ABAIXO DA RAIZ NÃO TEM CAFÉ
Cansado de comer grama pela raiz, quebrou o madeirame envelhecido do caixão, a cova era rasa, abrir espaço para que o seu braço quase todo descarnado atravessasse o solo sagrado, foi até fácil. A terra estava meio fofa por causa de dois dias chuvosos anteriores, conseguiu enfim sair da cova inteiramente com fome de assustar, era noite e tudo estava vazio no camitério.
Luiz ia tomar seu quinto café da ronda entre os sepulcros, apoiou o copo da garrafa térmica cheio sobre um túmulo, escutou um chachoalhar de ossos e sua atenção redobrou. Olhando para o lado, viu aquele corpo torto descarnado e com larvas penduradas, bebendo seu café sem sucesso, pois o líquido vazava pelos espaços abertos na ossada. Não correu tampouco gritou, apenas caiu de olhos arregalados sem vida no solo.
Enquanto isso o defunto, arrastava seus ossos carregando a garrafa térmica e copo de volta à sua cova, entrou, se deitou e a necrópole voltou a ficar silenciosa.
Cansado de comer grama pela raiz, quebrou o madeirame envelhecido do caixão, a cova era rasa, abrir espaço para que o seu braço quase todo descarnado atravessasse o solo sagrado, foi até fácil. A terra estava meio fofa por causa de dois dias chuvosos anteriores, conseguiu enfim sair da cova inteiramente com fome de assustar, era noite e tudo estava vazio no camitério.
Luiz ia tomar seu quinto café da ronda entre os sepulcros, apoiou o copo da garrafa térmica cheio sobre um túmulo, escutou um chachoalhar de ossos e sua atenção redobrou. Olhando para o lado, viu aquele corpo torto descarnado e com larvas penduradas, bebendo seu café sem sucesso, pois o líquido vazava pelos espaços abertos na ossada. Não correu tampouco gritou, apenas caiu de olhos arregalados sem vida no solo.
Enquanto isso o defunto, arrastava seus ossos carregando a garrafa térmica e copo de volta à sua cova, entrou, se deitou e a necrópole voltou a ficar silenciosa.