Não sou Assado

Sempre perguntam por que eu sou assim. Replico com a mesma pergunta: "assim, como"? Ninguém diz nada, nem uma sílaba de elogio ou nem uma de crítica. Parece uns tontos, pois perguntam o que não querem saber.

Quando estou como a galinha boa de rabo que engorda o bolso do patrão, com o ovo saíndo pela boca, dou corda para o energúmeno se enforcar, dizendo que sou assim, porque não sou assado, como é meu irmão gêmeo, que aos 7 anos de idade foi cozinhar um ovo em 6l de água e esqueceu o acendedor aberto, explodindo o botijão. Foi um corre-corre dos diabos para livrá-lo das queimaduras. Essa triste história revela que crianças à beira do fogão aceso, é perigo iminente. O que era necessário, pois somos órfãos.

Assim inicia por que sou assim. No meu caso, eu morro de medo de fogo, em contrapartida, adoro água; aliás, meu horóscopo é Peixes. Considero-me um lambari, devido o tamanho, mas nado como tubarão.

É tão verdade, que um dia desses quase morro por afogamento. Estando eu, o meu irmão e os amigos em visitação às cachoeiras de STL, Minas Gerais, fui fazer 1 selfie, escorrei no limbo verde e caí no redemoinho aquático. Tomei 10l de água em menos de 5min. Foi Deus me acuda. Note o leitor que adulto também falta com a racionalidade, todavia, por pura sorte, estou aqui relatando um pouco de minha biografia que ainda será completada nos anos vindouros.

Aos que leram, o meu muito obrigado! Meu irmão agradece também pela lembrança.

Moral da história: seja no fogo ou na água, ou em qualquer lugar, a morte é sombra implacável; mas não assim e nem assada. No entanto, não acredite e nem tome minha mentira como verdade absoluta.

Talvez seja Hoje:

Uma nuvem rema a canoa no mar azulado do céu.

Abaixo, agourentos urubus circulam em redemoinhos espiralados.

Na Terra, as chuvas apagam os incêndios e tombam pináculos.

Está escrito em todas as Profecias, que se tudo acabar em noite,

Os surdos não ouvirão os trovões,

Os cegos não presenciarão os relâmpagos incendiários,

E devido o sono profundo, as almas penadas não verão o clarão do dia.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 31/01/2020
Reeditado em 31/01/2020
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