Saudade?

Se é que eu posso mesmo sentir,

o que sinto é falta de você.

É a falta de tua presença.

Eu sinto mesmo a tua falta.

Mas o que eu não sei se posso

é sentir sem dúvida a saudade,

porque ela é mais próxima;

porque ela é mais íntima.

Ela, a saudade, é relação.

Relação de sentir a perda,

a perda de quando já se teve;

de quando esteve no coração.

Estar em um coração amado

e nas vezes em que não esteve,

estivesse longe dos olhos,

estaria ainda mais guardado.

Saudade é o embalar do querer,

no balanço dos braços amados

do amante que tem sossegado,

o desejo de quem bem sabe ter.

Ela é assim esse engasgo

entre o querer, o ter e perder,

quando o perder deseja querer.

Desengasga a vontade do passo.

E passa a ir em ida castanha,

porque a cor desse querer tão grande

é também tão viva, que faz manha:

Não se deita. Em nada se prende.

E solta na estrada da vida,

a vontade do querer é leal:

Depende da relação vivida.

Aí, minha dúvida inicial!

Pedro Aldair
Enviado por Pedro Aldair em 14/05/2014
Reeditado em 14/05/2014
Código do texto: T4806175
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