PROFECIAS
E ela virá: na negritude da noite ou num clarão de um dia de tórrido sol.
Ela virá lenta como a tortura, sucumbindo com tortas existências,
Emergindo o desespero e a ânsia da sobrevivência.
Virá rasgando relevos pelas entranhas da terra
Ou por vendavais arrasadores, formados pelo mormaço e pela gélida fúria do reino de Netuno.
Ela já se manifesta nas suas entrelinhas, o primeiro e o terceiro mundo a conhecem:
Da hanseníase à AIDS, dos aríetes às armas atômicas.
De alfa a ômega ela virá rastejante, paciente...
Sons agudos de trombetas, vozes proféticas, escrituras, fenômenos estranhos...
Ninguém a ouve, lê ou vê.
Ela só será sentida no desatino e no ranger de dentes.
“Tu és ridículo homem, diante de tuas ridículas obras! O que crias te cativa!”.
Finalmente ela virá como carta de alforria, libertando os justos.
Mas, ai de ti verme chauvinista!
Que faz do hoje teu éden de luxúria e oportunismo, ela será tua execução:
Tu que te fartas com a fome alheia,
Que promoves o comércio de armas,
Que castras a divina fertilidade de Fauna e de Flora,
Que te acovardas diante da humilde súplica de apenas existir.
“És tão insensato homem”!
E ela está vindo dando vivas aos humildes!
Circundada de anjos, ou quem sabe por ETs?
Antes que aciones a tecla da desesperança,
Antes que teu planeta apodreça e exale o mau cheiro de um suicídio coletivo,
Porque tu, ínfima criatura, já o tornaste vulnerável e doente.
E teu planeta, incrédulo, não se distingue de um paiol ou de um barril de pólvora,
Mas não o deixe explodir _ "sua besta"!
Não suportarás o fardo de vê-lo intitulado:
“A eterna vergonha do cosmo”!