O namorado - Parte I
Mensagem de Aline no Whatsapp: Cumade, sonhei que teu Lívio aparecia.kkkk
Mensagem de Aline: depois te conto como foi.
-Droga. Droga. Droga. Estou ficando louca. Só pode. É essa pandemia. - Falou Nathália para si mesma.
- Se eu fosse você, não veria dessa forma.
- Não veria? Estou aqui conversando com uma cabeça fantasma dentro de um pote com formol.
- Bem, tecnicamente não sou um fan-tas-ma. Sou um zumbi. E estou sem corpo por enquanto. Se você me ajudar já já eu recupero o meu.
- Meu Deus!!! Meu São Gonçalo.
- Deus eu já vi. Esse Gonçalo é o mesmo do de Amarantes?
- Calado!!! Pera, pera. É isso. Estou quente. Estou com febre e com delírios. É normal acontecer isso com quem teve Coronavírus. Calma, Nathália. Vai ficar tudo bem.
- Nathália é um belo nome.
-Calado, espírito do mal!
- Mas, já te falei que não sou um espírito, criatura. Sou um zumbi.
- Tanto faz. Tanto faz. Por quê eu? Por quê comigo?
-Bem, acho que você deve ser especial. Foi a única que me ouviu chamar.
- A única?
-Foi!
- Quanto tempo tu "está" aqui?
- Há muito tempo!
- E por quê ninguém nunca te ouviu? Tinha de ser logo eu?
- Para se ouvir um zumbi tem que ter tipo uma conexão... Um Imprinting. Como Jacob teve com a filha de Bella.
-Quê?
- Da saga Crepúsculo...
- Como tu sabe disso?
- Apesar de ninguém conseguir me ouvir, eu ouvi e vi tudo durante o tempo todo. E esse filme... Chega dava abuso: " Aí, como eu queria encontrar um lobisomem que me amasse". Outra: " Eu queria um vampiro". Já por um zumbi, nunca vi ninguém morrer de amor.
- E eu tive essa conexão com você?
- Para minha sorte, sim.
- Oh meu Deus! Segurança! Segurança!
- Não!!! Não chame ninguém! Não sabemos em quem podemos confiar É perigoso. - Fala a cabeça.
-Segurança. Segurança. Grita Nathália indo em direção a porta.
- Nathália, quando ele chegar você vai dizer o quê? " Moço, me livre dessa cabeça falante, por favor!" Não vai funcionar. Para ele sou apenas uma cabeça. Então pare de gritar.
- Eu tenho que falar com alguém. Meu "Padim Padi Ciço"...
- Esse é bom! É dos fortes.
- Tenho que ir embora.
- Você não vai me deixar aqui, vai? Sozinho ao relento nesse laboratório?
- E você quer que eu faça o quê? Te leva para casa como um souvenir?
- Mas... você não pode me abandonar.
- Eu não posso?
- Nathália, você não está entendendo. Agora que eu despertei para o mundo humano estamos correndo riscos.
- Estou é ficando louca, isso sim.
- Você tem que me tirar daqui...
- Nunca mais piso nesse laboratório...
- Nathália, quer você goste ou não, já está envolvida numa guerra...
- Meu Deus, vou fazer pedagogia.
- Nathália, me escute, por favor! - Grita a cabeça.
- O que é?
- Você está assustada. É normal. Já vi isso acontecer algumas vezes. Quando você assimilar o que está acontecendo, vai se acalmar.
- Como você tem certeza disso?
- Já vi outros imprinting acontecerem. Infelizmente alguns não tiveram a sorte de encontrar uma pessoa legal...
-Sei...
-Olha, lá naquele armário tem uma pasta catalográfica. Você vai encontrar informações sobre mim.
- E quem disse que eu quero saber de você?!
-Nathy!
- Não me chame assim, sua... Sua... Cabeça!
- Lá, inclusive, vai ver o meu nome e assim, você vai parar de me chamar de fantasma e cabeça.
- Qual o seu nome?
-Veja na pasta!
-E por quê você mesmo não me diz?
- Se eu disser você não vai acreditar.
-Droga. Droga. Droga. Não acredito que estou recebendo ordens de um fantas...
- ZUMBI!!!
- Certo.
- Qual é a pasta?
- Acho que é uma amarela.
- Amarela. amarela. Amarela... Achei.
-Achou?
- Esse era você?
- Esse sou eu!
- Nome... Aí, meu Deus.
- Prazer, Nathy. Sou o seu Livio.