O namorado- Parte II


Parte I: https://www.recantodasletras.com.br/realismo-magico/6981086

- Lívio? Isso só pode ser brincadeira.
-Não. É bem real...
-Você ouviu eu lendo a mensagem do meu celular e ai, fez uma mágica e mudou seu nome para Lívio. Foi isso!!!
- Nathália, se eu fizesse mágica não precisaria de sua ajuda. Eu mesmo faria o trabalho todo.
- Ai meu Deus!!! - Fala Nathália andando de um lado para o outro da sala.
- Nathália, se acalme. Podemos estar sendo vigiados...
- Me explica então! Ninguém mais pode te ver? -Pergunta Nathália.
- Ver podem, só não podem me ouvir e nem falar comigo. Bem, falar até podem, aparece cada doido por aqui... Mas, eles não podem me ouvir. 
- Ai, ai,ai. Ainda não estou acreditando...
- Pois, pode acreditar. - Fala Lívio.
- E o que a gente faz agora? Não posso fazer e nem participar de ritual, viu?! Sou católica.
- Eu também sou. E dos originais. Diretamente de Roma.
- É mesmo! - Fala Nathália lendo um breve relatório da pasta amarela. Você é italiano. Lívio Di Lorenzo. Nascido em 1887 e vindo para o Brasil em 1910. Causa mortis: Gripe espanhola. Minha nossa em 1911.
- Ai Fala a respeito dos meus pais, de algum familiar ou sei lá, alguma coisa mais recente?
- Não, só isso. Você não se lembra de mais nada?
- Não.
- A pergunta que não quer calar: o quê vamos fazer agora?
- Na pasta fala do resto do meu corpo?
- Sim. Está conservado no freezer da sala principal.
-Você sabe onde é?
- Sei. Mas lá é fechado. Só quem tem acesso é o coordenador do curso. Os alunos não podem entrar lá desacompanhados.
- Mas, se meu corpo está lá, precisamos entrar...
- Está quase na hora de eu ir embora. -Fala Nathália. 
- Mas , você não pode me deixar aqui!
- E como vou tirar você daqui? - Pergunta Nathália.
- Não posso ficar! Ultimamente tem aparecido caçadores de zumbis. Nunca me pegaram por que eu ainda não tinha tido o imprinting com ninguém, mas agora, se eles me pegarem eles farão coisas horríveis. Por favor, não me deixa.
- E como você sabe que são caçadores de zumbi?
- Caçadores, fanáticos, praticantes das artes das trevas, tudo a mesma coisa. Um povo de preto com franja nos olhos vem dançar aqui. Eles fazem coisas com partes humanas, sabia? Por favor não me deixe. Me leve com você.
- E como vou saber se você está falando a verdade?
- Me tira daqui que te explico tudo.
- E se o que você precisa é só de alguém que te tire daqui para você fazer algo ruim?
- Nathália, eu preciso de ajuda... Por favor...
- Jure que você não é do mal!
- Eu não sou do mal.
- Jure!!!
- Eu até levantaria a minha mão direita... Se eu estivesse com a minha mão.
- Jure!!!
- Eu juro que não sou do mal.
- Fale o nome de Jesus!
- Isso é um exorcismo agora, é? Sou um Zumbi. Não queria ser! Mas sou ou estou, não sei mais...
- Fale!!!
- Jesus. Jesus. Jesus. "O sangue de Jesus tem poder, tem poder, tem poder e faz o inferno estremecer." Está bom para você?
- Ok.
- Pode me tirar daqui agora? Pergunta Lívio.
- E eu vou sair por ai com uma cabeça embaixo do braço... Vou falar o quê? E sem falar que é furto. Posso ser expulsa da faculdade.
- Nathália, por tudo que é mais sagrado, só não me deixa aqui... Hoje a noite eles vêem novamente e vão forçar o imprinting. de volta a vida. Eles têm poções e livros. Não me deixe.
- Nossa, que coisa horrível. Espera. Vou tentar encontrar alguma coisa que ajude a te esconder. Pensa, Nathália, pensa. - Na minha bolsa! É isso!
- Nessa pochete? Não caibo.
- Não é um pochete coisa nenhuma! É pequena e bastante prática.
- E se você pegar aquele cooler "emprestado"? Diz Lívio.
- Mas, ele tem uma peça nova que ainda nem foi catalogada. O professor acabou de trazer.
- É uma emergência. Me tira daqui e me coloca lá. E o que estiver lá coloca aqui.
- Está bem, vou fazer isso.
-Ai meu Deus! Outra cabeça. Diz Nathália.
-Sério?
- Que não tenha imprinting, que não tenha imprinting...que não tenha imprinting.
- Ai! Ai! Com cuidado. Posso me desmanchar todo. - Diz Lívio ao ser tirado do recipiente e colocado no cooler.
- Certo. Estou fazendo o meu melhor, sabe?! Nunca tive que lidar com uma cabeça falante na minha vida, não sem o corpo.
- Vamos logo!
-Pera, deixa eu cuidar dessa outra cabeça...
- Cuida!
-Calma. Você pensa que está sendo fácil para mim processar tudo isso?
- Por favor, vamos sair daqui o mais rápido possível. Não estou com um bom pressentimento. - Diz Lívio.
- Vamos!
- Boa tarde, tudo bem? Pergunta o segurança no momento em que Nathália está saindo da sala.
- Tudo bem sim. É você quem vai fechar a sala?
- Sim, sou eu.
- Está bem, obrigada.
- Por favor, assine aqui o livro de chaves.
- Pois não.
- Estava só?
- Sim. Vim estudar para a prova...
- E o que leva no cooler?
- Aqui? É só o material da minha pesquisa.
- Está com nome do professor Bruno.
- É... Ele é meu orientador.
E na bolsa?
-Minhas coisas...
- Posso ver o cooler?
- O senhor que ver?
- Posso?
- Bem...
Com medo de ser apanhada, Nathália lentamente pega o cooler. Se correr não irá conseguir ir muito longe. O campus é cheio de segurança, câmeras e outros funcionários que a poderiam detê-la rapidamente. Não há outro jeito.
- É que emperrou a tampa...
- Deixa eu te ajudar.
O vigilante pega o cooler e tenta abrir.
- Realmente está emperrada. Vou tentar com mais força.
- Alberto, em Q.A.P? Algum outro vigilante o chama no rádio.
- Estou, adianta o QTC.
- Preciso de reforço aqui na biblioteca. Parece que há alguns alunos fazendo uma manifestação.
- Entendido. Estou indo. Tudo bem,moça, pode ir. Fala o segurança para Nathália.
Ainda trêmula, Nathália pega o cooler e sai arrastando sobre as rodinhas emperradas à revelia dos apelos de Lívio de que ela deveria ser mais delicada.
- Não temos tempo, você entende? Vão sentir falta logo, logo. E com o medo que eu estava assinei meu nome verdadeiro. Droga, droga, droga. Estou perdida.
- Anda logo, depois você se lamenta. Pior será se formos pegos aqui.
- Está bem. Meu carro está logo ali. Diz Nathália.
- Torço mesmo que esteja.
- Chegamos. Qual será o nosso próximo passo?
- Hoje à noite eles iriam fazer um ritual para forçar o imprinting.
- Sério?
- É. Eles nos torturam. Querem falar com os mortos.
- Que horror!!!
- Por isso que eu não podia ficar lá. Me entende agora?
- Sim. Sim. E depois, o que eles fazem com vocês?
- Não sei bem, mas eles nos usam como uma espécie de atração em algum lugar. Alguns fazem amuletos com partes dos nossos corpos. Dimunem até as nossas cabeças para usarem como chaveiro.
- Caramba. Eles são loucos!  E você reconheceria alguém desse grupo se os visse?
- Sim. Aquele segurança é um deles.
- Sério?
- O nome dele é Alberto. Fica durante o dia. E o da noite se chama Marcos. Eles são quem liberam o acesso para os rituais.
- Minha nossa. Você reconhece mais pessoas?
- O dono desse cooler é outro participante...
- O professor Bruno?
- É o líder. E o restante são pessoas acima de qualquer suspeita.
- Caramba. Como nunca percebi isso?
-Eles devem achar que você não se encaixa no perfil...
- Ainda bem, né?! Fala Nathália.- E como eles podem ser reconhecidos? Tem um jeito de andar, de falar, algum código?
- Eles sempre usam roupas pretas, coturno e maquiagem pesada.
- São tipo góticos ou emos?
- Não, só se parecem. Mas, para onde estamos indo? Pergunta Livio.
- Pedir ajuda. Onde está meu celular? Tenho certeza de que eu coloquei... Ai, caramba. Será que deixei lá? Não, está na bolsa.
-Está fazendo o que?
-Preciso do celular e está na mala. É rápido...
Nathália para o carro, desce e pega o celular dentro da bolsa que havia guardado na mala.
- Pronto. Achei. Fala Nathália.
- Vai falar com quem?
- Minha cumade. Ela vai saber o que devemos fazer.
- Ela usa coturno? Pergunta Lívio.
- Não.
- Veste roupas pretas?
- Só as vezes. Mas ela não faz parte desse grupo, com certeza.
- Está bem. Finaliza Lívio.
- Alô, Cudame. Estou aqui embaixo.
- Pera, tô indo. Fala Aline. Oi, Nathy. Tudo bem? Entra.
- Oi cumade. Não vou entrar. Onde está Vicente?
- Está na casa de mainha.
- E Mika?
- Com George em Picuí.
- Tá sozinha?
- Tô, Nathália Augusta. Por quê?
- Entra aqui no carro!
- Pra quê? Pergunta Aline.
- Dá uma volta.
- Por que não podemos conversar aqui em casa?
- Te conto tudo no caminho.
- Vije, Cumade. Que suspense!
- Você nem imagina.
- Que cheiro forte de remédio, chega arde o nariz, o que é isso, hein? Fala Aline fazendo uma careta.
- Eu estava no laboratório estudando. E aconteceu algo. Se lembra da mensagem sobre Lívio?
- Hum rum. De hoje pela manhã. Tive um sonho de que tu conhecia ele.
- E conheci.
- Men-ti-ra! É da tua turma?
- Mais ou menos.
- Como assim?
- Faz um tempo que ele está lá.
- Um funcionário?
- Não. Pior?
- Na-thá-lia, criatura. Ele é casado?
- Não, cumade. Não. Na verdade ele está morto.
- Lívio está morto?
- Há cento e dezenove anos.
- Como é?
- É uma longa história.
- Pois trate de contar que pelo jeito a gente tem tempo.
- Certo, vai parecer que estou meio louca. Mas não estou, viu?! Você tem de acreditar em mim.
- Certo. Então conte logo.
- Eu estava estudando para uma prova... Quando, de repente, ouço uma voz me chamando. Quando vejo, era uma cabeça dentro de um vidro com formol.
- Por isso esse cheiro... Diz  Aline.
- Isso. Fala Nathália.
- Você está com uma cabeça aqui no carro?
- Calma, cumade. Deixa eu contar a história, por favor.
- Certo. Vá.
- Então, a cabeça falou comigo e pediu ajuda.
- Uma cabeça falante? Pergunta Aline intrigada com a hitória.
- Ele é um zumbi... E disse que precisava de ajuda...
- E por quê você?
- Ele disse que teve um imprinting...
- Igual o de Jacob com a filha de Bella?
- Foi.
- Eu posso rir agora?
Aline não consegue conter o riso.
- Mulher, isso é coisa de filme. Não acontece na vida real. Diz Aline.
- Cumade, não estou inventando.
- Nathália, não estou dizendo isso...
- Abra o cooler. Pede Nathália.
- A cabeça está nele?
- Só abra!
- Vou ter medo?
- Cumade, abra!
- Calma, vou abrir, se alguma coisa pular em mim eu te mato, Nathália. Diz Aline, se virando no banco da frente para ir alcançar o cooler.
- Buuuh.
- Mi-se-ri-cór-dia. O que é isso?
- Lívio, essa é minha cumade. Cumade, esse é Lívio.
- Muito prazer. Diz Lívio.
- Sério, o que é isso? É uma pegadinha? Pergunta Aline.
- Acredita em mim agora? Pergunta Nathália.
- Não ,mulher. Isso é brincadeira. Como pode? Diz Aline.
- O pior é que é real... Diz Nathália.
-:Eu sou real. Fala Lívio.
- Me explica esse negócio, agora! Diz Aline.
- Ele está morto há 119 anos.
- Impossível isso...
- E o pior...
- Ainda tem coisa pior? Pergunta Aline.
- De acordo com Lívio, existe um grupo que captura zumbis para fazer magias e outras coisas horríveis. Hoje a noite eles iriam tentar forçar o imprinting com ele. Por isso me pediu ajuda. E você tem que me ajudar.
-Mas, porque você?
- Estou fazendo essa pergunta desde que ele falou comigo. Mas, se concentra, você tem que me ajudar.
- Ajudar como?
-O restante do corpo de Lívio...
- O meu? - grita Aline - Você não está pensando em usar meu corpo não, né???
- Claro que não, Cumade.  A gente tem que pegar o resto do corpo dele lá na universidade. Está em uma sala fechada e de acesso restrito.
- Contasse para mais alguém?
- Não. Estava pensando em falar com padre Gimmeson.
- Ele não vai poder ajudar. Diz Aline rindo.
- Por quê?
- Ele tem medo dessas coisas.
- É só falar para ele que eu sou um zumbi do bem. Diz Lívio.
-Não vai adiantar. Ele vai ter medo. Replica Aline.
- Aí, ai, aí. O que fazemos? Perguntar Nathália.
-Ei , espera. Ali é George. Buzina para ele!!! Ge-or-ge. Ge-or-ge! Grita  Aline.
- Oi, amor. Oi Nathália. Vão para onde?
- Oi, amor.
- Oi, Cumpade. Tu pode acompanhar a gente?
- Aconteceu alguma coisa? Pergunta George.
- Sim, aconteceu. Só não dá para falar agora.
- Vocês estão indo para onde?
- Só acompanha a gente, beleza?!
- Certo. Fala George.
Enquanto isso, Natália e Aline estão decidindo para onde ir.
- Já sei. Vamos lá em Flavinho. A casa dele é em frente a uma mata. A gente enterra lá e fica tudo resolvido. Fala Natália.
- Se fosse para fazer isso era mais fácil ter deixado ele no laboratório a própria sorte.
- Isso, vamos devolver ao laboratório, então.
- E a história da seita que caça zumbis e que faz coisas horrivéis...
- É mesmo. Estou ficando louca. Confusa. Já nem sei o que fazer.
- Aline. Alinêêê.
-O que você quer?
- Diga a Nathália que eu quero uma bitoquinha.
-Nunca nesse Brasil. Fala Nathália.
- Depois, recuperar o meu corpo. Aqueles malditos ainda podem me fazer mal. Preciso do meu corpo inteiro. E Nathália sabe onde está.
Aline fecha o cooler e volta a conversar com Nathália.
- Nathália, o quê vamos fazer?
- Vamos ter que ajudá-lo! Disse Nathália.
- Vamos precisar de mais ajuda. Diz Aline
- Então volta o plano de ir em Flavinho?
- Só se não for para me enterrar. Gritou Lívio de dentro do cooler.
- Vou ver se ele está em casa. Fala Nathália.
- Vocês podem pelo menos deixar o cooler aberto. Sou meio claustrofóbico.
- Não.
- Não.
- Desculpa. Vou me recolher a minha insignificância.
- Alô, Flavinho?! Estás em casa? Ei, estou indo ai com Aline e George, visse. É uma emergência. Tu manja de zumbis ainda? Ótimo. Então, já já chegamos aí. Fala Nathália desligando o celular.
-Flavinho está esperando a gente.
 

CAPÍTULO 3

- Ooooi pessoaaaal.. Disse Flavinho de forma escandalosa como ele é. Com o celular na mão para tirar fazer "storie". Chegaram bem na hora da minha sessão de cinema...

-Ooooi, Flavinho.

- Pensei que vocês não iam mais parar de andar. Disse George descendo da moto para as meninas.

- E ai Garotinho, beleza?!

- Fala, Flavinho.

- Podem entrar. Querem alguma coisa? Uma água, um refrigerante? E que cheiro de remédio é esse?

- Formol. Disse Aline.

- Viemos só conversar, Flavinho. Diz Nathália.

-Na verdade uma consultoria... Fala Aline.

- Não existe só conversar. Primeiro a gente lancha e assiste, depois conversamos. Vocês não vão me deixar só no dia do "Zumbi's filmes".

- O quê? Perguntou Natália.

- Só pode ser brincadeira. Disparou Aline.

- Hoje é a tarde do Zumbi. Tenho aqui Minha ex-namorada é um zumbi. Zumbis em alto mar e para fechar com chave de ouro, temos a pré-estreia de Andando e Morrendo, a melhor seria brasileira de zumbis da história. - Fala Flavinho cheio de empolgação.

- Gostei desse cara! Falou Lívio.

- Quem disse isso? Será que foi um zumbi? Fala Flavinho rindo da própria piada e cutucando George com o cotovelo.

- E por que tu não assiste esses filmes à noite? Pergunta Nathália.

- Sabe como é... Tenho um pouco de medo.

- Mas, tu não é o expert em zumbis? Diz Nathália.

- Mas tenho medo! Tem médico que tem medo de sangue...Alpinista que tem medo de altura... Eu tenho medo de zumbis. Fala Flavinho.

- Mas, viemos fazer o quê aqui? Pergunta George.

- Só mostrar uma coisa para vocês. Diz Aline.

- Para mim e Flavinho? Por que não podia ser lá em casa? Fala George.

- Olhem dentro daquele cooler por favor.

- Vije, fede a podre. É um bicho morto? Fala Flavinho.

Elas abrem o cooler e Flavinho dá de cara com uma cabeça inerte.

- Mas que merda é essa? Fala Flavinho antes de desmaiar nos braços de George.

- Nathália, pelo amor de Deus. Por que tu fez isso com Ele? Pergunta Aline.

-Você fizeram o quê com Flavinho? Pergunta George segurando o desmaiado.

- Aline, ele mesmo disse que era a tarde do Zumbi. Então, para que ele assiste essas coisas?

A cabeça continuava inerte. Aline conversava com Lívio, mas sem resposta.

- Será que ele morreu de verdade, hein? Fala Nathália brincando.

-Tomara que não né? Diz Aline.

George ainda não tinha visto o conteúdo do cooler e estava segurando Flavinho. Tentando colocá-lo no sofá. "Vije, como ele é pesado. Essa quarentena não fez bem a ele".

- Mas, o que foi isso? Alguém me explica, por favor!

Enquanto George coloca Flavinho no sofá, Lívio fala baixinho com Natália e Aline.

- Quem é esse?

- O que desmaiou é Flavinho, diz Nathália.

- E o que está segurando ele é o meu marido. Fala Aline.

- Por que ele está de coturno e de roupa preta?

-Ele veio de viagem. Por isso está vestido assim. Diz Aline.

-Tem certeza que ele é confiável?

-Plena certeza.

- E se ele for do grupo dos caçadores de zumbis?

-Pode ter certeza que ele não é! Diz Aline.

-Posso mesmo?

- Pode.

- Então contem.

-Flavinho precisa de um regime urgente. Diz George.

-Ele ainda não retornou? Pergunta Aline.

- Não. Ficou bastante impressionado. O que ele viu?

-George, nós estamos aqui porque precisamos ajudar alguém.

- Se for Flavinho, já estou ajudando.

- Não. Flavinho, não. O nome dele é Lívio.

- Lívio? fala George rindo. Lívio apareceu? O Lívio de Natália? Parabéns. Fala George em tom de alegria e descontração.

- Obrigada. Mas, não é motivo de comemoração, pelo menos ainda.

- O que foi? Aconteceu alguma e eu não sei?

-Está acontecendo. Fala Aline.

- Mas, me digam logo!

- Lívio está morto!

- Mas o que vocês estão me dizendo?

Flavinho, se recuperando do desmaio, retorna ainda tonto.

- Onde estou?

- Deixa de drama, Flavinho. Tu está na tua casa. Fala Nathália.

- Mas eu vi uma coisa...

- Você viu. Continua Nathália.

- Pessoal, não me digam que Lívio está dentro desse cooler. Fala George.

-Uma cabeça... Diz Flavinho.

-Vocês colocaram uma cabeça dentro deste cooler? Pergunta George.

- Foi. Diz Flavinho sonolento. - Uma cabeça horrível e horripilante.

- Mais ou menos. Diz Aline.

- Como assim? Pergunta George.

-Lívio é um zumbi!

- Um zumbi??? Fala George assustando-se com a resposta de Aline; enquanto Flavinho torna a desmaiar.- "Como assim um zumbi? Tipo os de filmes?"

-Basicamente. Fala Nathália.

-Minha nossa Senhora. Diz George.

- Quer ver?

- Deixa eu me sentar... Vai que eu desmaie feito Flavinho...

- Olhe. Diz Aline abrindo o cooler.

- Nada demais. Só uma cabeça.

- Buuh

- Vije Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Que bicho é esse?

- É o Lívio. A cabeça dele, pelo menos.

- Mais ele é o quê? Pergunta George.

- Sou um zumbi. Diz Lívio.

-E ele fala? Agora entendi porquê Flavinho desmaiou.

- Eu me lembro de você. Aula de neuroanatomofisiologia.

- Eu? Nunca te vi na minha vida. Replica George.

- 2007!

- Nunca.

-Turma de psicologia.

- Verdade. Diz George.

-Verdade? Perguntam Nathália e Aline.

- Eu não disse! Me lembro de você. Fala Lívio.

- Caramba! Nem sei o que falar. E como você fala? Pergunta George.

- Ele teve um imprinting com Natália! Diz Aline.

-Imprinting? Como em...

-Isso mesmo. Como com Jacob e a filha de Bella. Fala Nathália.

- Pelo jeito todo mundo assistiu a esse filme... Diz Lívio.

- É um livro! Fala Aline.

- Mas, também tem um filme. Diz Nathália.

- Parou! Temos uma cabeça monstro dentro de um cooler e vocês estão discutindo se é filme ou livro?

-Eita lá. Cabeça monstro não! Zumbi!

Enquanto isso, Flavinho retorna do seu segundo desmaio.

-Ai meu Deus... o que aconteceu? Pergunta Flavinho retornando do desmaio.

- Por favor, me diz que ele não vai desmaiar de novo... Fala Lívio.

- Escondam a cabeça. Fala George. - Vamos explicar para ele e depois a gente mostra.

- Onde eu estou?

- Deixa de drama, Flavinho. Você está na sua casa e nem invente de desmaiar de novo, se não a gente te deixa aqui e vamos embora. Fala Nathália.

- Você está bem irmão? Pergunta George.

-Estou tonto.

- Se acalme que temos algo para te contar... Diz Nathália.

- É sobre a cabeça? Pergunta Flavinho.

- Não, não. É que o Lívio de Natália apareceu! continua George.

-Ele é uma cabeça?

- Presta atenção. O Lívio de Natália apareceu e está precisando da nossa ajudar. Diz Aline.

................................................

-Boa tarde, Doutor. Fala Alberto, o segurança.

- Alberto, preciso que você vá no laboratório 312 e pegue o recipiente 06 e traga para mim.

- Sim senhor, Doutor.

O telefone do Profº Bruno Toca.

-Oi. Sim. Está tudo certo para hoje. O local está sendo preparado por minha própria equipe.

Profº Bruno coloca o celular no viva voz enquanto liga o computador.

- Bruno, precisamos da lista de todos os participante. Diz a pessoa do outro lado da linha.

- Estou fazendo isso agora.

- Enviei para teu e-mail alguns nome que se inscreveram de última hora.

- Então teremos mais de 250 pessoas? Pergunta o professor.

- Sim, mais não muito. Talvez umas 15 ou 16 pessoas a mais.

- Certo. Vou me certificar com a equipe.

O telefone fixo da sala do professor toca.

- Espera, por favor. Tem alguém me ligando aqui... OI- diz o professor ao atender o telefone. Como assim não está ai? Mas deveria está! Me espere. Estou indo- O professor desliga o telefone fixo.

- Oi. Vou precisar desligar. Diz o professor Bruno.

-Algum problema, Bruno?

-Não. Apenas uma coisa irrelevante. Ele fala.

-Certo. Então até mais tarde.

- Até.

O professor deixa a sua sala apressadamente e vai ao encontro do segurança Alberto. A sala não é tão longe e logo o professor chega.

- Doutor, não está aqui.

- Como não está aqui?

- Procurei em todas as estantes e não encontrei. Apenas esse vidro vazio.

- Mas devia estar aqui. Eu me lembro que eu mesmo o coloquei ontem... Alguém usou esse laboratório?

- Sim.

- Quem?

-Uma orientanda sua...

-Impossível. Esse semestre não estou orientando ninguém... Ela assinou o livro das chaves?

- Sim.

- Aqui. Disse o vigilante.

-Nathália Augusta.

-Conhece ela?

-Sim. Mas não faz parte do nosso grupo. Pesquise nas imagens das câmaras para onde ela foi. Veja se estava de carro e pegue a placa. Só pode ter sido ela.

- Certo.

- E veja no sistema o endereço dela também... E onde está o meu cooler?

- Ela levou.

- O quê? Ela levou? E você nem pediu para ver o que tinha dentro? Perguntou o professor.

- Pedi, mas teve uma urgência na biblioteca...

- Tinha meu nome enorme nele. O deixei aqui justamente para hoje a noite.

- E o que tinha dentro era importante? Pergunta o segurança.

-Outro item para a iniciação . Vá logo fazer o que te pedir e me passe as informações o mais rápido possível. Vou rastrear o cooler.

............................................

Na casa de Flavinho, Nathália, Aline e George tentam contar a ele o que está acontecendo, mais de uma forma para que ele não desmaie de novo.

- O Lívio de Nathália?

- É. Apareceu. Mas, está precisando de nossa ajuda. Diz Aline.

- Então vamos ajudar, né? Onde ele está? Pergunta Flavinho.

- Está aqui. Diz George.

-Aqui onde? Em João Pessoa?

- Não! Aqui na sua casa!

- Onde que não estou vendo?

- Se acalme. Promete não desmaiar? Pergunta Nathália.

- Então o que eu vi realmente era uma cabeça?

- Vai desmaiar? Pergunta Aline.

-Não. Não vou.

- Traz o cooler, George. Diz Nathália.

George traz o cooler.

-Posso abrir, Flavinho?

- Pode.

George abre o cooler e Flavinho fica olhando por uns segundo.

-Foi isso de que eu tive medo? Uma cabeça? Da primeira vez foi mais horripilante. Fala Flavinho.

-Buuh.

- Ai! Ele fez buuh.

Quando Flavinho esboçava outro desmaio Nathália o segurou e deu uma tapa no rosto dele.

- Deixa de chilique. Disse Nathália.

- Mais o que é isso? Pergunta Flavinho.

-Uma cabeça zumbi. Respodem Nathália, Aline e George ao mesmo tempo.

- Um zum-bi? Zumbi. Zumbi de verdade?

-É.

- Caraca, vei. Que massa. Isso é espetacular. Diz Flavinho.

- Mas tu não estava quase morrendo... Fala Aline.

- Isso é demais. Não sabia que existia de verdade.

- Pois é... Existem. Fala Nathália.

- E ele fala mais coisas ou só buuh?

- Tenta ai. Diz George.

-Oi. Diz Flavinho levantando a mão direita como se estivesse num filme de alienígena prestes a fazer contato.

- Oi. Responde Lívio.

- Caraca, vei.

- Flavinho, precisamos de ajuda para recuperar o corpo dele. Diz Nathália.

- E onde está o resto do corpo?

- Na universidade...

- E onde vocês encontraram ele?

-Na universidade... Diz Nathália.

- Então, por que já não pegaram o corpo logo?

- Está numa sala de acesso restrito e só pessoas autorizadas podem entrar lá.

- Entendi. Fala Flavinho.- Caramba, um zumbi... Faz tempo que você é zumbi?

- Faz uns... Antes de Lívio terminar a frase foi interrompido por Nathália.

- Flavinho, você pode fazer uma entrevista depois. Agora, nesse momento, podem ter dado por falta dele...

- Quem? Pergunta Flavinho.

- Os caçadores de zumbis ou algo assim...

- Caçadores?

- É. Eles fazem rituais e magias com partes de corpos humanos... E iam usar o Lívio hoje.

- Mas, e como vocês se conheceram? Pergunta Flavinho.

- Não sei bem como funciona. Diz Nathália.

- Foi um imprinting. Diz Lívio.

- Imprinting. Claro. Isso. Como o de Jacob e a filha de Bella. Diz Flavinho.

-Esse filme deve ter sido um sucesso por aqui... Diz Lívio.

- Pensei que imprinting só havia com lobisomens e vampiros. Mas com zumbis também ocorrem... Isso tudo é muito massa. E como vai ser esse ritual? Onde? de horas?

- É isso que não sabemos. Diz Aline.

- E como vamos descobrir? Pergunta Flavinho.

- Você não sabe de mais nada, Lívio?

- Não. Só sei que será hoje.

............................

Na universidade.

Mensagem no celular: Doutor, achei o endereço dela e a placa do carro.

Mensagem de celular: Ótimo. Vou divulgar para nossa rede.

Mensagem de celular: Algum resultado com o gps do seu cooler?

Mensagem de celular: Sim. Outra equipe está indo até lá. Fique atento, qualquer coisa me avise.

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-Que horas são? Pergunta George.

- Umas 17h. Diz Aline.

-Já? Temos que agir. Fala Nathália.

-Mas por onde começar? Pergunta Flavinho.

- Se o evento é hoje a noite. E eles percebendo que a cabeça não está mais lá... Podem já ter removido o corpo para o local do evento.

- Faz sentindo... Diz Aline.

- Mas, a gente não sabe se eles já perceberam o sumiço da cabeça.

- Mas, que luz piscante é essa? Pergunta Flavinho.

-Onde?

-Aqui! 

-Droga. É um GPS. Já devem saber da nossa localização. Vamos sair rápido antes que eles cheguem. Diz George. 

 

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 05/07/2020
Reeditado em 09/11/2022
Código do texto: T6997215
Classificação de conteúdo: seguro
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