E se eu te disser

Ele observa de longe, escondido nas sombras dos cafés movimentados e nas esquinas onde a noite se estende como um véu misterioso. Cada sorriso dela é um enigma que ele tenta decifrar, cada gesto uma poesia que ele nunca ousou ler em voz alta. A cidade pulsa ao redor, mas ele se sente invisível, um espectador silencioso do espetáculo que é a presença dela.

Nas manhãs frias, ele se perde em pensamentos, imaginando como seria se pudesse cruzar os olhos dela, se as inseguranças que o consomem pudessem se dissipar com um simples olhar. Ele vê nela uma força que ele não possui, uma graça que parece natural, enquanto ele luta contra a sensação constante de inadequação. Suas palavras são guardadas no silêncio, esperando o momento perfeito que nunca chega.

À noite, as luzes da cidade refletem seus desejos não ditos, e ele caminha pelas ruas molhadas pela chuva, buscando consolo nas gotas que caem como lágrimas não derramadas. Cada passo é uma batalha entre o querer e o temer, entre o sonho e a realidade. Ele sabe que seu amor é uma chama escondida, ardendo em segredo, temendo apagar-se na luz do dia.

Mas há uma beleza melancólica em sua vulnerabilidade, uma honestidade crua em seu silêncio. Ele entende que, mesmo invisível, seu amor é real, palpável como o ar que respira. E assim, ele continua a admirar de longe, esperando que um dia as palavras encontrem coragem para se libertar.

E se eu te disser que a chuva sussurra palavras que só o arco-íris tenta traduzir?

Fernando de Fidenza
Enviado por Fernando de Fidenza em 01/11/2024
Código do texto: T8186810
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