NIGHTS OF ETHER #1 / AS HORAS ETÉREAS I
1st Proposition
My apologies would not be sincere; my indeterminacy and disoriented, dark sense of humour cause people to panic. I wake up in the middle of night, spiritually shaken and materially broken, too much for experimenting on thoughts about life and the mechanical issues that lead most of you, most of us into the deep ocean of uncertainty. I hear of rumours concerning the impracticality of conceived ideas, and the existential rhetoric pointing personal or group impressions made on old parameters indicates how far, foreign and disturbingly incoherent is the clumped, sterile bushes of discourse. Arguments die with time, opinions end up mischaracterised and unexcused, standard procedures are changed according to interests and new implanted patterns; commiseration opens its gates to the mice race of individuals worried immeasurably with plots whose main role is played by themselves. Our conditions and situations to succeed have been supplementing selfishness along an extensively diplomatic speech regarding living and “mutual contribution,” too heretically hypocrite that mentioning personal experiences outdoors induces conservative hordes and ancient knowledge keepers to consider assuming severe means—if needed—of protecting the legacy of their commodity and comfortable sameness whatever implication it may take. Unparallel to the wilderness surrounding us, we keep following specific tracks—a jammed traffic—mined precisely and pitilessly on every corner, without noticing our mirrored selves watching the stormy clouds of stubbornness from the puddles muddiness. Our journey through this unwanted way is long and winding, yet, we have been more than its creators, we worked on it wishing exactly the opposite, although, as weaving our web we just stepped one way too heavy and carelessly on the forbidden space of negligence. And there is no place to turn around, no shortcut to fool Fate, no room for laziness, no bench to sit and wait for a ride. No one is coming; we are invisible to one another in the land of decisions. And we are all unsuccessful champions or—most usual—martyrs on our choices. Our voices echo soundless when we try to shout. No help sign can reach the outside space from where we are to call attention on our awkwardness to deal with situations. Is not it a shame? Was it our fault? Certainly, and unless we give ground to the beast hidden deep in the dark wells of our nature, we will always be an irreversible and incorrigible being looking for a crossroad or, at least, a safer haven to recover us from the unpredictable, tossing ocean...
[Undated]
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1.ª Proposição
Minhas desculpas não seriam sinceras; minha indecisão e meu senso de humor desorientado e obscuro induzem as pessoas ao pânico. Desperto no meio da noite, espiritualmente abalado e materialmente quebrantado, demasiadamente para arriscar quaisquer tentativas de pensamentos a respeito da vida e das questões mecânicas que conduzem a maior parte de vocês, de nós ao abismo oceânico da incerteza. Ouço falar de rumores sobre a impraticabilidade das ideias concebidas, e a retórica existencial direcionada às impressões pessoais ou de grupos elaboradas em cima de parâmetros antigos indica o quão distante, forasteira e perturbadoramente incoerente é a selva aglomerada e estéril do discurso. Os argumentos se extinguem com o tempo, as opiniões acabam descaracterizadas, injustificadas, procedimentos padrões são alterados conforme interesses e a implantação de novos modelos; a comiseração abre alas para a corrida acirrada de indivíduos preocupados incomensuravelmente com enredos nos quais o papel principal é interpretado por eles próprios. As nossas condições e as situações para obter o êxito vêm suplementando o egoísmo ao longo de um discurso extensivamente diplomático relacionado à vivência e à “contribuição mútua”, tão hereticamente hipócrita que mencionar as experiências pessoais a céu aberto induz hordas conservativas e guardiões do saber antigo a considerar tomar medidas severas – caso necessário – para proteger o legado de sua comodidade e confortável mesmice, não importa o que isso implique. Desigualmente a este ermo que nos rodeia, continuamos a seguir rotas específicas – e engarrafadas – repletas de minas em cada canto com precisão e impiedade, sem perceber o nosso próprio reflexo observando as tempestuosas nuvens da obstinação do lamaçal das poças d’água. A nossa jornada por esse caminho indesejado é extensa e sinuosa, contudo, somos mais do que os seus criadores, pois viemos trabalhando nela com o intuito exatamente inverso e, no entanto, ao tecer a nossa teia, acabamos por pisar tão pesada e descuidadamente no espaço proibido da negligência. E não existe forma de tornar atrás, nem atalho para ludibriar o Destino, nem lugar para a pachorra, ou um banco para nos sentarmos e esperarmos por uma carona. Ninguém virá; somos invisíveis uns aos outros no terreno das decisões. E somos todos campeões falidos ou — mais comum — mártires em nossas escolhas. As nossas vozes soam surdas quando tentamos clamar em voz alta. Nenhum sinal de socorro é capaz de chegar ao espaço exterior do lugar em que estamos para chamar a atenção à nossa inabilidade para lidar com as situações. Não é uma vergonha? Será uma falha nossa? Certamente e, a menos que abramos espaço para a fera acuada no mais profundo dos poços de nossa natureza, sempre seremos um ser irreversível e incorrigível procurando por uma encruzilhada ou, no mínimo, um porto seguro para nos recuperarmos do oceano imprevisível e agitado...
[s.d.]