Poucos percebem (a minha cruz)

Me vejo em silêncio, enquanto o mundo ainda dorme. Ah os ideais que tanto defendo! Sou sujeito homem. Homem de convicção. Luto diariamente por um país mais justo para minha família. No entanto, dentro de mim, carrego um segredo que pesa como uma cruz invisível: meu amor pelo pastor da igreja que frequento.

Cada domingo, observo-o falar com paixão, sua voz ressoando não apenas nas paredes da igreja, mas também no meu coração. Sinto uma atração silenciosa, uma chama que contraria tudo o que acredito ser certo. Minhas reflexões são um campo de batalha interno, onde a moralidade e o desejo se enfrentam sem trégua.

Ao cuidar dos meus filhos, escondo minhas angústias, temendo o julgamento e a perda de tudo o que construí. Oro para que Deus ilumine meus pensamentos, buscando forças para manter minha integridade. Mas a realidade é dura, e a tentação de esconder minha verdade em troca de aceitação é constante.

À noite, sozinho, questiono-me se a verdadeira decência está em esconder quem realmente sou ou em ter a coragem de viver minha verdade, mesmo que isso signifique quebrar todas as pontes que construí. Em meio a essas reflexões, descubro que os sonhos que nutro são mais pesados do que posso suportar sozinho.

Poucos percebem que as pontes flutuam sobre sonhos que os rios escrevem com pedras.

Fernando de Fidenza
Enviado por Fernando de Fidenza em 02/11/2024
Código do texto: T8188013
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