Síndrome de Tédio
Maior que a pena da condenação
É o convívio compulsório com os demais sentenciados.
É o ter que suportar - lhes, com paciência e compreensão,
O caráter, a ignorância, a vaidade, a presunção, a boçalidade,
Com a consciência de que o mesmo representais!
Sem que vos anunciem a culpa,
No calabouço das limitações vos enfiaram incondicionalmente !
Descobristes que a liberdade tornara - se mera ficção, fuga, desculpa.
Já nascestes condenado por existir.
Construístes o sentido da vida,
Conquistastes compensações , como sardinhas de foca amestrada.
Mas a vossa sentença continua imbatida,
Definindo a trajetória de uma insidiosa estrada.
Tomastes consciência da realidade, hipócrita, irônica.
Reagistes em profundos mergulhos no mar das tentações.
Alienastes, voluntariamente, na busca da saciedade,
Mas encontrastes , senão, holocausto, decepção!
Dormistes com a corda no pescoço
E acordastes com a cabeça dependurada no mastro da desesperança.
A hipocrisia, mãe da humanidade e do fracasso,
Desfila onipotente, continuamente,
Envolvendo - vos numa indesejada dança.
Mas, o ópio está aí , ao alcance do faz de conta.
Ingresso para a viagem apenas,
Nunca para a chegada.
Divinismo, ateismo, misticismo, holismo, física, metafísica,
Estética, ética, meleca !
Como o cego apóia na sua bengala,
Apoiastes no vosso credo.
Mas a realidade permanece, inerte, implacável , inexorável.
Sequer vagastes como os micróbios . . .
Pagastes o preço por possuir - vos consciência.
Uma consciência que nada realmente altera,
Mas que faz de vós infeliz por encarar os fatos .