Ajudar
 
"Será que eu vou ser vendido?" A queda foi feia, machuquei a minha pata de modo que provavelmente não serei mais útil para a corrida.
Mas eu já trouxe Glória ao meu dono. Ele terá piedade de mim, e me levará para uma fazenda das muitas que ele tem e eu serei muito feliz assim penso. Nesta coxia sinto a apreensão de não ir mais para as corridas. Eu era o cavalo alazão que sempre fazia a diferença. Agora estou aqui me recuperando. Mas fiquei com sequelas que não deixam meu trote bom para a corrida. Ele esta vindo até mim. Um relinchar, um mexer na crina, tudo isto pode demonstrar que sou ainda o mesmo cavalo que lhe trouxe tantas glórias. 

— Ele esta me mostrando os dentes, para um desconhecido? Boa coisa não é. E não foi.
— Serve para o teu negócio. Ele tem uma pequena falha no trote, porém sabe cavalgar com montaria de modo calmo se preciso. 
—Será? Ele é manso. É disto que precisamos, para a sua nova tarefa. 

Ao escutar aquilo compreendi, dei um coice na coxia, e voou feno para todo o lado. O possível comprador, virou e estava indo embora. Eu dei uma relinchada feliz se era para ser um potro manso. Isto eu não seria.

— Espere, espere! Faço lhe uma pechincha.

Como se tivesse pessoas por perto, os dois cidadãos cochicharam entre si. Aquele homem que parecia gentil sorriu.

E disse:
— Sendo assim, eu levo. Vou ter um pouco de trabalho com este cavalo porém, é um ótimo valor vou levar. Gritei esperneei, e fiz de tudo para demonstrar que era aquele o meu lugar de nada adiantou. Veio uma agulhada, sedativa que me fez dormir. Ao acordar estava sendo lambido por uma égua. 
— Acorde dorminhoco, o dia esta começando e a clientela esta chegando. Eu levantei daquela nova coxia, era bem maior do que a minha. Estava numa espécie de clínica? o que seria aquilo. Ela sorriu para mim e relinchou. 
— Você veio por que o Rocinante, se foi. Deu uma relinchada, triste. Mas tudo tem o seu tempo, e agora é o seu tempo. Como é o seu nome? Esticava as patas era tão absurdo um nome ela iria rir... 
— Trinta e quatro.
— Trinta e quatro, como assim? Meu nome é Cleópatra, Vou te chamar de Troféu, esqueça essa de trinta e quatro, vamos trabalhar em três aqui. Eu vou para a pista agora aprenda pois amanhã provavelmente você começa seu serviço. Você tem paciência? E tem que ter muito amor. Ela olhou para mim outra vez, voltou comer um pouco de ração, e logo chegou, era um Doutor, chamou pelo nome. 
— Cleópatra, sua cliente chegou.

Eu curioso fiquei a observar do que se tratava. Era uma menina parecia toda entravada. Ela olhou-me e sorriu, ela caminhou com aquela menina e o doutor, deram várias voltas. Eu fiquei a contemplar aquela cena. Depois aquela mesma menina estava na piscina, era outro cavalo, este eu não conhecia, que a cavalgava. Eu fiquei a observar tentando compreender o que eu faria, qual seria a minha função ali. Ela voltou para o estabulo e veio me cheirar.

— Gostou? Eu sou as pernas daquela garota, já acompanho ela há anos. E você vai querer ser as pernas de alguém. Escutei o dono falar que amanhã você começa. No lugar do Rocinante. Ela fechou os olhos e abanou a crina, para espantar uma mosca que a incomodava. Eu fiquei a noite inteira acordado pensando como seria o meu novo serviço. As pernas de um alguém que não caminha. Trocaria a velocidade das minhas pistas? Será que ela gostara de mim? Tantas coisas que o sono veio e o novo dia foi fascinante.

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Waldryano
Enviado por Waldryano em 28/02/2021
Reeditado em 28/02/2021
Código do texto: T7195100
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