Utilidade pública:

Ainda que as cerdas estejam corroídas, vassoura que não tem coração, não tem mãos e pernas, não age, não incomoda a sujeira, não se movimenta, não sai do lugar; e em vez de auxiliar, ser útil, exercitar o bem à casa e ao meio de convívio, aposenta, caduca, atrapalha, estorva.

E não importa a nostalgia passada, pois a "limpeza" vive, é presente que respira, suspira, o presente.

Abrigo

Um fogão à lenha,

Um móvel de madeira carcomido por cupins,

Coleção de bonecas e brinquedos mal cheirosos e mofos,

Camas e roupas aguardam a volta dos corpos;

Corpos nus,

Os quais abrigavam.

Claviculário: nele estão as chaves que abrem quase tudo;

Quase tudo,

Porque não abrem mentes e muito menos,

desvendam os segredos do coração.

Pedalada para o céu

Sobre e sob infindas morrarias,

Duas voluptuosas pernas sem choramingou ou morrinhas,

se propõem atingir as nuvens,

Alcançar o céu,

Tocar o dedo indicador de Deus:

Sob derramamento de suor,

Pode ser cansativo,

Coração sair pela boca,

Contudo, nada é impossível.

Sofrimento é o ápice do conhecimento interior,

Iniciação para o bem viver.

P.S.: depois de pedalar 70 km,

Pulando riachinhos,

Tomando água cristalina nas fontes,

Inalando estrume de animais,

Apreciando o perfume de flores,

Sovacos exalando cheiro de macho,

Aportei-me em Monte Verde, (divisa entre SP e MG)

E ao meio-dia,

Batendo um rangaço (como diz o caipira: uma lauta xepa) preparado por mãos diligentes:

Que Deus abençõe os que fazem com amor e perfeição; pois, ademais, nem todo dia é dia de sonho,

Nem é dia de liberdade,

Muito menos,

Dia de desvendar mistérios;

Pois, a vida se manifesta através de aventurosas

conquistas,

Incrustadas em singelos enigmas!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 16/11/2024
Reeditado em 16/11/2024
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