Extremos.
Eu sou aquele vento que soprou numa madrugada siliente,
Numa rua discreta, situada num passado distante.
Eu sou aquele vento moleque que quebrou janelas,
Ignorou cercas, forçou tramelas
Esvoaçou varais, os cabelos e as saias das donzelas.
Eu sou aquele vento inocente que espalhou sorrisos
Sementes de sonhos, ilusões e fantasias.
Inocente vento que em dado momento
Da força de seus movimentos
Muito pouco sabia.
Eu sou aquele vento errante,
Indômito em busca do frêmito
Que faz da rosa dos ventos
Rotas constantes de fuga,
Das casas destelhadas, flores despetaladas,
Sombrinhas quebradas
E erosões que nem o tempo, o santo remédio, expurga.
Eu sou aquele vento que ora arrasa, ora acaricia,
Que ora sopra as feridas, ora assanha o fogo que fere,
Mas eis que carrego em minha suavidade o impulso das sagradas asas da liberdade.