AS SOMBRAS DOS DESEJOS (miniconto) Dedicado às poetisas Norma Aparecida Silveira de Moraes e Maria Augusta da Silva Caliari
Norma e Augusta eram muito amigas desde a tenra infância. Viviam grudadas uma na outra até mesmo para se apoiarem, pois eram de famílias abastadas que lhes dedicavam um tempo mínimo de atenção, em resumo tinham dinheiro e um fiapo de amor. A amizade delas era maior do que tudo em suas vidas, um pacto mudo de cumplicidade que as fazia passar por tudo sem muitas dores no coração, só se incomodavam bastante com as diferenças sociais. Em suas muitas fugas enganando os seus seguranças, viam a pobreza que cercava a sua cidade e isso era motivo para muitas conversas entre elas, sonhavam fazer alguma coisa, até mesmo já haviam pedido aos seus pais que ajudassem certas pessoas, mas, era em vão, parecia que as adolescentes apenas estavam entediadas, então, lhes promoviam viagens e davam o assunto por encerrado.
Numa tarde em suas fugidas pela cidade, Norma e Augusta observam uma mãe maltrapilha, com dois filhos pequenos, morando na rua e pedindo sem sucesso uma ajuda para alimentar os filhos, as moças deixam algumas notas com a mulher e seguem deixando suas sombras pela parede. Se tivessem olhado para trás outra vez, teriam visto que a mulher se levantava com uma chave na mão. Ela e seus filhos vestidos com roupas decentes atravessando a rua e na casa em frente lhes esperavam várias sacolas de compras, a mulher olha à sua volta, se lança ao chão de joelhos e agradece aos céus tantas bênçãos.
As moças seguem seu passeio furtivo e observador e encontram em frente a uma padaria bem grande, um rapaz pedido dinheiro para comer ou um trabalho que lhe possibilitasse isso, mas, ninguém entrando e saindo lhe dava atenção, o rapaz parecia faminto, Norma e Augusta se aproximam, compram um belo lanche para ele, lhe entregam e seguem o seu caminho, deixando suas sombras passando pela vitrine do comércio. Outra vez não viram quando o dono da padaria, se aproximando do rapaz, lhe oferece um emprego, informando que tinha um quartinho nos fundos que ele poderia morar enquanto trabalhasse lá. A felicidade estampada no rosto do rapaz, teria feito com que elas ficassem mais alegres naquele dia.
Algumas poucas quadras depois, Norma e Augusta observam uma cena chocante, um senhor de idade bem avançada, pedindo esmola para poder levar alimento para casa para sua esposa enferma, só que ninguém lhe dava uma moeda sequer, a tristeza no olhar do homem era de doer. Desta vez, Norma e Augusta se condoeram por demais, entregaram ao homem quase tudo o que tinham nas bolsinhas, ficando apenas com dinheiro suficiente para um taxi para voltarem para suas casas. Desejam do fundo do coração que aquilo fosse suficiente pelo menos para comida e remédios e aflitas, pediram a Deus que a mulher dele ficasse curada, pois deviam ser muito ligados e temiam que a solidão tornasse ainda sofrida a vida daquele pobre senhor. Seguiram para um ponto de taxi, deixando suas sombras deslizando pelo calçamento, elas já estavam há muito tempo fora de casa e a bronca dos pais seria tensa. Também temiam pelos empregos dos seus seguranças, eles não conseguiam impedir a saída delas, eram jovens e espertas demais.
Mais uma vez não tiveram conhecimento de que o velho homem, chegando a casa com os remédios para a sua amada esposa a encontrara bem mais saudável e de joelhos no meio da sala, agradecendo tantas compras que haviam deixado em sua cozinha e ela nem imaginava como aquilo tinha acontecido, pois acamada não ouvira ninguém entrar, mas, ferrenhamente agradecia a enorme benção recebida, a alegria estampada nos olhos do homem era de puro enlevo.
Depois de muitas broncas as mocinhas foram para a cama em suas casas, com a certeza de seus seguranças não seriam punidos, apenas advertidos, o que confortou seus corações.
Naquela noite em duas casas abastadas, duas mocinhas dormiam serenamente, com suas sombras de tom fúcsia sobre elas só velando o seu sono. Na madrugada num voo com rastro prateado as sombras subiram aos céus depois de terem deixado um planar de bondade num dia incomum.
* Imagem - Fonte - Google
* istockphoto.com
Norma e Augusta eram muito amigas desde a tenra infância. Viviam grudadas uma na outra até mesmo para se apoiarem, pois eram de famílias abastadas que lhes dedicavam um tempo mínimo de atenção, em resumo tinham dinheiro e um fiapo de amor. A amizade delas era maior do que tudo em suas vidas, um pacto mudo de cumplicidade que as fazia passar por tudo sem muitas dores no coração, só se incomodavam bastante com as diferenças sociais. Em suas muitas fugas enganando os seus seguranças, viam a pobreza que cercava a sua cidade e isso era motivo para muitas conversas entre elas, sonhavam fazer alguma coisa, até mesmo já haviam pedido aos seus pais que ajudassem certas pessoas, mas, era em vão, parecia que as adolescentes apenas estavam entediadas, então, lhes promoviam viagens e davam o assunto por encerrado.
Numa tarde em suas fugidas pela cidade, Norma e Augusta observam uma mãe maltrapilha, com dois filhos pequenos, morando na rua e pedindo sem sucesso uma ajuda para alimentar os filhos, as moças deixam algumas notas com a mulher e seguem deixando suas sombras pela parede. Se tivessem olhado para trás outra vez, teriam visto que a mulher se levantava com uma chave na mão. Ela e seus filhos vestidos com roupas decentes atravessando a rua e na casa em frente lhes esperavam várias sacolas de compras, a mulher olha à sua volta, se lança ao chão de joelhos e agradece aos céus tantas bênçãos.
As moças seguem seu passeio furtivo e observador e encontram em frente a uma padaria bem grande, um rapaz pedido dinheiro para comer ou um trabalho que lhe possibilitasse isso, mas, ninguém entrando e saindo lhe dava atenção, o rapaz parecia faminto, Norma e Augusta se aproximam, compram um belo lanche para ele, lhe entregam e seguem o seu caminho, deixando suas sombras passando pela vitrine do comércio. Outra vez não viram quando o dono da padaria, se aproximando do rapaz, lhe oferece um emprego, informando que tinha um quartinho nos fundos que ele poderia morar enquanto trabalhasse lá. A felicidade estampada no rosto do rapaz, teria feito com que elas ficassem mais alegres naquele dia.
Algumas poucas quadras depois, Norma e Augusta observam uma cena chocante, um senhor de idade bem avançada, pedindo esmola para poder levar alimento para casa para sua esposa enferma, só que ninguém lhe dava uma moeda sequer, a tristeza no olhar do homem era de doer. Desta vez, Norma e Augusta se condoeram por demais, entregaram ao homem quase tudo o que tinham nas bolsinhas, ficando apenas com dinheiro suficiente para um taxi para voltarem para suas casas. Desejam do fundo do coração que aquilo fosse suficiente pelo menos para comida e remédios e aflitas, pediram a Deus que a mulher dele ficasse curada, pois deviam ser muito ligados e temiam que a solidão tornasse ainda sofrida a vida daquele pobre senhor. Seguiram para um ponto de taxi, deixando suas sombras deslizando pelo calçamento, elas já estavam há muito tempo fora de casa e a bronca dos pais seria tensa. Também temiam pelos empregos dos seus seguranças, eles não conseguiam impedir a saída delas, eram jovens e espertas demais.
Mais uma vez não tiveram conhecimento de que o velho homem, chegando a casa com os remédios para a sua amada esposa a encontrara bem mais saudável e de joelhos no meio da sala, agradecendo tantas compras que haviam deixado em sua cozinha e ela nem imaginava como aquilo tinha acontecido, pois acamada não ouvira ninguém entrar, mas, ferrenhamente agradecia a enorme benção recebida, a alegria estampada nos olhos do homem era de puro enlevo.
Depois de muitas broncas as mocinhas foram para a cama em suas casas, com a certeza de seus seguranças não seriam punidos, apenas advertidos, o que confortou seus corações.
Naquela noite em duas casas abastadas, duas mocinhas dormiam serenamente, com suas sombras de tom fúcsia sobre elas só velando o seu sono. Na madrugada num voo com rastro prateado as sombras subiram aos céus depois de terem deixado um planar de bondade num dia incomum.
* Imagem - Fonte - Google
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