Invisível amor...
As pessoas às vezes somem, mas muitos nem se apercebem, não se perguntam se caiu em profundo sono, se teve algum tipo de morte, ou se caiu fortemente no chão, tão fortemente que a terra se abriu, e a pessoa que caiu, o chão não pôde segurar, um abismo pela força se abriu, e num instante aquele que andava, de repente, a terra engoliu... E lá dentro senhora, lá dentro não se pode dizer o que há no abismo profundo em que o ser que caiu se perdeu, escuridão e falta de ar, aclaramento dos olhos, refinamento das ilusões, dores, dores de fazer gritar, e ranger os dentes estridentemente, o pavor e o medo que por cima existia, lá existe também, mas vai além, muito alem do que se possa imaginar, e também vem aquém, dentro do ser, assomando e assombrando o seu coração, medo e pavor a trezentos e sessenta graus, e mais ainda, no abismo interior do próprio ser que caiu e chegou a pensar que jamais iria se libertar tanto do abismo de si mesmo, quanto do abismo que se abriu em pleno ar, mas os anos se passaram senhora, e o ser que nunca mais ninguém viu, que talvez falta não fez, ninguém sentiu, pois que todos estão demasiados ocupados, olha só, se redescobriu, se aceitou, se leu e se redefiniu, redefinindo o mundo e os mundos, todos, são muitos senhora, bem entendes... Todavia aquele que caiu, apesar de preso e cego em meio à escuridão, não podia se entregar, é de sua natureza, da natureza humana, lutar, lutar com quem ver, com o invisível e, as mais perigosas, as feras que vêm de seu imaginar... Estou aqui senhora, me desculpe por favor, foste de alguma forma minha luz, quando o terrivelmente não via saída, e na escuridão fechava os olhos, e ademaneava um invisível amor...