado de Santo Antônio.

-- Afinal quando foi que esse vilarejo passou a ser cidade?

Caro Nidinho, foi exatamente no dia, 04/02/1879; quando o Vilarejo de Santo Antônio passou a chamar cidade de Garanhuns, tendo como primeiro Prefeito eleito com 104 votos, o coronel “Antônio da Silva Souto”.

Em fim qual a data que se deve comemorar o aniversário de Garanhuns?

No dia 04 de fevereiro de 1879, o vilarejo passou a cidade pela lei que teve como autor o deputado Silvino Guilherme de Barros, só que em virtude de a câmara dos deputados estar em recesso na época a léi só foi vigorada a partir de 10 de março de 1879, portanto é essa a data que comemoramos.

FIM

MEU AMIGO MAX

Numa floricultura, havia várias espécies de plantas ornamentais, entre elas, violetas, rosa mesquita, miosótis, orquídeas e amor perfeito. E foi assim que acabei conhecendo meu amigo Max.

Aconteceu num dia agitado que todos torciam pelo nosso Brasil em plena copa mundial no ano de 2014.

Por insistência de um grande amigo, eu comprei um lindo vaso com a belíssima planta chamada Amor Perfeito, e eu fiquei fascinado, pois além da beleza da planta, ela tem um belo nome “amor perfeito”.

Eu simplesmente adorei: mas, não foi só isso que aconteceu; chegando a casa quis dar a linda planta o mais possível conforto, levei-a para o jardim fiz um buraco na Terra, tirei-a do pequeno vaso e plantei-a.

Só que, no manuseio do caule, das folhas e das pétalas, fiquei bastante irritado na área dos olhos, tendo que ser socorrido numa clínica especializada em alergias oculares, ou seja, dos olhos.

O meu drama estava apenas começando porque os aparelhos de tecnologia avançada em olhos, que tem lentes de aumento altamente potentes tinha acabado de detectar um ser minúsculo de características humanas.

E aí, vejam o que aconteceu, trouxeram de um país vizinho uma lente de aumento de imagem e som que pode ampliar um objeto em cem vezes mais do que estava sendo utilizado nessa pesquisa; e quanto a ampliação sonora eles faziam o coração de uma pulga parecer uma bomba atômica.

Com tudo isto foi possível ver nosso amiguinho com muita clareza e bom som, ao seu lado havia uma nave que parecia um charuto.

Meu amigo MAX, que foi chamado inicialmente de OVD, Organismo Vivo Detectado, não deixava nada a desejar na aparência de um homem normal, exceto pelo tamanho microscópico.

Forte e robusto, de cabelos e olhos claros, e ótima aparência, porém muito agitado, o que não é para menos. Logo os cientistas conseguiram decodificar sua língua tornando a sua voz acessível a todos. Ele se alto apresenta assim:

--- Eu sou o capitão Max, da tropa intergaláctica, saí em uma missão de reconhecimento e confesso que estou perdido.

Agora me digam o que são vocês? E o que querem? Ou preferem que eu dispare meu raio ultra paralisante do riso?

Nosso amigo minúsculo não podia nos ouvir e muito menos nos ver era o que parecia, até que um dos membros da equipe começou a debochar dizendo:

Coitadinho estamos morrendo de medo do seu raiozinho, não demorou e, começou a tremer, gaguejar e rir descontroladamente até cansar.

Passado o cômico incidente, ele nos revela que sua filha a princesa Doralice está doente e adormecida e só estará a salva quando ele voltar com o antídoto, e que precisará de um foguete para entrada na atmosfera de seu habitat que é exatamente na pequena planta de amor perfeito, chamada assim por nós humanos.

Alguns minutos depois na sala de rádio do nosso pessoal chega uma mensagem ultrassecreta nos dizendo que é do planeta Heron, a mensagem foi decodificada mais uma vez e dizia o seguinte:

Estamos com a princesa Doralice, e só a entregaremos quando tivermos a chave; ou ela morrerá.

Meu amigo MAX ficou desesperado, e só conseguimos acalmá-lo, com doses fortes de calmante para o seu peso é claro; mas sabemos que será por pouco tempo, afinal sua filha a princesa Doralice fora sequestrada, e não sabíamos o que fazer para ajudá-los.

E preciso foi acorda-lo para que nos desse pistas de como ajudar.

MAX teria uma grande batalha pela frente, mas devido ao seu tamanho microscópico eu não achava que seus problemas fossem tão grandes até que toda equipe presenciou uma espécie de sacolejada interna e sons horripilantes vindos da planta com auxílio do microscópio é claro.

MAX, nos deu as coordenadas de como poderíamos ajuda-lo e uma das opções foi reduzir um membro da nossa equipe para o tamanho dele e assim interagir melhor com os dois mundos, é claro que todas as sugestões foram para que eu aceitasse a tal experiência, eu até me esquivei mas perdi a votação.

Meu amigo MAX usou um de seus aparelhos e eu fui reduzido em frações de segundos, que são como horas para eles, mas isso é outra história. Enfim, consertamos sua nave, ou seja, o foguete e o ajudamos a encontrar o antídoto. Ele seguiu sua viagem muito contente e feliz pois irá encontrar-se com sua amada Beatriz e sua filha Doralice a princesa. E quanto a mim, tive que passar dois dias nas folhas da plantinha chamada amor perfeito e só depois voltei a minha estatura normal, só espero que meu amigo MAX esteja bem com sua Beatriz, e sua filha a princesa Doralice esteja a salva. Sabemos que há muitos mistérios neste universo de Deus, e gostaria muito de velos outra vez, quem sabe?

FIM

Cirurgia Espiritual

(Experiência pessoal de desdobramento)

Como encontrar palavras para descrever uma passagem tão real. Uma cirurgia espiritual. Após fazer uma prece, deitei-me e adormeci, e não sei as quantas horas da madrugada eu me vi brincando com crianças, de repente vi o mar por cima de mim que dividia o espaço entre a Terra e o céu. Era uma visão maravilhosa, um firmamento azul e gelatinoso como se tudo isso fosse uma piscina suspensa, e no fundo um jovem nadava em linha reta... Grandes aranhas se agarravam a esse céu gelatinoso aterrorizando o povoado, mas em seguida apareceram criaturas aladas “grandes pássaros que devoravam as arranhas, mas no momento que atacavam caiam sobre a paisagem e moradias dos humanos causando grandes estragos”. Eu estava atormentado e também curioso foi aí que fui acalmado nos braços de irmãos, que começaram um processo de cura. Eram dois o que me segurava nos braços, e o outro que derramava um liquido pastoso como se fosse plástico derretido de cor azul celeste sobre minha barriga fazendo um grande orifício ao redor do meu umbigo, enquanto que o segundo enfiava o dedo por baixo da camada de pele da minha barriga e retirava uma lagarta branca de olhos pretos de aproximadamente três centímetros. O mesmo que retirou a lagarta a colocou em minha mão e ela se dissolveu no mesmo liquido azul celeste. Vi que o buraco ao redor do meu umbigo fechou cicatrizando-se rapidamente. Eu acredito sem dúvida que foi uma intervenção cirúrgica espiritual.

RTAS PARA MEU PFIM

SONHOS

E

DESAFIOS

SUMÁRIO:

Apresentação

Sonhos e Desafios

Os netos do coronel

O sonho de Mariana

Manoel volta do roçado

O bilhete

A fuga

Uma semana depois

Na selva de pedra

Venda do sítio

Mudança de hábitos

A casa de Zélia

Cinira aconselha

O tempo urge

Mariana faz bico na lanchonete

Do outro lado da rua

O grande encontro

Na casa de Marcio

Mariana conta a verdade

Dois meses depois

Sete anos depois

Um serviço sujo

A ameaça

A invasão

Jornal da manhã

No hospital

A caminho do centro espírita

A reunião

A viagem

Vídeo tape

Sonho esclarecedor

Agreste Pernambucano

Celular indiscreto

Preparação para o casamento

Por uma razão (Musica)

Primeiro neto de Marcio

A cura de Marcelino

Comemoração de Natal

Apresentação:

Amigo leitor.

Estou feliz que este livro se encontre agora em suas mãos, pois tenho a intenção de promover, uma agradável e proveitosa leitura. Esta obra é um romance melo dramático, pois, descreve a vida de pessoas simples em três gerações, onde você leitor, poderá sorrir, amar, comover-se, sonhar e até ficar maravilhado com os resultados.

Obs. Qualquer semelhança de nomes das personagens, e ou lugares, é pura e simplesmente coincidência, ou recordações das vivências de cada um.

Citação:

Ninguém passa na vida do outro por acaso: (Chico Xavier)

PROLÓGO

Sonhos e Desafios

Foi na fazenda, no Agreste Meridional a vários quilômetros da capital Pernambucana, nos meados de 1945 onde começou essa história. Havia um coronel conhecido pelo nome de Onofre Salgado, era um fazendeiro, encrenqueiro e temido por muitos pelo seu carracismo. Ele tinha muitos empregados que lhe serviam, e a maior parte deles eram escravos. A produção principal era o cultivo da cana de açúcar e da mamona, mas também era bem expressiva a cultura da laranja e algumas hortaliças; que eram colhidas e vendidas para os atravessadores da cidadela mais próxima. Outra atividade comum e bem defendida pelo coronel era a pecuária que lhe deu muito prestígio social.

Ele era viúvo e muito solitário, falava enquanto dormia, e as vezes até saía pela fazenda ainda dormindo e resmungando da vida. Seu único filho chamava-se Onofre Junior, um homem de 34 anos, solteiro de olhos claros e cabelos lisos por sinal muito trabalhador e dedicado aos interesses do seu pai, mas que às vezes, aproveitava-se de sua ausência para relacionar-se com as escravas, mas temia que seu pai descobrisse. Certa feita, sem o conhecimento de seu pai ele pegou uma das criadas da fazenda; ali mesmo nas proximidades do armazém, onde se colocava a colheita, era o lugar costumeiro de seus encontros.

José o vaqueiro, com 52 anos era o capataz daquela fazenda; desde os 30 anos de idade servia ao Coronel. Certa feita enquanto enciumado, ele pronunciava baixinho:

Caso Otília:

─ (Esse meu patrão não tem jeito, já é a segunda criada que ele pegou aqui na fazenda: a primeira foi a Joana; e agora Otília: fora as que eu não sei. Acho que tenho que chamar o pai dele antes que seja tarde demais...)

─ Coronel, Coronel! Gritou José.

─ O que aconteceu? Perguntou o Coronel.

José começou a tomar fôlego e depois comentou.

─ É a, Otília Coronel, ela está com o patrão lá no armazém, e a coisa é séria.

─ Cale a boca seu maldito e me dê logo um cavalo. (Depois foi até o armazém para conferir, e ficou muito decepcionado).

─ Júnior venha cá! (Gritou o seu pai).

Temendo o que podia acontecer a Otília; respondeu Junior.

─ Já estou indo pai, eu posso explicar.

─ Vá para casa Junior, depois falo com você.

─ Quanto a você José, leve esta mulher para o celeiro e dê dez chicotadas, e não se fala mais nisso, morreu Maria preá.

─ Está certo, como o senhor quiser. (Respondeu José): E José, obedecendo às ordens do coronel, levou Otília para o celeiro e deu-lhe dez chicotadas; podiam-se ouvir os gritos de muito longe, mas ninguém era louco o bastante, para enfrentar o coronel.

Meses depois, Otília percebeu que estava grávida, e procurava a todo o custo, esconder de todos, mas um dia foi descoberta pelo seu patrão, que ficou enfurecido.

Onofre Junior, seu filho, tentou impedir a brutalidade de seu pai, mas não logrou êxito, e ela foi embora de lá para sempre, porque o Coronel Onofre Salgado, não admitia um neto bastardo, e muito menos uma escrava, na condição de nora. Meses depois... Otília cheia de orgulho e obstinada em criar seu filho, viajou mais de cem quilômetros, distanciando-se cada vez mais, daquela fazenda e das lembranças e mágoa que passou. Ela foi viver na companhia de um homem que á maltratava; sendo guerreira até o fim, para criar e proteger seu filho Manoel, e com certeza nunca se esquecerá do pai do seu filho.

Ano 1945

Nascimento de Zulmira

Naqueles dias, em um convento, uma das freiras apareceu grávida, de pai ignorado, pois de tempo em tempo elas saiam com as crianças para piquenique na floresta e naquela ocasião ela havia se deitado com Onofre Junior, mas queria levar esse segredo para o túmulo. No início ela tentou a todo custo esconder, mas quando foi descoberta, não houve piedade e a expulsaram daquele convento indo morar em uma cabana abandonada de um velho lenhador e, nove meses depois, ela deu a luz a uma filha linda, que recebeu o nome de Zulmira Insosso.

A menina cresceu, e sua mãe como predestinada, resolveu voltar para outro convento, onde foi ouvida e perdoada pela madre superiora; e para isso, deixou a criança, na casa de seu Zeca e de dona Cícera; um casal muito feliz que vivia no sítio em uma humilde casinha de sapê; e graças ao trabalho conseguem criar Zulmira. Com todos os mimos possíveis.

Ano 1946

Nascimento de Manuel

Nove meses depois, Otília trabalhava de sol a pique para se manter e ainda tinha que tirar as botinas de seu companheiro para ter direito a um prato de comida; ela que carregava no ventre, um filho, neto bastardo do maior fazendeiro daquela região, em fim ela dá a luz; a criança tem a cara do pai, e recebe o nome de: Manoel salgado.

Os netos do coronel

Manoel cresceu saudável, na simplicidade e companhia de sua mãe Otília, ela veio a óbito no ano de 1961 com apenas 41 anos de idade vítima de uma hemorragia interna, ele já estava com quinze anos de idade, e teve que aprender a se virar sozinho.

Certa feita Manuel um homem robusto de cabelos loiros e lisos com muita disposição, teve o prazer de encontrar, em seu caminho para a roça, um senhor chamado Zeca, esposo de dona Cícera que tinha como filha adotiva uma jovem por nome Zulmira Insosso, o casal procurava unir-se a outros moradores para produzirem mais, inclusive comprar terras, para criarem bichos.

E a ideia deu certo, essa união foi na verdade uma mão na roda, Zeca comprou terras, arados, sementes, e alguns bezerros, e os entregou a Manoel, na qualidade de meeiro. Um ano depois, Manoel resolveu botar preço na parte de Zeca e não fecharam negócio e sim construíram uma nova casa e um armazém.

E foi assim que Manoel conheceu Zulmira; ambos são filhos de Onofre Junior, por tanto os dois são irmãos, mas não sabiam. Estavam apaixonados e não perderam tempo, casaram-se e ela se tornou uma excelente dona de casa e Manoel um bom esposo.

Eles tiveram três filhos saudáveis, dos quais sobreviveram apenas dois: Cinira e Mariana, que por sinal são muito bonitas e já estão na adolescência.

Quanto ao terceiro o Joaquim teve a vida interrompida por uma picada de cobra, aos cinco anos. Suas irmãs e seus pais ficaram muito abalados, mas com o tempo se recuperaram e tocaram a vida para frente.

Cinira e Mariana aos quatorze e quinze anos de idade, andam vários quilômetros, até chegarem num grupo escolar, onde estudam desde crianças, e apesar da distância, graças à força de vontade que elas têm, aprenderam a ler e escrever com facilidade; porém, vivem cansadas, porque elas não têm com quem brincar, conversar ou namorar; era de casa para a escola e pronto.

Anos depois

Um dia cedinho, as meninas ainda estão dormindo, enquanto que Zulmira com um lenço amarrado na cabeça e um abano na mão acorda a todos, pois ela já está de pé na cozinha, preparando o café, e o delicioso pão de milho, ou seja, o cuscuz. E quando já está pronto, lá vem Manoel espreguiçando-se tomar o café. Logo depois ele calça as botas, dá uma olhada pela janela, respira forte e diz:

─ Com esse cheiro de cuscuz até um morto levanta, o teu cuscuz é bom demais visse, é de melhor qualidade... (Zulmira franze a testa olhando para Manoel.)

─ Estou te estranhando visse, essa num é a primeira vez que tu provas o meu cuscuz.

─ Sabe o que é Zulmira? É que cada dia que passa ele fica mais gostoso.

─ E o café tu já fizesse Zulmira?

E ela responde irônica.

─ Não era pra fazer? Quando tu vinhas com a mandioca, eu já ia com o beiju.

Caladinho Manoel termina de tomar o seu café, e depois dá as tarefas das filhas.

─ Zulmira eu vou bater feijão e limpar os matos. Fala para as meninas tirar o leite da fogosa, dá o de cume dos porcos e mi pras galinhas, visse? Volto lá pra zonze e meia. Ele coloca o chapéu na cabeça e sai.

─ Vai com Deus! Coitado do Manoel, Meninas! Acordem está na hora de tomar o café, o cuscuz já está na mesa.

─ Oh mãe! Ainda estou com sono, só dormi um pouquinho. Retrucou Cinira.

─ É mãe, o sol ainda nem saiu, e agente nem vai pra escola... Hoje é sábado, esqueceu? Defendeu Mariana.

Zulmira, impaciente se dirige até o quarto das meninas e vai perguntando aborrecida.

─ Vocês vão levantar ou não? Elas levantam depressa e pedem a benção de sua mãe.

─ Deus abençoe minhas filhas, o pai de vocês já foi pra roça e vocês têm que tirar o leite da fogosa: cuide logo meninas, senão o café vai esfriar.

Elas sentam pra tomar o café e fazem um comentário.

─ Mãe, o cuscuz da senhora é bom mermo:

Cinira corrige sua irmã,

─ Mermo não! Mariana. Mesmo.

─ Está vendo mãe? Ela já começou, mas eu falo como eu quero tá, mermo, mermo, mermo.

Enquanto isso Zulmira, bota ordem na casa e ralha com as meninas.

─ Vamos parar com essa briga, por favor! Onde já se viu!

Horas depois

─ Nós já tiramos o leite da fogosa, demo mii pras galinhas e varremo o terreiro, e o dia parece que nunca passa.

─ Cinira minha irmã, olhe já é a quarta vez, que leio a mesma revista, até já decorei, eu não sei mais o que fazer, já estou cheia dessa vida, não acontece nada por aqui.

Folheando uma revista Cinira responde:

─ É verdade Mariana, como é triste viver nesse lugar, um dia atrás do outro sem nada para fazer.

─ Hoje eu tive um sonho, mas não estou conseguindo me lembrar... Engraçado!

Muito curiosa Cinira pergunta:

─ O que é engraçado Mariana?

─ Já estamos crescidinhas e nem um namorado nós temos; aqui só tem roça e bicho:

─ Mariana tu nem imagina! ...

─ O que? Cinira, que eu não imagino hem?

─ Ah! Tu nem vai acreditar, deixa pra lá...

─ Isso não é novidade visse, eu tenho até de sobra.

─ Também não precisa exagerar Mariana, além do mais você é mais velha do que eu.

─ Acho melhor, nós parar com essa prosa, porque o pai vai chegar, a qualquer momento pra almoçar visse.

O sonho de Mariana

Mariana se lembra do sonho e começa a contar pra não esquecer.

─ E foi assim ...

─ Espere aí minha irmã, esse sonho quem sonhou fui eu tá?

─ Acho que a gente sonhou o mesmo sonho, não foi Cinira! Estranho não é?

─ Acho até que isso não é por acaso, nós tinha escola decente, e não aquela escola de pobre, a gente podia namorar, e o pai arrumava um trabaio.

─ Cinira rindo da irmã corrige mais uma vez, trabaio não Mariana, é trabalho, e a nossa escola é de pobre, mas ensina direito.

─ Minhas filhas, venham me ajudar, com o almoço do seu pai.

─ Já vamos mãe, Cinira; melhor agente ajudar a mãe visse: E as duas, seguem para cozinha. E Zulmira não fica calada.

─ Acho que devo saber o que vocês conversam tanto, tenho o direito de saber:

─Sim mãe, não é nenhum segredo respondeu Cinira: Eu e a Mariana tivemos o mesmo sonho, que o pai levava agente, pra morar na cidade, e era muito bom.

─ É verdade mãe, nós sonhamos mesmo. Afirmou Mariana:

─ Meninas parem com essa ideia maluca, seu pai pode bater em vocês, sabem como ele é.

─ Mas mãe, a gente vai passar nossa vida toda aqui, nesse fim de mundo? Indagou Mariana.

─ Minhas filhas, eu não posso, porque já estou velha e tenho seu pai pra cuidar, mas pra vocês, é claro que quero coisa melhor. Mais ainda estão muito novas.

─ Insiste Mariana chorando, mãe, já estou com 18 anos.

─ E eu já vou fazer 17 e não conheço nadíca de nada. Afirmou Mariana.

─ Tá bom, eu vou falar com seu pai, e por falar nele, calem a boca, que ele chegou.

Manoel está de volta do roçado!

─ Porque demorou tanto Manoel? Perguntou Zulmira com ar de preocupação.

─ Acho que foi a farta de fome, porque o cuscuz é muito forte e da sustança.

─ Meu véi, isso é um elogio? Perguntou Zulmira.

Ele a interrompe bem-humorado.

─ Véi é a estrada.

─ Vejo que além da farta de fome, alguma coisa tá lhe avexando, você não quer falar pra mim?

─ É verdade Zulmira, estou preocupado, com a farta de chuva na plantação, a situação tá feia visse?

─ Zulmira o conforta dizendo. Se acalme Manuel, não se avexe não, graças a Deus até agora num fartou nada, não é mesmo?

─ Você tá certa, temos é que bota as mãos para o céu visse.

Cinira e Mariana ouvem toda conversa, e ficam com pena dos pais, ao mesmo tempo achando que eles, são bobos em permanecer ali.

A mesa é posta, e o café quente com o cheiro de cuscuz, invade a casa.

─ Manoel, essa noite eu sonhei, que agente ia morar na cidade: Disse Zulmira.

... Manoel está engasgado, mas ela continua...

─ E agente era muito feliz (Batendo nas costas dele)

─ Diacho! Que sonho mais besta mulé; os bicho ia morrer de fome, além disso, quem ia cuidar da roça? Não quero mais falar nessa bobagem, morreu Maria preá.

Zulmira ficou muito triste, porque sabe que Manoel é autoritário e irredutível, não volta atrás.

Mariana e Cinira muito decepcionadas com o que acabaram de ouvir terminam de almoçar, e cansadas daquela rotina, foram para o quarto.

─ Minha irmã, se agente esperar que o pai resolva ir para cidade, vamos morrer aqui no caritó. Disse Mariana.

O bilhete

─ Agente podia fugir, e quando tiver muito dinheiro, vinha buscar eles, nem que fosse à marra. Sugeriu Cinira.

─ Gostei visse, até que tu, num tem nada de besta vamos escrever um bilete, e depois pegar as coisa, vamos fugir bem cedinho, antes de pai e mãe acordar. A final agora somos maiores de idade. (Disse Cinira.)

Após escreverem juntas, elas leem o bilhete em voz baixa:

─ Desculpem, mas temos que ir embora, em busca de um sonho, que é nosso e também de vocês, vamos ficar com muita saudade, mais agüente que vamos dar notícia. (Continuam lendo), Mãe e pai abençoem a nós duas, e dê lembrança a padrinho Zeca.

A fuga

─ Antes de o sol raiar; vamos pegar nossas coisas, sem fazer zuada, na estrada agente pensa em alguma coisa. Agente pode pegar o primeiro pau de arara, ou aquele caminhão que passa, uma vez por semana, sorte que o dia que ele passa, é hoje. Vamos lá, e que Deus, nos abençoe num é Cinira?

Mais tarde, Zulmira acorda, para mais um dia de rotina, apronta o café, e cantarolando, alegre como sempre.

─ Acorda ta na hora de tomar o café Manuel. Meninas acordem venham me ajudar, hoje é dia de rezar esqueceram? Já é tarde, e elas nem se quer responderam, o que houve? Pensou Zulmira um pouco preocupada.

Ela chama Manuel e juntos eles resolvem ir até o quarto, e eles ficam surpresos, quando encontram, o bilhete deixado por suas filhas.

─ Oxente, que bilhete é esse, Manoel vem até aqui meu véio.

─ Carma Zulmira, carma. Os dois começaram a soletrar o bilhete, até adivinhar o que está escrito.

─ E agora, nossas fia foi embora.

Uma semana depois

─ Manoel você tem coragem, de vender tudo, e ir embora daqui atrás de nossas fia?

─ Olhe Zulmira, eu pensei que nunca ia abandonar nosso sítio, mas não sabia que nossas fia, ia fazer tanta farta visse? Vou procurar o compadre Zeca, agora mesmo, e pedir que bote preço no sítio.

─ Manoel precisamos esperar uns dias, pelo caso delas voltar.

─ Vamos esperar duas semanas, e depois, vamos também, o dinheiro que nós conseguir na venda do sítio, e na vaca, nós começa qualquer coisa na cidade.

Na selva de pedra

Enquanto isto, as meninas já estão muito longe, na selva de pedra.

─ Você não acha Cinira que nós fizemos mal, em deixar a mãe e o pai, lá no sítio sozinho?

─ Agente não errou, porque vamos voltar para buscar eles, um dia quando nós trabalhar, e ganhar muito dinheiro.

Elas passam duas semanas pelas ruas, sem terem onde ficar:

─ Você tá certa, mas agora é melhor agente, procurar um lugar para trabaia, já sei, não precisa me acorreger, é trabalhar. Vamos lá, não agüento mais ficar nas ruas. Disse Cinira.

─ Então vamos. Encorajou Mariana.

Primeira casa, primeira chance, de trabalhar.

─ Moça sabe quem está precisando, de uma ou duas pessoas para trabalhar? Podemos fazer qualquer coisa, porque ainda não temos a onde morar.

Meire olha para as duas, de cima a baixo e...

─ Que sorte a minha, estava mesmo procurando alguém, que quisesse morar aqui em casa, e ganhar muito dinheiro; Roby venha cá.

Com um gesto malicioso, Roby responde:

─ O que foi amor?

E quando vê as meninas! Faz um ar de admiração.

─ Ufa! O que é isso? Caiu do céu.

─ Ei mocinho vá com calma, elas não são para o seu bico, e não precisamos mais nos preocupar, essas meninas estão dispostas a trabalhar.

─ Vamos, meninas eu mostrarei os quartos, que de agora em diante serão seus.

─ Queremos saber, o que vamos fazer, e quanto vamos ganhar. Não se preocupem com isso meninas, agora tomem banho, e troquem de roupa, vocês vão ficar muito bem aqui. Meire tem um plano em mente.

Espera que as meninas saiam e logo faz uma ligação...

─ Alô Dr. Maciano, aqui é a Meire.

─ Já avisei que não deve ligar para mim, espero que seja importante:

─ Dr. Maciano, tenho uma encomenda, e sei que o senhor vai gostar de saber o que é, mas, vai lhe custar muita grana:

─ Fale logo, você sabe que o dinheiro não é problema para mim.

─ Eu tenho aqui duas meninas lindas, do jeito que o senhor gosta.

─ É esse o assunto que você... Você sabe que eu posso ter as mulheres que eu quiser.

─ Calma; Doutor, o melhor ainda está por vir, as garotas são virgens: coisa rara hoje em dia, e lhe garanto que você nunca viu melhor, mas estamos precisando de um adiantamento.

─ Isso é muito bom, vou mandar a grana por Tonho meu segurança, mas quero vê-las logo, para ver se aprovo o que você falou do produto.

─ Claro doutor, estaremos esperando. Assim concordou Meire.

Venda do sítio

Enquanto isso no Sítio...

─ Zulmira, já faz três semanas, que as meninas, fugiram de casa, nós já vendemos a terra e os bichos, só resta nos ir embora também. Resmungou Manuel.

Zulmira com cara de choro e muito abatida.

─ Manoel pegue as malas, e pé na estrada, hoje é domingo e vai passar o pau de arara.

Depois de viajarem por muitas horas chegam numa cidade e começam a procurar as filhas, e depois de algumas horas interrompem a busca. Mas logo se recuperam, e reiniciam a procura.

Chegando numa cidade próxima da capital, se instalam em uma pensão. Mas nessa procura, desesperada pelas as filhas, são alvos de ladrões, que os observa, e num momento oportuno lhes roubam tudo. Então começam a sofrerem, todo tipo de dificuldades, para sobrevirem em cidade desconhecida.

─ Zulmira, já tentei de tudo pra arrumar um trabaio, mas aqui ninguém planta, nem colhe, nem cria bicho. É só o que sei fazer, e aqui tamo passando fome, enquanto lá no sítio, nós temos tanta fartura;

─ Vamo sair e pedir alguma coisa pra comer, quem sabe nós encontra nossas fia?

Mudança de hábitos

Mariana e Cinira aproveitam a vida boa.

─ Nós temos muita sorte, já estamos aqui há dois meses, temos tudo do bom e do melhor, não estamos trabalhando em nada, ô vida boa... A vida que eu sonhei... Disse Cinira.

─É verdade já conhecemos o mar, cinema, teatro sem falar nas roupas que ganhamos e tudo que nos ensinaram...

Como falar direito, sentar bem a mesa, e comer de talher e também como se vestir.

─ Roby e Meire, são mesmo pessoas boas de verdade, só não entendo porque não deixam agente, escrever pra nossos pais. Indagou Mariana intrigada.

No mesmo instante, Roby e Meire conversam, sem perceberem que as meninas escutam toda conversa.

─ Elas são lindas não é mesmo? São sim, e o melhor é que são virgens.

─ E burras, o que quer dizer, que vamos ganhar muita grana, e em dólares.

─ Merecemos uma comemoração, mas antes vamos ter uma conversa com nossas minas de ouro...

Eles riem.

─ É o seguinte, meninas. Até agora não pedimos nada a vocês, mas, chegou a hora de colaborarem um pouco, temos um trabalho especial para vocês.

─Um trabalho? Perguntou Mariana.

─ Sim, um trabalho, por quê?

─ Vocês vão sair, com um homem muito rico, e vão ganhar muito com isso.

─ Ele já deu até um adiantamento, ou vocês acham que essas mordomias caíram do céu, espero que não nos desaponte ok?

Mariana e Cinira concordam no momento, mas desconfiadas e com medo, resolvem fugir.

─ Mariana, vamos pegar nossas coisas, e dar o fora daqui agora mesmo.

─ Eu concordo com você, mas acho que devemos sair pela manhã, é mais seguro.

─ É, você está certa Mariana, sairemos de manhã.

Na manhã seguinte elas fogem para longe, sem deixar pistas, e com medo de serem perseguidas, ficam dormindo em abrigos.

Durante o dia trabalham no sinal de trânsito, como flanelinha.

─ Mariana, essa não é a vida que sonhamos, acha melhor procurar emprego em alguma casa, pelo menos teremos onde comer e dormir sugeriu Cinira.

─ Você tem razão, mas desta vez vamos ter cuidado, pra não cair em outra cilada, afirma Mariana.

─ Foi realmente uma cilada, mas nós é que saímos ganhando não foi Mariana?

─ Mas nós só ganhamos o que usufruímos e aprendemos.

─ E você acha pouco Cinira? Nós trouxemos muitas roupas, e nossas bolsas não estavam vazias. Agora até o relógio já nos roubaram:

─ Agora estou pensando, na mãe e no pai, como será que eles estão?

─ Sabe o que eu acho Cinira? Que eles estão lá no sítio, cuidando das vacas, das galinhas, do roçado e até esquecem-se de nós.

─ É talvez você esteja certa! Mas se não estiver? Se mãe ou pai estiver doente, ou passando fome com essa seca, lembre-se que os bichos já estavam morrendo.

─ Espere um pouco minha irmã, já andamos por demais e ainda não pedimos emprego, em nenhuma casa, por quê?

─ Cinira minha irmã, eu quero o melhor para nós, por isso estou sendo muito cuidadosa com a escolha, de nossos futuros patrões. Tá vendo aquela casa de onde saiu aquele rapaz?

─ Sim estou vendo a casa, e o rapaz por quê?

─ Vamos ficar aqui um pouco, olhando para aquela casa, olhando quem chega, e quem sai, e depois iremos até lá, ouviu Cinira.

Cinira teme que Mariana desista de pedir emprego, e começa a rezar baixinho;

─ Jesus nos ajuda encontrar o nosso destino, eu quero tanto voltar a estudar, ter uma casa com um quarto para mim, quero ajudar as pessoas em minha volta, ajudar meu pai minha mãe, e minha irmã. Mas se o senhor tem outras pessoas, para ajudar nesse momento, eu entenderei do fundo do meu coração, eu te amo Jesus e continue olhando por nós, amém.

A casa de Zélia

Nesse exato momento no interior da casa, uma senhora muito aflita a rezar:

─ Senhor há muito tempo, fiz um pedido e fui atendida, foi quando ainda era solteira, e engravidei do Sandrinho, que por sinal era muito doente, lembro-me que pedi ao senhor em oração, que se fosse melhor para mim, casar-me com Adriano, pai dos meus filhos, que o senhor me desse um sinal, e o senhor me deu. Lembro-me também que depois do meu casamento quando nasceu a nossa Beatriz. O Adriano começou a beber muito. Mas o senhor o ajudou a deixar o vício. Só que agora senhor, parece que tudo está pior, nossos filhos estão crescidos, mas não há emprego, o Sandrinho está se drogando, e o Adriano voltou a beber muito, estou desesperada senhor, não sei mais o que fazer. Por favor, ajude-me, dê-me um sinal.

De repente a campainha toca. Zélia atende e fica pasmada, com os olhos fixos nas meninas, apenas ouvindo.

─ Minha senhora, boa tarde!

─ Meu nome é Cinira, e esta é minha irmã Mariana, nós viemos de longe e estamos à procura de emprego, será que a senhora pode nos ajudar? Somos dispostas para o trabalho, qualquer coisa serve, baba cozinheira, faxineira, também sabemos tirar leite de vaca.

─ É que precisamos trazer nossos pais para cidade, faz muito tempo que não os vemos, por favor, fique pelo menos com uma de nós, e já estará nos ajudando muito. Completou Mariana.

Zélia como uma providência do alto, já tinha por certo ficar com as meninas.

─ Meu nome é Zélia, sabe que gostei muito de vocês? São educadas, de boa aparência, e sei que realmente estão precisando trabalhar. Então vamos ao que interessa; eu estou mesmo precisando de alguém, para me ajudar aqui em casa, mas realmente, só vou poder ficar com uma, porque minha família é grande, e estamos passando por uma crise, meu marido está desempregado, e seja qual for de vocês duas que ficar aqui, terá que ser muito paciente.

─ Dona Zélia, a senhora é muito generosa, ficando com minha irmã Cinira.

Se referindo á Cinira, diz:

─ Tenho certeza, que ela será, uma ótima patroa.

─ Mas... Mariana e você?

─ Não se preocupe comigo Cinira, eu ficarei bem, sabendo que você vai estar bem, mais antes quero anotar o seu novo endereço.

─ Ah! Sim, anote minha querida, é Rua do Espírito Santo, 100 - Bairro: Novo São Paulo.

─ Obrigada já anotei. Assim que eu arrumar onde ficar, eu avisarei certo?

─ Não se esqueça de mim tá! Balbuciou Cinira.

─ Eu amo você minha irmã. Responde Mariana.

As irmãs, chorando se despendem.

─ Entre Cinira venha conhecer a família, este é meu marido Adriano, e sussurrando em seu ouvido diz, ele não move uma palha para melhorar a situação, estamos vivendo com economias, do seu último emprego.

─ Adriano por sua vez, está com uma garrafa na mão, e quando vê Cinira foi como se a bebida, perdesse o gosto.

─ Essa bebida está ruim mesmo, está com gosto de café azedo. Reclamou Adriano.

─ Começou cedo não foi? Já vai se afogar na bebida, não é? Desabafa Zélia.

─ Deixa-me em paz mulher, é só uma dose.

─ É só uma dose, sempre diz a mesma coisa, mas acaba tomando a garrafa toda.

─ É isso ai mulher, eu tenho direito.

Cinira por sua vez, procura não se envolver, e vai fazer seu serviço.

─ Adriano você não tem jeito mesmo, gosta de machucar as pessoas que te amam, não é? Já pensou que exemplo você está sendo para seus filhos? Neste momento sua filha Beatriz, chega da escola.

─ Pai, eu já estou, de saco, cheio, de ouvir tanta discussão, todos os dias é a mesma coisa, vocês brigam, depois se trancam no quarto, eu não entendo!

─ Filha o que é isto? Respeite seus pais disse Zélia.

─ Desculpe mãe, não tive essa intenção, mas vocês já pararam para pensar em nós? Vocês por acaso sabem o que fazemos, com quem andamos, se estamos namorando, ultimamente, nem estudar nós podemos nessa casa, com todas essas brigas.

Já com um semblante horrível Adriano levanta a voz e grita com a filha.

─ Veja como fala garota, eu ainda sou seu pai...

─ Desculpe pai. Beatriz segue para a cozinha e esbarra em Cinira. Quem é você?

─ Eu sou a Cinira, sou a nova empregada.

─ Que coisa boa, meu nome é Beatriz, será que você vai suportar esse barulho, por muito tempo?

Cinira fica sem graça...

─ Onde eu morava não suportava o silêncio, mas não se preocupe isso é uma fase, se Deus quiser logo passa.

─ Tomara que sim, quantos anos você tem?

─ Tenho quinze, mas logo serão dezesseis, e você?

─ Eu já tenho dezesseis. Você já conheceu meu irmão?

─ Ainda não, cheguei há pouco.

─ Ele é um cara legal, têm dezessete anos, você vai gostar dele com certeza.

Na hora do almoço:

─ Vejo que cozinhar você sabe. Esta salada está uma delícia.

Ela fala toda feliz:

─ Bondade da senhora a Beatriz também ajudou.

Adriano fala ainda de boca cheia.

─ Querida, eu andei pensando... Prometi a Deus se arrumar logo um emprego não vou mais beber sei que quando agente realmente quer tudo é possível, tenho certeza que essa crise vai passar. (Dar um beijo na esposa).

─ Meu Deus! Espero que você esteja falando de verdade, meu querido, vou fazer tudo para te ajudar. (Retribuindo o beijo)

(Beatriz sai da mesa e Cinira acompanha):

─ Já estou satisfeita, vou para meu quarto, com licença,

Adriano termina de almoçar:

─ Não se preocupe, arranjarei um emprego hoje mesmo, e tudo vai melhorar se Deus quiser! Posso sentir que meu emprego já foi preparado.

─ É o mínimo que você, deve fazer, meu querido. Respondeu Zélia aliviada.

─ Querida, vai me desejar boa sorte?

─ Com certeza, te desejo toda sorte do mundo, e que você sempre acredite que vai conseguir.

─ Sandro chega a casa e vai para seu quarto. Meu; esse bagulho é da hora;

─ Beatriz entra no quarto de Sandro: ─ A mamãe vai acabar descobrindo!

─ Se você contar, não fale comigo...

─ Meu DEUS! Eu não estou, mas reconhecendo você meu irmão... Sandro muito perturbado começa a chorar e diz:

─ Desculpa, eu não queria dizer isso, eu preciso de você, me ajuda? Ajuda-me a sair dessa vai? Eles ficam abraçados.

─ Ah! Sandro, meu irmão, eu gostaria muito de te ajudar. Diz-me como posso e te ajudarei? Mas na verdade, quem pode te ajudar é você mesmo.

─ É eu sei, mas fica comigo, mais um pouco.

─ Está bem, mas procure se acalmar ok?

─ Ai meu Deus é nessas horas que tenho que ser mãe, pai e irmã

─ Sandro você já conheceu a Cinira? A nova empregada? Ela é tão bonita.

─ O que, empregada? E nós estamos em condições de ter empregada? Você deve estar brincando?

─ Não tô não. Foi ideia da mamãe, mas ela é muito legal, deve está terminando de arrumar a casa agora.

─ Vou até a cozinha beber água e aproveito para conhecê-la.

Sandro ao chegar à cozinha, fica extasiado com a beleza de Cinira. Os dois se olham, como se já se conhecessem há muito tempo e ficam com o olhar fixo por algum tempo.

─ Oi! Como é seu nome? Espere não me diga, vou adivinhar seu nome?

─ Não vai mesmo. Meu nome é Cinira. E o seu?

─ Meu nome é Sandro. Mas sou um bad boy; mas não precisa ter medo, não sou tão mal assim. Só não estou bem nos estudos e nem sei o que fazer para mudar algumas coisas na minha vida. Você gostaria de sair para tomar um sorvete comigo?

─ Um sorvete eu adoraria! Mas não sei se devo ir, afinal acabamos de nos conhecer.

─ Não se preocupe, minha mãe é gente boa, não vai brigar com você. Pode confiar.

─ Se você está dizendo, vou confiar. Espere um pouco só vou me arrumar, não posso sair assim. Vou pentear os cabelos e colocar uma roupa melhor, sem esquecer-me do batom é claro.

─ Poxa! As mulheres são todas iguais mesmo, vamos logo, a sorveteria é logo aqui na esquina, não precisa isso tudo não.

Eles chegam à sorveteria, bem alegres parecendo até que já se conheciam há muito tempo, enquanto eles conversam e ri, o dono da lanchonete parece muito aflito e conversa com eles.

─ E aí está gostando do sorvete?

─ Uma delícia! Sempre sonhei, em tomar um sorvetão deste.

─ Você fez uma ótima escolha, como se chama mesmo esse sabor?

─ É flocos... (Sandro ainda falava quando seu Irineu o dono da lanchonete o interrompe).

─ Desculpem meus amigos se não estão sendo bem atendidos. É que hoje o dia não está nada fácil para mim.

─ Não se preocupe senhor estamos bem servidos não é Sandro?

─ Claro seu Irineu, está tudo ótimo, eu com uma garota linda dessa, e tomando um delicioso sorvete. Estou no céu.

Cinira fica vermelha com o elogio de Sandro, e lhe sorrir encantadoramente. Mas no instante volta sua atenção para seu Irineu, por vê-lo tão angustiado.

─ Desculpe-me, mas porque o senhor está tão aflito? Podemos fazer alguma coisa para lhe ajudar?

─ Muito obrigado por sua atenção, mas não sei se pode me ajudar, o problema é muito sério mesmo. Acho até que sou o culpado de tudo.

Cinira vê sua preocupação e insiste em lhe ajudar, e seu Irineu chora muito mesmo sem conhecê-la. Ele sente uma grande confiança naquela jovem e abre seu coração.

─ Sabe minha filha, como você e Sandro são jovens, acho que podem me entender. O problema é com meu filho, eu o amo muito e daria minha vida por ele, mas estou vendo ele, se destruir aos poucos e me sinto de mãos atadas, acho que falhei como pai, nunca tive muito tempo pra dedicar a meu filho, a mãe dele morreu, ele ainda era um bebê, e eu tive que ser pai e mãe, e ainda trabalhar para podermos sobreviver. Agora ele está, com dezoito anos, e estamos cada dia mais distante, eu acho que ele está se envolvendo com drogas. Isso é a pior coisa para um pai.

Sandro fica meio sem palavras, pois sabe muito bem do que seu Irineu está falando, e chama Cinira.

─ Vamos nessa, acho que minha mãe já está preocupada com a gente.

Mas Cinira preocupada com seu Irineu, nem escutou o que ele falou. E continua a conversa com seu Irineu como se estivesse conversando com seu pai, e aconselha seu Irineu a dar mais atenção e amor, que só assim ele vai conseguir salvar seu filho do pesadelo, que são as drogas.

Cinira aconselha

─ É que lá do lugar de onde eu vim, os pais costumam conversar muito com os filhos e fazem tudo juntos com muito amor, apesar de sermos da roça, o que não falta na minha vida é o amor e carinho de meus pais, o que eu acho muito importante na vida de um filho. Não é verdade?

─ Você tem razão minha filha, o amor é essencial na vida de qualquer pessoa, agora entendo onde falhei, mas não foi por querer, foi falta de tempo mesmo, mas agora posso corrigir isto.

─ Obrigada minha filha, você é um anjo que caiu do céu aqui na minha sorveteria, e a propósito, não precisa pagar, o sorvete é uma cortesia da casa. E quando quiser voltar, as portas estarão sempre abertas.

O tempo urge

Sandro deixou de se drogar a um mês após a chegada de Cinira. Mais tarde todos estão na sala exceto Cinira e Beatriz que preparam o jantar na cozinha. De repente, a campainha toca. Sandro atende.

─ Pai que cara é essa de felicidade ganhou na loteria? Melhor do que isso: Gente é o seguinte eu disse para mim mesmo que não iria mais beber se Deus me ajudasse e ele me mostrou uma luz no fim do túnel.

─ Vou começar amanhã mesmo como encarregado de produção numa fábrica. Ele olha para Cinira que já está na sala e diz: Você deu sorte nessa casa, você veio de onde mesmo? (Ela ri serenamente).

Adriano senta-se ao lado de Zélia e ela dá um beijo nele e diz:

─ Este é o Adriano que eu conheci um dia, meu maridão.

A campainha toca novamente...

─ É você cara? Como está? Eu soube que você deixou aquela parada de drogas, e agora tá estudando e trabalhando, muito bem.

─ Tudo isso que você falou é verdade, mas estou muito preocupado, é que tenho muitos amigos, que ainda não tiveram ajuda como eu tive. De um mês para cá, minha vida mudou completamente, e para melhor é claro, e estou pensando em montar uma peça de teatro, para levar mais longe essa mensagem, porque se nós conseguimos outros também conseguirão. Você me ajuda?

─ Claro que lhe ajudo Amilton, você é meu amigo, portanto, é meu dever ajudá-lo. Até porque, eu estava no mesmo barco, e sobrevivi agora me diga Amilton, por onde começaremos?

Amilton, Sandro, Cinira e Beatriz, conseguem junto, escreverem um sket muito bom, e conseguem também patrocinador, que acha o teatro ótimo, para passar essa mensagem de amadurecimento “coletivo”.

Mariana faz bico numa lanchonete

Perto dali, mas em outro bairro, encontra-se Mariana, no sol escaldante daquela cidade de clima quente durante o dia, porém a noite é muito fria.

─ Eu tive foi muita sorte, de arrumar esse emprego aqui na lanchonete, senão, nem sei o que já teria acontecido comigo. Que saudade do pai, da mãe e Cinira, que faz um tempão que não os vejo.

Mariana, do balcão da lanchonete que trabalha, observa um casal de pedintes do outro lado da rua, apenas a quinze metros de distância.

O velho é barbudo e sujo, e a sua companheira quase irreconhecível como mulher, vestia uma saia, com uma calça por baixo, e, um chapéu para se proteger do sol. (Era na verdade seus pais.)

─ Coitados, desses pedintes, vou preparar sanduíches para eles, devem passar muito frio e fome, que ironia do destino, eu preciso arrumar logo um trabalho melhor, ou vou acabar como eles.

─ Eu não sei porquê, mas aqueles dois lembram meu pai e minha mãe! Como será que eles estão? Ah! Os sanduíches estão prontos, vou levar café também.

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Do outro lado da rua!

─ Zulmira minha veia, não tenho mais forças, minhas pernas estão cada vez pior.

A perna de Manoel foi machucada, e isso o ajudou a ganhar mais fácil.

─ Carma, tenha paciência meu velho, Deus vai mostrar um jeito. Tu tá vendo Manoel, aquela moça bonita, do outro lado da rua? Deve ter a idade de nossa filha Mariana.

─ É minha veia, parece muito com a nossa filha sim, mas acho melhor, agente procurar um lugarzinho seguro, pra dormir, porque os filhos dos ricos não têm o que fazer, pode querer nos queimar vivos.

Mariana resolveu atravessar a avenida, para vê-los de perto, e entregar os sanduíches, que preparou com muito carinho e amor. Mas, naquele momento, sofreu um desmaio e caiu no chão, ficando desacordada, por alguns minutos.

O GRANDE ENCONTRO

Marcio saía de uma reunião de negócios, quando viu aquela jovem, rodeada de pessoas, mas ninguém fazia nada para socorrê-la, então Márcio, aproximou-se, e a levou, para o Hospital onde atendiam emergências, acompanhando-a até o atendimento.

No dia seguinte, no leito do hospital, Márcio acaricia os cabelos de Mariana.

─ Meu Deus, como ela é linda! Segurando a mão de Mariana, ele a beija no rosto, e ela começa a acordar, lentamente.

─ Onde estou? Quem é você? Perguntou Mariana.

─ Calma! Calma! Eu me chamo Márcio, você sofreu um desmaio e está no hospital, graças a Deus, foram só uns arranhões. Não encontramos nenhum documento com você: Como se chama?

─ Meu nome é Mariana Insosso, mas... Só lembro-me disso:

─ Você disse. Insosso?

─ Chateada Mariana responde. Insosso sim: porque está rindo?

─ É que, meu nome é Márcio Salgado.

─ Mariana rindo, verdade? É salgado mesmo?

─ Márcio rindo, você e linda sabia!

─ Obrigada, já me falaram isso.

─ Quero lhe levar para minha casa, promete que você será bem cuidada, o que acha?

Será que ele sabe que eu não tenho para onde ir. (Pensou Mariana).

─ Eu não iria incomodar?

─ Claro que não, será um prazer.

Na casa de Márcio

─ Antônia! Essa é uma hospede muito especial, quero que cuide bem dela, estou cansado, vou para o meu quarto.

Mariana cumprimenta Antônia.

─ Como vai? Espero não estar incomodando.

─ Estou bem, seja bem-vinda minha filha, será um prazer tê-la como hóspede. Venha comigo, quero lhe mostrar o seu quarto, o jantar será às dezenove horas, e o café da manhã é as oito, se preferir podemos lhe servir no quarto.

─ Obrigada! A propósito seu Márcio, não é casado? Quem mora nesta casa tão grande?

Responde Antônia:

─ Primeiro, nesta casa, vivem Luís, Marlene e Dr. Márcio, que é solteiríssimo.

─ Mais quem é Luís e Marlene?

─ Luís é o motorista do Dr. Márcio, mas quase não exerce a profissão, porque o Dr. Márcio gosta de dirigir a Marlene é a copeira que faz um pouco de tudo, os dois já trabalham aqui há pelo menos dez anos;

Antônia mostra o quarto a Mariana.

─ Você não me falou dos pais dele! Ele não tem?

─ Essa é uma longa história, ele só tem um irmão, se é que podemos chamar aquilo de irmão.

─ Não estou entendendo? Disse Mariana.

─ Já, já você vai entender tudinho. O coronel Onofre Salgado era o pai de Onofre Junior, este, dizem que teve vários filhos, de várias mulheres, um deles é o Sr. Jerônimo Salgado, pai de Maciano, e Dr. Marcio. Todos eles são de origem muito rica.

─ Vamos tomar um café e eu vou lhe contar timtim por timtim... E quando o Dr. Márcio e seu irmão estavam com quatro anos de idade, foi quando dona Selena, mãe deles, morreu por conta de um tumor no seio, daí fui contratada pelo Sr. Jerônimo Salgado, para cuidar dos meninos. Porém, o irmão de Dr. Márcio, sempre foi um pestinha, a ovelha negra da casa, e quando já estava com vinte anos, seu pai, morreu vítima de um acidente fatal, se é que foi mesmo acidente, cruz credo.

─ E o que aconteceu, com a fortuna do pai?

─ Aconteceu que o Marciano, por ser o filho primogênito, assumiu o poder de tudo, inclusive a direção da empresa, que mais tarde pediu concordata, faliu. Mas o Marciano foi ao Banco, sacou o restante do dinheiro, e fugiu do país, só que ele não contava, com a experiência do Dr. Márcio, que há cinco anos, conseguiu reerguer os negócios, e está muito bem.

─E esse tal de Marciano, onde ele está agora?

─ Olhe minha filha, ele nunca diz de onde vem, nem para onde vai, mas sempre volta, para sugar o dinheiro de Dr. Marcio, e ainda diz que tem dinheiro. Aqui para nós, dizem que há várias suspeitas, de que ele foi o responsável pela morte do pai, e que não fora um acidente, como todos pensam; dizem que os freios do carro foram cortados, e o carro acabou caindo num precipício.

─ E o Marcio, não guarda nenhum rancor, do irmão?

─ O Dr. Marcio, aquele sim, tem o coração de ouro. Mas de onde disse que era mesmo?

─ Disfarçou e disse Mariana. É o que eu também queria saber, e vou acabar descobrindo.

─ Coitadinha, me desculpe eu não devia...

─ Não precisa se desculpar. Agora se você não se importar gostaria de descansar.

─ Está bem Mariana, mas se precisar de qualquer coisa...

─ Obrigada! Boa noite e durma bem.

─ Você também; e obrigada mais uma vez. (Mariana exausta com tudo que lhe acontecera dorme como uma pedra.)

No outro dia, Marcio acorda cedo e vai para copa tomar café e ver que Mariana fez amizade com os empregados, e já está ajudando eles a aprontarem o café.

─ Marcio cumprimenta. Bom dia a todos e a todas.

─ Todos respondem Bom dia! Dr. Marcio,

─ Como está Mariana, dormiu bem?

─ Eu estou bem obrigada, melhor não poderia. Terminando de tomar café.

─ Mariana eu quero que venha comigo, quero lhe fazer uma surpresa.

─ O que é?

─ Se lhe disser não será surpresa. (Eles vão até um shopping e compram roupas, sapatos e outros presentes, e depois foram almoçar num belo e romântico restaurante).

Três meses depois já num clima de namoro, eles compartilham suas intimidades.

─ É muito bom estar com você, tenho muito dinheiro sei que poderia ter muitas mulheres, mas, é como se estivesse esperando por você. Você me completa quero ser feliz com você.

Mariana conta a verdade!

─ Estar com você também é muito bom, mas eu preciso contar sobre minha família, pois há coisas que não esqueci completamente, como por exemplo: que sou pobre, filha de nordestino, venho da roça e que não estudei muito.

─ Fico muito feliz em saber que você está recuperando sua memória, não tenha receio, continue que eu estou do seu lado para o que der e vier.

─ Está bem eu vou continuar. Há seis meses, eu e minha irmã mais nova, fugimos da casa de nossos pais, minha irmã ficou empregada numa casa, aqui está o endereço; e eu, estava trabalhando numa lanchonete, então vi uns pedintes, perambulando pelas ruas, e tentei ir ao encontro deles, para dar-lhes comida, então eu caí e só acordei naquele hospital.

─ E seus pais como estão?

─ Não tive mais notícias deles.

─ Aprecio sua sinceridade, eu gosto de você, nós não nos conhecemos por acaso, portanto se você quiser, iremos buscar seus pais.

─ Isso seria ótimo, não sei como vou poder lhe agradecer.

─ De repente, Marciano aparece no restaurante:

─ Olá meu irmão arranjou uma gata?

─ Diga logo o que veio fazer, estou ocupado.

─ Ah! O maninho está ocupado! Não para mim, não vai me apresentar essa gatinha?

─ Mariana este é meu irmão, Marciano; esta é minha noiva.

─ Como vai?

Com um aperto de mão, ele diz:

─ Não tão bem quanto vocês, meus parabéns, sejam felizes; mano dar pra levar um papinho aqui com seu irmão?

Ele olha para Mariana e diz;

─ Só vai demorar um minutinho.

Marcio pede licença a sua amada, e escuta o irmão:

─ Estou aqui o que quer desta vez?

─ Você pode me dar, um pequeno empréstimo?

Marcio com a testa, ligeiramente franzida, de preocupação com o irmão, acaba passando um cheque. Depois entrega a Marciano dizendo:

─ Aqui está agora me deixe em paz.

Mariana acalma Marcio e pergunta:

─ Quer dizer que agora, já somos noivos?

─ Eu vou, mais além; Mariana Insosso, você aceita casar comigo?

─ Verdade?

(Ele repete o pedido),

─ Quer casar comigo? Mariana, emocionada responde: ─ Sim...

No outro dia, eles viajam em busca dos pais de Cinira e Mariana.

No caminho recebem informações, de que eles já não estariam lá, pois venderam o sítio, e foram para a cidade, a procura das filhas.

Mariana começa a chorar, ao lembrar que os viu, mas não acreditou que fossem eles. Resolve então seguirem, para casa de Adriano e Zélia, em busca de sua irmã Cinira, e para surpresa dos dois, lá encontram também com seus pais, Manoel e Zulmira.

A emoção tomou conta daquela casa, choravam e riam sem parar, foi um grande reencontro.

─ Mariana é você minha irmã, como você está linda!

─ Obrigada, você também está muito bonita.

─ Mãe! Pai, quantas saudades; como vocês estão? Nós íamos para o sítio, mas fomos avisados que, vocês vieram, para cidade. Indaga Mariana ainda em lagrimas de alegria.

─ É filha; agora está tudo bem, mas eu e sua mãe passamos maus pedaços, vimos uma moça, que parecia tanto com você, tinha seu jeito seu olhar... Achamos que estávamos delirando, com a fome que era muita; e depois, graças a Deus chegamos aqui, pedindo um prato de comida ou um trabalho, e então fomos reconhecidos por nossa filha Cinira.

─ É verdade Mariana; Dona Zélia e seu Adriano, e todos da casa não deixaram nos faltar nada, esta, é na verdade, uma família abençoada.

Marcio, comovido com aquela alegria, esperava atentamente à hora, de ser apresentado.

─ Pai, mãe, e todos vocês, que eu não conhecia até hoje, lhes apresento meu noivo Marcio.

─ É um prazer conhecer vocês, e quero aproveitar o momento, que estamos todos felizes, para pedir a mão de Mariana em casamento.

─ Claro que aceitamos, não é Manoel, o casamento de vocês, é uma benção.

─ Pois é, eu abençoo vocês em nome de Deus, e faço questão de ter muitos netos.

Sandro é encorajado pelo pai.

─ Também quero pedir a mão da Cinira em casamento, se ela quiser é claro?

─ Cinira minha filha, você quer se casar com esse moço?

Com as pernas bambas de alegria responde:

─ Sim pai, eu quero.

─ Então estão abençoados também com a graça de Deus.

─ Marcio pede a palavra. Se me permitem uma sugestão, gostaria muito que nossos casamentos, fossem realizados na minha casa.

─ Sim; também quero realizar o pedido do meu sogro. Criar um albergue, para os viajantes necessitados, e você Sandro a partir de hoje, está empregado na minha empresa.

Ano 1991

Dois meses depois

Como, já era previsto, aconteceu uma grande festa de casamento. Sandro Cinira, Marcio e Mariana. Depois da festa, voltaram todos para casa de Adriano, já ampliada, enquanto que Marcio e Mariana; viajaram em lua de mel, por duas semanas. E na volta retomam suas atividades.

Ano 1998

Sete anos depois

Mariana teve uma filha, que lhe deu o nome de Luíza, e que hoje já está com seis aninhos, e é criada sob os cuidados de Antônia, e mimada pela vovó Zulmira, e o vovô Manuel. Quanto a Sandro e Cinira; estão casados há sete anos, mas preferiram evitar filhos, por enquanto; pois estão estudando e trabalhando, na empresa de Márcio.

Ao longo desses sete anos, vem acumulando promoções, e cargos, na firma que trabalha ganha muito bem, e Zélia gasta: Ela sempre diz: Para que serve dinheiro? Para gastar é claro. Beatriz continua estudando, para ser advogada, mas não pensa em casamento nem tão cedo, está apenas de namoro com Amilton. Ela diz que, “se casamento fosse bom, não precisava testemunhas, nem assinar papéis”.

─ Querida estou pensando no meu irmão, que não dá notícia há muitos anos.

Mariana abraça Marcio tentando confortá-lo e a campainha toca...

─ Falou nele, apareceu, como vai filho, espero que não passe muito tempo por aqui. Disse Antônia.

─ Vejo que a família cresceu! Onde está meu irmão? Vá chamá-lo.

─ Não precisa como vai? O que está fazendo da vida?

─ Mano, não precisa ser grosso, só quero uma grana.

Márcio dá dinheiro:

─ Não é muito, mas dar para começar algum negócio.

─ Preciso ficar aqui, por uns dias, até pensar em alguma coisa. Disse Marciano.

Mariana entra na sala

─ Como vai você?

─ Bem, mas o cara de sorte é meu irmão, você é uma...

Por favor, dispense os comentários.

Na sala, Maciano aproveita a ausência do irmão:

─ Mariana, linda Mariana, sabe que gosto muito de você.

─ Que espécie de homem é você? Respeite seu irmão, e nos deixe em paz.

─ Mariana, eu te amo desde o dia em te vi, naquele restaurante.

─ Não sei, se você seria capaz de amar alguém, além disso, sou uma mulher casada.

─ Mariana venha comigo, disse Marciano, já tenho um bom dinheiro na Suíça, podemos ser felizes lá.

─ Você está louco, eu amo seu irmão, somos muito felizes e viverei com ele, até que a morte nos separe.

─ Mariana; eu sou capaz de tudo para ter você, até matar se for preciso.

Mariana fica chocada e chama Antônia!

─ Sim patroa.

─ Mostre a esse senhor, o seu quarto, que eu não estou me sentindo muito bem.

Na manhã seguinte, Antônia apressa Luíza;

─ Termine seu café, já estamos atrasadas.

─ Vou dar o beijo da mamãe, e do papai primeiro. Disse a pequena Luiza.

─ Mas venha logo, seu lanche já está pronto, e o Edgar, já tirou o carro.

No quarto de Márcio e Mariana:

─ Papai, meu beijo.

─ Venha cá, sabia que você é, a preferida do papai? Sabia?

Mariana abraça Luíza.

─ Você está atrasada, vamos descer, para o Edgar levá-la até a escola, e Antônia passar no supermercado.

Quando todos saem, Márcio continua no quarto, e Mariana encontra Maciano na cozinha.

─ Ah é você... Maciano? Não sabia que acordava tão cedo!

─ Eu também não sabia, mas nem consegui dormir, pensando em você meu amor.

─ Não diga isso, você está louco?

─ Louco por você.

─ Você me dá nojo, nem pena eu sinto de você, nem merece o irmão que tem.

Mariana sobe as escadas que dá para o quarto, em disparada. E fica chorando. Márcio sai do chuveiro assoviando e ela disfarça muito bem.

Enquanto isso, Maciano fica murmurando sozinho.

─ É, quem sabe, ela está certa mesmo, e eu não mereço o irmão que tenho, nem ele merece a mulher que tem. Se meu irmão sofrer um acidente, eu serei rico, e ela vai aprender a me amar, com os freios do carro do nosso pai, deu certo. Acho que devo mudar de modos operantes, e tudo vai dar certo. Com meu irmão morto, darei um jeito de internar a Mariana, por um tempo, e assumirei os negócios, terei o poder em minhas mãos. Tira do bolso o cheque, que recebeu de Marcio, e fica rindo.

Marcio desce até a cozinha.

─ Bom dia! Vejo que está alegre. Alguma novidade? A propósito gostaria que se fizesse presente, no meu aniversário de casamento, que será na próxima semana.

─ Agradeço pelo convite, agora eu tenho que ir, mas voltarei de uma vez por todas, para ficar, é pena que não vamos ter muito tempo juntos irmãozinho. (Vai embora batendo a porta)

Marcio fica atordoado sem entender; mas procura esquecer a ofensa como sempre. Mariana ouve um barulho e fica preocupada.

─ Marcio querido, o que houve? Que barulho foi aquele?

─ Não foi nada, que possa nos preocupar.

─ Marcio franze a testa, e fica preocupado, procurando a agenda, e depois dá um telefonema.

─ Alô é você Geraldo?

─ Dr. Marcio, em que posso servi-lo?

─Precisamos conversar, gostaria que não fosse por telefone.

─ Que não seja por isso Doutor, o senhor tem o meu endereço.

─ Sim, mas...

─ Já entendi Dr. Marcio. Que tal ChairohClub às quatorze horas?

─ Estarei lá, e nós conversaremos, mais à vontade, até breve.

─ Ok! Um abraço.

Mariana, não pode evitar a conversa, e procura acalmar seu marido, lhe afagando os cabelos.

─ Meu amor, eu sei que algo está lhe preocupando. É seu irmão, não é?

Com as mãos, na cabeça responde.

─ Não; o meu irmão não me preocupa, mas sim o que ele é capaz de fazer, ele está transtornado, não sei por que me odeia tanto.

─ Posso saber com quem você falava ao telefone?

─ Claro que sim, é um velho amigo detetive de polícia, é que há muitas coisas, que você não sabe.

─ Sobre o suposto acidente, que seu pai foi à vítima, e acabou morrendo?

─ Sim! Mas como sabe? Já sei foi a Antônia não foi?

─ Digamos que ela me deixou a par de tudo, assim que nos conhecemos.

Nesse exato momento, entra na sala, Luíza, que voltava da escola, acompanhada de Antônia e Luís, o motorista.

─ Papai, papai (Pula em seu colo cheia de dengos). Vamos para a piscina. Leva-me no parquinho papai.

─ Hoje não! Preciso trabalhar, e botar em ordem alguns documentos.

─ Papai o senhor já tem muito dinheiro, o que vai fazer com tanto?

─ Criar indústria, para gerar muitos empregos, minha filha, assim as famílias poderão viver bem melhor, é assim que um país vai pra frente, com trabalho e dignidade.

─ Dona Mariana; podemos servir o almoço?

─ Sim, Marlene; obrigada!

Na hora do almoço, Marcio, Mariana, Antônio, Marlene Luísa e Luís.

─ Está uma delícia como sempre, nós temos a melhor cozinheira do mundo.

─ Querido! Assim eu acabo ficando, enciumada.

─ Obrigada, pelo elogio Dr. Marcio, a gente faz o que pode.

Marcio e Luís terminam de almoçar e vão para o terraço:

─ Luís prepare o carro, vamos até o ChyirosClub, Restaurante Choperia, e Boate, bem conhecido de todos.

─ O patrão deve estar brincando!

─ Falo sério, faça o que lhe disse.

─ Está certo patrão, não está mais aqui quem falou.

Às quatorze horas, em ponto, Marcio chega ao local combinado, e vê que seu amigo Geraldo, está a sua espera “Está olhando o relógio”.

─ Desculpe-me, se lhe fiz esperar. Num gesto de intimidade, eles dão um aperto de mão.

─ Dr. Marcio, é sempre um prazer estar com o senhor, mas me diga, a que lhe devo a honra, desta conversa?

─ Amigo Geraldo, você é a primeira pessoa, que pensei em procurar, vou lhe contar a história, desde o princípio.

─ Prossiga! Sou todo ouvido

Tudo começou, quando meu pai morreu, e deixou aquela fortuna para mim, e meu irmão. Acontece que por ser mais velho, ele assumiu as empresas, e deu no que deu.

─ até aí, já conheço a história de cor. Disse Geraldo

─ Primeiro, perdemos tudo, mas agora que levantei todo esse império, que você conhece muito bem, e emprego centenas de pessoas, o meu irmão está querendo me arruinar. Há muito tempo, venho estranhando seu comportamento; mas sempre tirei, por menos.

─ Dr. Marcio; lamento lhe dizer, mas... Eu sempre soube que ele seria uma pedra, em seu sapato, ele nunca prestou (olha para os lados e ...) Dr. Marcio, nas diligencias que fiz quando seu pai Dr. Jerônimo Salgado, (que Deus o tenha) morreu, todos os indícios apontavam para ele, mas o primeiro juiz afastou-se do caso, e o segundo encerrou as investigações, arquivou o processo, e foi morar na Suíça.

─ Não é fácil para eu saber que ele pode ter assassinado o próprio pai. Marcio fala com desprezo e profunda tristeza.

─ Dr. Marcio; o seu irmão é um psicopata, (Mostra uma foto para Marcio), é Maciano, de papo com o pistoleiro, chamado cabo Tonho. Está vendo esse ao lado de seu irmão? É procurado por vários assassinatos. Um deles foi a morte de uma dupla de cafétões, Roby e Meire, que foram assassinados, depois tiveram os corpos queimados e marcados com as iniciais C.T.

─ Mas isto é horrível! (Olha para o relógio e diz) está ficando tarde, só queria que ficasse ciente de tudo.

─ A propósito quero que vá ao meu aniversário de casamento, no final de semana. Paga a conta e sai.

─ Dr. Macio espero que não se incomode, mas vou levar um segurança, por precaução.

─ Não tenho nada contra, fique a vontade. Respondeu Marcio.

─ Até breve... Minhas recomendações à senhora Mariana, e um beijo na Luísa.

─ Obrigado! Meu amigo.

Ele acena pra Luís, que está se divertindo.

─ Já podemos ir Luís.

Um serviço sujo

Maciano e seus planos, para destruir seu irmão, ele vai até um ambiente da pesada, pede um drink, e espera cabo Tonho, o pistoleiro. E quando ele chega, o clima fica muito tenso, porque o mesmo é temido, por seus atos horripilantes.

─ O patrãozinho nunca mais me procurou, faz meses. Por acaso está precisando dos meus serviços?

─ Esse lugar cheira mal, não é um bom lugar para conversar.

Vários comparsas do Cabo Tonho, preparam-se para surrá-lo, mas Cabo Tonho, pede com calma que Maciano, vá direto ao assunto.

Se dirigindo aos comparsas,

─ Calma, não se apoquentem, o Dr. Já está de saída, não é?

Maciano faz sinal que sim, mas fica nervoso.

─ Está bem eu não pretendo me demorar nessa espelunca.

Se dirigindo a porta, com Maciano, Cabo Tonho, faz um comentário.

─ É bom mesmo ou a coisa vai feder!

A ameaça

Mas, para tristeza de Marcio, o celular volta a tocar, e do outro lado da linha, uma voz ameaçadora.

─ Você vai se ferrar... Disse Cabo Tonho.

─ Quem é você, o que quer?

─ Espere e verá, você está na minha mira.

─ Deixe-me em paz!

Manoel e Sandro percebem que Marcio está com problemas, e vão para junto dele. Marcio avista pela janela, um carro parado, e dois homens de óculos escuros, mais não conta para ninguém, para segurança de sua família.

A invasão

Bandidos invadem a mansão durante a festa; dois mascarados entram pela janela dos fundos; e tomam de refém a pequena Luiza. Antônia e Marlene se desesperam, mas são advertidas por eles.

─ É melhor fazer o que agente mandar, ou a menina morre tá?

─ Está bem, está bem, mas não a machuquem, por favor. Antônia implora chorando.

Com a intenção de atirar em Marcio:

─ Tragam o pai da menina aqui, ou ela vai morrer.

Um dos mascarados, pega uma garrafa de champanhe, e toma uns goles.

─ Porcarias vocês não têm bom gosto mesmo.

Naquele momento, Marcio desconfia que algo esteja errado, de repente, ele é alvejado com três tiros certeiros, disparados pelos mascarados, que deixam a menina, e fogem pela mesma janela que entraram. Os dois homens, que se encontravam num carro preto, nos arredores da casa de Marcio, eram na verdade, policiais civis, que receberam ordens de Dr. Geraldo, para dar proteção à família, apesar da vigilância não conseguiram evitar o pior. E nem ao menos prender os criminosos, pois procuraram em várias quadras, e não tiveram êxito.

Na casa de Marcio, os repórteres, jornalistas e fotógrafos, se aproveitavam, da desgraça, que tomou conta da família.

Enquanto isso; Marcio é conduzido para o hospital, onde o Dr. Eduardo atende como médico da família.

Após algumas horas de expectativas o médico Dr. Eduardo vem até a recepção e dar as seguintes notícias:

─ Por pouco nós o perdemos, realizamos várias cirurgias com sucesso. Mas ele ficará na UTI, para observação.

─ No momento não achamos prudente a visita, mas assim que possível nós avisaremos. Agora apenas orem e muito...

Mariana está sob efeito de calmantes, e é confortada por Dr. Eduardo.

─ Senhora fique calma, seu marido ficará bem: eu prometo.

─ Obrigada! Foi Deus que guiou suas mãos Doutor. (Olhando através do vidro). Mas quando vou poder, falar com meu marido?

─ Tenha calma! Ele ainda está sob efeito de anestesia, mas provavelmente daqui a seis horas, ele acordará e precisará muito de sua companhia, por isso procure descansar.

Dr. Eduardo ao passar pela sala de espera, é abordado por dezenas de pessoas, apreensivas, e torcendo pela melhora de Marcio, é na verdade um bombardeio de perguntas.

Três dias depois, Geraldo apresenta as provas materiais, colhidas no local do crime.

─ Encontramos impressões digitais, de um pistoleiro conhecido por Cabo Tonho, e estamos à procura dele, com auxílio de um retrato falado. Foi encontrado um botão, provavelmente arrancado, da camisa do mascarado, por Luiza enquanto refém.

Naquele mesmo bar, onde Maciano se encontrará com o pistoleiro, Dr. Geraldo conseguiu informações do procurado, depois de fazer pressão contra o atendente. Quando o Dr. Geraldo exibiu o retrato, ele negou que o conhecia, Dr. Geraldo apertando-lhe a gravata, arrancou-lhe toda verdade.

Doze horas depois no hospital, Marcio passa bem, e pergunta pela filha Luiza, e por seu irmão, mas todos acham que Maciano está viajando. Luiza que assistiu a tudo, e está sendo acompanhada pelo psicólogo, para depois poder ver o pai.

Jornal da manhã

Na manhã do terceiro dia, após a tragédia que deixou o empresário Marcio Salgado gravemente ferido, foi descoberta toda trama que antecedera esse episódio; segundo o delegado de polícia Dr. Geraldo de Almeida, que conduziu as investigações. O responsável chama-se Maciano Salgado, irmão da vítima, que vinha extorquindo grandes quantias do irmão há muito tempo, e agora não bastava o dinheiro, ele queria o “poder” a fábrica de brinquedos, suas ações e outros bens. Para isso, contratou um pistoleiro, que atende pela alcunha, de “Cabo Tonho”, para matar seu irmão, e ainda outros crimes serão investigados, para ver se há ligação ou não. Informamos ainda que os criminosos se encontram foragidos. “Logo mais, voltamos com o plantão do Jornal da Manhã”.

Ouvindo isto, os criminosos marcaram um encontro, no topo de um edifício, para um acerto de contas, e após discutirem, Cabo Tonho decidiu que se entregaria para a polícia, virou as costas e saiu. Policiais sob o comando de Dr. Geraldo fecham o cerco, no edifício e na cobertura, de onde Maciano desequilibrado, ameaça se jogar.

E, uma grande multidão se formou lá fora, alguns muito raivosos, proferindo palavras de xingamentos, e outros, mais calmos a rezar. A cena durou mais de vinte minutos. Fizeram o possível para evitar, mas infelizmente, o desfecho aconteceu. Marciano se jogou do edifício, em cima de um automóvel que estava estacionado no local.

No hospital

Naquele exato momento, no hospital, Marcio acorda e diz que estava sonhando com Marciano.

─ Tive um sonho estranho, com meu irmão, ele lutava com todas as forças para não ser arrastado pelas criaturas sem rostos, mas não conseguia, enquanto eu podia ver tudo e não fazia nada para ajudá-lo.

─ Você tem notícias dele amor? Indagou Marcio preocupado com o irmão.

Antes que Mariana respondesse, Marcio volta a dormir, e em seguida, Dr. Eduardo entra no quarto, e compartilha da alegria de Mariana, ao ver que Marcio está melhorando, progressivamente.

No outro dia, ao acordar, Marcio se sente melhor, mas é aconselhado pelo seu médico, a permanecer, por mais duas semanas no hospital. Enquanto isso é feito os preparativos, para o velório, e o sepultamento de Maciano, um homem que preferiu os caminhos tortuosos, e permitiu a companhia de espíritos trevosos, chegando a praticar vários crimes, inclusive contra sua própria vida.

Após duas semanas, Marcio sai do hospital, mas ainda permanece de repouso em sua casa, onde recebe o carinho, de sua esposa Mariana, de sua filha Luísa, da governanta Antônia, de Marlene, e demais familiares.

Marcio se recuperou, muito bem, do atentado que sofreu, só não conseguiu ainda, entender a razão dos acontecimentos, e que o mentor de tudo, foi seu próprio irmão.

Marcio ficou aborrecido e inquieto, por sua amada Mariana, ter lhe poupado das notícias, pois temia que, piorasse seu estado de saúde. Enquanto isso ele recebe visitas, entre elas... Manoel seu sogro, que está muito bem e continua engordando, vive fazendo regimes daqueles que só não come a lua.

No dia seguinte, Mariana fala para Marcio, que fora convidada para uma reunião, no Centro Espírita.

─ Lá nós vamos ver almas do outro mundo? Perguntou Marcio.

─ Querido, se trata de uma casa de oração, onde aprendemos a valorizar a vida e...

─ Mas lá é de Deus, ou se trata de macumba? Mais uma vez ele a interrompe.

─ Zélia me falou que devemos perdoar nossos agressores, pagar o mal com o bem, e orar por aqueles, que nos perseguem: e isso é de Deus?

Marcio pensa um pouco, e resolve que vai acompanhá-la.

A caminho do Centro Espírita

─ Mariana, todos sabem que somos católicos, o que nossos amigos vão pensar? Podem nos chamar, de macumbeiros.

─ Acho que não, meu querido; pois nossa amiga Zélia, me falou que várias pessoas que frequentam o Centro Espírita, dizem ser católicos ou evangélicos, apenas para terem um lugar para casar e tirar as fotos, e que encontraram paz, e sentido lógico, para suas vidas, no movimento Espírita. Embora ainda haja muito preconceito.

─ É mesmo! Vejo que você está bem informada sobre o assunto.

─ Estou sim. É que, enquanto você se recuperava no hospital, eu li alguns livros, que ganhei de Zélia, um deles é O Evangelho Segundo o Espiritismo, e o outro, O Livro dos Espíritos, e posso dizer que aprendi muito, inclusive que nada acontece por acaso e que nós colhemos o que plantamos, seja de bom ou de ruim, seja nesta ou em outras vidas.

─ Mas desde quando, existe o espiritismo? Desde o ano de 1857...

─ Desde sempre, desde que o mundo, é mundo.

Como assim?

─ Querido, acho melhor, conversarmos depois, já está começando a reunião, não se preocupe, temos muito tempo para conversar, estudar e tirar as dúvidas.

A reunião

Na reunião de quarta-feira, que começa pontualmente às vinte horas, após serem recebidos, com boas vindas, por pessoas simpáticas, e com sorrisos deslumbrantes, são convidados a sentar, confortavelmente, e pedem que elevem seus pensamentos a Deus. Para que em nome de Jesus, e toda falange de espíritos do bem, possa dá por iniciada a reunião da noite.

Ainda, na prece inicial, o irmão Giovane pede que se façam presente, os espíritos mentores da casa, e também aqueles que queiram por amor, doarem algo de bom, que possa ajudar aos irmãos mais necessitados, encarnados ou desencarnados.

Enquanto isso, Marcio fica muito atento, e presta atenção a tudo que se passa. Ele se comove com a explanação do palestrante, que termina com uma citação bíblica, belíssima, “Deus é bondoso com todos, e cuida com carinho de todas as criaturas.” SL 145:9

Ao saírem, daquele recanto de paz, Zélia, Adriano, Marcio e Mariana, seguem para um restaurante, e se deliciam com um ótimo jantar, e aproveitam para comentar, alguns trechos da reunião.

Em seguida, Marcio faz um convite.

─ A propósito, queremos agradecer, a você Zélia, e ao amigo Adriano, por nos convidar para uma reunião, dessa categoria. Espero que aceitem fazer uma viagem conosco, será umas férias antecipadas, o que acham?

─ Mas... Marcio você não existe, que surpresa maravilhosa! Por mim só preciso agora, da aprovação de meu marido Adriano.

─ Por mim, está ótimo, assim voltaremos, com a mente mais aberta para os negócios não é mesmo Marcio?

─ E você Mariana, gostou da ideia? Com certeza, eu acho ótimo.

Marcio e Adriano comentam, os detalhes da viagem.

A viagem

A viagem foi um sucesso, se divertiram bastante, mas foi apenas a primeira, de muitas outras que fizeram.

Marcio estava preocupado, alguma coisa não estava bem com ele, pois sentia uma vontade de fazer algo, mas ainda não sabia o que.

─ Meu Deus, eu agradeço por tudo que tenho, pela família e pelo seu amor, mas fico triste às vezes, e acho até que não mereço, pois sei que tantos precisam de tão pouco para viver, e não tem, enquanto eu vejo meu patrimônio crescendo com rapidez. (Marcio abre a boca bocejando e finalmente dorme).

Na manhã do dia seguinte, Marcio conta um sonho, para Mariana.

─ Eu estava num lugar enlameado, escuro e cheirando mal, e vi pessoas como que perdendo a forma física, dentre elas, percebi um olhar rancoroso, e me surpreendi ao saber, por meio de dois seres luminosos, de alto brilho e aroma agradável, que se tratava de meu irmão. Enquanto isso, eu chorava, e ele tateava a lama, procurando algo, que eu não sabia o que era; em seguida ele logo encontra uma chave, mas não consegue abrir a porta de ferro.

Ao meu lado, vejo meu pai, e ele enxuga minhas lagrimas dizendo: “Vai meu filho e faz o que tens que fazer.”

Com carinho Mariana responde:

─ Espero que saiba mesmo, e lembre-se que você tem a mim para o que precisar meu amor.

Com saudades, de seu pai e de seu irmão, ele chora, e as lembranças do sonho lhe deixa inquieto, mas ele é consolado, por sua filha Luiza e sua esposa Mariana, que o aconselha, a nunca deixar de orar pelo seu irmão, e que esse sonho tem muito sentido, mas só o tempo poderá esclarecer.

Ao deitar-se, Marcio faz como de costume, uma prece para seu irmão Maciano, e pede que seus pais e avós, os ajudem, e quando o sono vem, o corpo de Marcio relaxa, e acontece o fenômeno mediúnico de desdobramento, o seu espírito ( ligado por um cordão fluídico,) é transportado para um plano superior, onde ele freqüenta como um aluno de faculdade, sendo que num espaço de tempo muito diferente, do plano físico terrestre, tudo se passa numa questão de minutos, em uma espécie de vídeo tape, muito mais evoluído, dos que conhecemos na terra.

Vídeo tape

Ele pode assistir e sentir, as emoções e registros, que vinha a sua mente e, tudo começou assim:

Onofre Salgado, brasileiro, nasceu em mil e... Filho de agricultor, descendente de judeu. Aos dez anos de idade, seus pais morreram em batalha corpo a corpo.

Herdou uma pequena propriedade, com meia dúzia de cabeças de gado e muitos trabalhos para ser feito. Aos dezessete anos, já havia comprado as terras vizinhas, e seu rebanho triplicado, sendo consagrado com o título de coronel. Foi aí que conheceu e casou-se com Madalena Silvestre Insosso, filha de pecuarista de outra região, a qual, cinco anos mais tarde, deu à luz a uma filha, e deu-lhe o nome de Francisca Silvestre Insosso, em homenagem a avó materna.

Aos quinze anos, Francisca foi levada por um homem, dizendo que ela faria sucesso em Hollywood. Pois ela era muito bonita e nunca mais souberam dela.

Passados os quinze anos, Madalena engravidou, mais uma vez, e deu a luz a um filho; chamado Onofre Junior Salgado, que aos quatorze anos viu sua mãe partir por causa da tuberculose, ele sentiu muito a morte de sua mãe, e mesmo sendo rico, ele trabalhava muito, e vivia sempre em contato, com as empregadas da fazenda, o que não era do gosto do seu pai, pois temia perder parte da riqueza.

Aos sessenta e nove anos de idade, morre o coronel Onofre Salgado, deixando uma fortuna em terras, dinheiro e rebanho de gado, para Onofre Junior Salgado.

Mas ele, num ato de loucura ou de sanidade, na mesma semana do ocorrido, pegou umas malas, somente com o necessário, despediu-se de todos, recomendando que cuidassem de tudo e tirassem para si o necessário para viver, e depois partiu, recomeçando a sua vida praticamente do zero, aos vinte e quatro anos.

Chegando a capital Onofre Junior começa a trabalhar, e naquele mesmo ano conhece a jovem Esmeralda com quem casou e gerou um filho homem, registrado com o nome de Jerônimo Salgado. (Neste caso irmão de Zumira e Manuel). Viveram muito bem, e acumularam muita riqueza. Porém com todo dinheiro não pode escapar do infarto fulminante quando viajava com sua esposa Esmeralda.

Jerônimo filho de Onofre Junior e Selena, foi muito bem-educado, na sua juventude era conhecido como o riquinho pelos seus amigos, devido à abundância de brinquedos e farturas. Jerônimo já com seus dezenove anos teria que cuidar de tudo.

Mas foi numa festa de formatura que ele conheceu Selena, uma moça muito bonita, e inteligente. Eles se apaixonaram daí ela engravida e dá a luz de gêmeos, primeiro nasceu Maciano, e depois Marcio.

Foi tudo uma maravilha, as crianças eram lindas e a família estava feliz. Porém, quando as crianças estavam com quatro anos, dona Selena já estava muito mal de saúde e foi neste mesmo ano que ela os deixou.

Sonho Esclarecedor

Marcio acorda, e em seguida vai em direção, a um dos cômodos da casa, e numa escrivaninha empoeirada, ele abre a gaveta, e a lembrança do sonho vem à tona, e lá está o livro, que tem o título escrito em francês, “Le livre dês espíritos”, ano mil e oitocentos e cinqüenta e sete, e dentro do mesmo, a chave que abre o cofre, na parede da biblioteca.

Marcio chama Mariana, e Luiza, e depois de explicar tudo, eles resolvem abrir o cofre e encontram documentos, que pertenceram ao seu avô, Onofre Junior Salgado, inclusive muitas terras, doadas em testamento para Jerônimo Salgado; evidentemente seu pai, e com a morte dele, Marcio é agora o herdeiro legal de tudo.

─ Agora eu sei o que meu pai deseja que eu faça.

No dia seguinte…

Agreste Pernambucano

Marcio de volta as origens, na zona rural, ao chegar à casa grande da fazenda Mandacaru, onde seu avô morava, foi surpreendido por uma grande ventania, com uma nuvem de poeira, que durou alguns minutos.

Depois quando a poeira baixou, ele foi recebido por alguns moradores da fazenda, que insistiram em ficar ali, em épocas difíceis.

Marcio apresenta as escrituras da propriedade, e quer tomar posse do que é seu de direito.

João o Morador, responsável pela propriedade diz:

─ Nina, bota água no fogo, para fazer um café, que a conversa com o doutor vai demorar;

Eles com respeito dão uma risada...

E Marcio acompanhado de Mariana, Luiza e Antônio, não entende o motivo da risada da senhora Nina, mas deixa para lá.

─ Doutor o senhor lembra-me muito o seu avô, dele eu gostava muito viu, Deus o tenha: olhe doutor, se o senhor quiser a posse da terra, eu e minha patroa, vamos fazer é muito gosto, e é muita terra viu, desde que o senhor, passou a primeira porteira, nós já sabíamos, pois da porteira para cá é um dia de viagem, e bote mais, um dia de viagem, daqui para qualquer direção, pois o seu avô construiu esse casarão, no centro da propriedade. Onde segundo a lenda...

─ Por favor, diga logo aonde quer chegar.

─ Outros tentaram se apossar destas terras, disse: João o morador, mas existe alguma coisa nessa terra que não compreendemos, é algo sobrenatural, alguns não conseguiram nem entrar, outros não passaram da segunda porteira e os que chegaram até aqui, não esperaram a poeira baixar, alguns diziam até ter visto o seu bisavô e seu avô juntos montados em seus cavalos rodeando a fazenda e aí doutor, vai acreditar nisso também? Deixa pra lá. Enfim, o senhor e sua família, foi quem mais demorou.

Marcio ouviu tudo, e sentia que sua missão estava apenas começando. Foi aí que teve a ideia, de realizar um bingo, com o intuito de reunir a vizinhança, para uma conversa, em poucos dias foi providenciado, todo material de divulgação do bingo, inclusive a premiação, que era cinqüenta cabeças de gado, dois tratores, cinco forrageiras, um caminhão, as cartelas a preço, simbólico, e vários outros brindes.

Aquela ventania, que assustava a todos, não aconteceu mais, e apesar da fama, de fazenda assombrada, Marcio conseguiu reunir centenas de pessoas, tanto daquela região, como de outras regiões com a ajuda da família, dos moradores, e de alguns empresários.

Ele apresenta um projeto que mudará a vida daquelas pessoas para sempre, transformando, aquelas terras assombradas, em hospital, colégio, fábricas, lar para idosos, clinicas de recuperação de drogados, quadras esportivas e piscinas, para iniciação nos esportes.

Tudo isto porque Marcio, após várias idas ao centro espírita, aprendeu que: “Emitindo um pensamento, colocamos um agente energético, em circulação no organismo da vida, agente esse, que retornará fatalmente a nós, acrescido do bem, ou do mal, de que o revestimos.”

Marcio funda um centro espírita, chamado “Estrela do Oriente” e está obstinado a ajudar seu irmão, fazendo preces, para que seu espírito, aceite ajuda, e saia da zona inferior.

A princípio foram duas reuniões mensais, e depois duas semanais, ao termino de uma dessas reuniões, Marcio vai para casa, e ao adormecer, mais uma vez, ele é agraciado com um sonho consolador.

Em desdobramento, ele pode ver seu irmão, acompanhado por dois espíritos, que o levam a um hospital; Marcio ouve uma voz, misteriosa e suave dizendo:

“Filho segue tua jornada sem queixumes, e sem vaidade, pois espíritos que te foram caros na terra, estarão ao teu lado para o auxílio benfeitor”.

(Nesse momento, Marcio é tomado por um pensamento, de que não teria muito tempo, mas seus pensamentos logo são vazados, e logo é acalmado).

Filho não te preocupe com teus cabelos brancos, pois a novos que são velhos, e há idosos que são moços.

(Marcio eleva o pensamento, em seu irmão Marciano, e mais uma vez, seu pensamento é vazado).

Amado “não aflija teu coração, pois teu irmão; retornará em breve, e estará mais perto de ti do que possas imaginar.” De repente, Marcio acorda lentamente, e começa a refletir sobre o sonho, e é interrompido pelo toque nada discreto do celular.

Celular indiscreto

─ Alô, Pai é você?

─ Oi minha filha, sou eu claro.

─ Não sei como lhe falar.

─ O que minha filha, você está bem? Aconteceu alguma coisa?

─ Calma! Eu estou bem pai, o senhor sabe, não sou mais aquela menininha.

─ Filha você sempre, será minha menininha, mas você não me ligou só para isso, não é?

─ É verdade pai, o que tenho para lhe dizer, é muito importante, o senhor será avó.

─ O que! Eu...?

─ Sim pai é verdade, eu vou ter um bebê, estou grávida.

─ Filha eu sou o pai, e o avó mais feliz do mundo, graças ao nosso bom Deus.

─ E quanto ao Jarbas, como recebeu a notícia?

─ Pai ele está numa felicidade...

(Jarbas pega o telefone)

─ E aí sogro está feliz?

─ Calmo aí rapaz, ainda não tem essa intimidade, mas estou muito feliz sim.

(Agora se refere a Luísa).

─ Minha filha, eu faço muito gosto, que você e o Jarbas, oficializem o casamento de vocês.

─ O senhor está certo pai, Já falei com o Jarbas, e nós vamos casar na fazenda, se o senhor e a mamãe estiverem de acordo, é claro.

─ Eu acho ótimo, você não poderia me dar notícia melhor.

─ Que tal comemorarmos, o aniversário da mamãe, e meu casamento?

─ Faltam apenas, vinte e seis dias, para o aniversário de Mariana, precisamos correr contra o tempo, para organizar tudo.

─ É isso aí paizão, faremos uma grande festa. Agora, preciso trabalhar.

─ Beijos e que Deus abençoe a você e a ele, pois tenho certeza, que meu neto será muito amado.

─ Pai, você disse ele, como sabe?

─ É apenas um palpite, minha filha, mais nada nessa vida é por acaso, beijo, te amo.

Preparação para o casamento

Mariana com seus cabelos grisalhos, e lindos como sempre, ficou sabendo da gravidez de Luísa, e também do casamento, que irá acontecer em grande estilo. Os convites foram entregues, oficialmente, em número de mais de quinhentos.

O grande dia chegou! A noiva, “grávida sim”, mas não perdeu a majestade, Marcio seu papai, vestido impecavelmente a caráter, sobe em um palco, montado especialmente para o evento, e faz uma belíssima homenagem a Mariana, e para surpresa de todos, ele solta a voz e canta uma melodia.

Primeiro neto de Marcio

Enfim, tudo correu dentro do que fora planejado, e agora, Marcio está bem-humorado, e, cheio de planos para o futuro. O tempo vai passando, e a barriga de Luísa crescendo, até que o dia tão esperado chega, e nasce uma criança linda, do sexo masculino, que recebeu o nome de Marcelino Viana Salgado.

E quando Marcelino completa seis anos, os médicos descobrem; que ele é portador, de uma doença grave, que enfraquecem os ossos, e que só ocorre um caso, a cada dez mil crianças, e se sabe que apenas, um caso, alcançou a cura.

Mas, apesar das chances serem poucas, e Marcio já saber os motivos, ele não desiste, e procura fazer tudo que é possível nessa vida, para alcançar a cura total, para seu neto Marcelino. Marcio sabe que seu neto nasceu e está vivo, graças à misericórdia e justiça, do amor de Deus, que nos concede a reencarnação, como reparação de nossos erros, e cabe a nós encarnados, ajudar nossos irmãos, com preces e pensamentos positivos.

A CURA TOTAL DE MARCELINO

A criança sofreu muito, desde os três aninhos, varava as noites aos gritos de dor, sem que nenhum remédio pudesse dar um alívio, ele passou por diversos tipos de tratamento e nada adiantou.

Marcio chegou a emagrecer dez quilos, e viajou até o outro lado do mundo, sem obter resultado satisfatório. Mas para felicidade de todos, aos onze anos e três meses, a doença saiu depressa e sorrateira, tal como entrou, sendo restaurada totalmente a saúde de Marcelino.

Comemoração de Natal

Aproxima-se o Natal e todos da família participam das atividades dos centros espíritas, e já falam em abrir, mais uma casa espírita, e um lar para idosos.

E onde um dia foi a fazenda do coronel Onofre, parece uma metrópole, lá existe prédios, escolas, faculdades, salões de festa, centro de recuperação de drogados, parques e zoológico com animais de várias espécies.

Passados alguns anos, Marcio e Mariana; estão na terceira idade, e aposentados, mas adora um forró, uma roda de amigos, uma piada salutar... E agora estão juntos, para comemorar o ano novo e aproveitam para distribuírem muitos presentes.

Quanto a Marcelino, um rapaz cada vez mais saudável, ele é o complemento da felicidade de seus pais e avós, costuma desde criança, acariciar a barba, de seu querido avô Marcio, e para finalizar todos gritam, feliz ano novo, Marcio pede a atenção de todos, e faz uma prece.

─ Meus queridos e amados irmãos em Cristo Jesus, que “Deus”, nosso pai e senhor, na sua infinita bondade e justiça, abençoe cada um de nós, hoje agora e sempre, e que nós possamos absorver, os sinais que são enviados, através de diversas formas na natureza.

Sinais estes que vem do mar, das florestas, das montanhas, dos rios, do vento e do ar. Tudo isso com intuito de nos avisar que a Terra chora, e que o planeta vai se transformar.

Irmãos é bom revermos e refletirmos o que fizemos, pois é hora de reparar, pedir perdão, e se perdoar. Ajudando a salvar o planeta, e colocar Deus em primeiro lugar, na nossa vida, na nossa mente, e no nosso coração, que a paz seja com todos. Feliz ano novo meus irmãos. Feliz ano novo com Jesus no coração. Todos ficam emocionados e cantam...

Este ano, quero paz no meu coração...

Enquanto isso, outros se aproximam para uma foto com a família.

Fim

VOCABULARIO

Encrenqueiro: Que procura confusão

Carracismo: Sujeito carrancudo

Atravessadores: Que compra abaixo do preço

Cidadela: Cidade de pequeno porte

Tomar fôlego: Que respira apressado

Morreu Maria preá: (esquecer o assunto)

Bastardo: Que não é legítimo não aceito

De sol a pique: Que trabalha no sol

Meeiro: Que é dividido ao meio (Acordo)

Cuscuz: Comida preparada do milho ralado

Beijú: Culinária indígena

De cume: Alimento para os bichos de criação

Mii: Milho debulhado e seco

Visse ou vixe: (Vício de linguagem) Você viu.

Zonze e meia: Refere-se à hora, onze e meia

Ralha: Bronca por alguma falta

Varremo: Ato de barrer

Roça: Lugar de plantação

Bicho: Vaca boi porco étc.

Trabaio: Quis dizer Trabalho

Nadíca de nada: Coisa nenhuma

Sustança: Que tem vitaminas

Véi: Idoso

Avexando: Que se apressou

Avexe: Que se apressa

Mulé: Se referindo á mulher

Zuada: Barulho alto

Oxente: Ou gente

Fia: Se refere a filha

Farta: Escassez

Trabaia: Trabalhar

Acorreger: Correção

Tamo: Refere-se á está

Bed boy: Garoto mal

Sket: Pequeno texto para teatro

Tim Tim, por Tim Tim: De pouco a pouco

ChayronClub: Boate e restaurante

Cafetões: Aliciador para prostituição

C. T: Cabo Tonho

COM JESUS

Heronides
Enviado por Heronides em 21/05/2021
Reeditado em 22/05/2021
Código do texto: T7260965
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