Os batons de vermelho

Ele se encontra diante do espelho. Quando a casa se aquieta e o mundo exterior se dissolve na escuridão,. A luz suave revela reflexos de um homem dividido entre dois mundos. As mãos trêmulas seguram os batons de vermelho, símbolo de uma identidade que pulsa sob a superfície. Cada pincelada é um sussurro de liberdade, uma dança silenciosa entre a máscara e a verdade.

Os olhos se encontram no reflexo, carregados de perguntas não respondidas e desejos ocultos. Ele sente o peso das expectativas familiares, o amor que protege e, ao mesmo tempo, prende. Vestir-se de mulher é um ato de rebelião e aceitação, um abraço vulnerável com quem realmente é. As cores vibrantes contrastam com a sombra das agonias íntimas, pintando uma história de coragem e medo.

As lágrimas encontram o batom, no silêncio, misturando-se como as camadas de sua alma. Cada detalhe refletido no espelho é uma narrativa de identidade e amor próprio, escondida atrás das rotinas diárias. Ele respira fundo, encontrando força na sua verdade, mesmo que escondida.

Os batons de vermelho não são apenas cores, mas declarações silenciosas de quem ele é. Um segredo guardado nas sombras, mas brilhando intensamente na privacidade da noite. Uma dualidade que carrega com dignidade, entre o que é mostrado e o que é sentido.

Você ficaria surpreso ao saber que ela pinta os batons de vermelho porque acredita que as palavras só têm cor no escuro.

Fernando de Fidenza
Enviado por Fernando de Fidenza em 02/11/2024
Reeditado em 02/11/2024
Código do texto: T8187983
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