Quando o sol pede permissão
A madrugada ainda sussurra segredos aos poucos, enquanto eu desperto envolto em sombras e memórias. A cidade, ainda embrulhada em silêncio, guarda os sonhos que dançaram na escuridão. Caminho pelas ruas molhadas, refletindo as luzes tênues que começam a despontar no horizonte. Cada passo ressoa como um convite à introspecção, um mergulho nas profundezas do ser.
O aroma do café permeia o ar, misturando-se com a brisa fresca que acaricia minha pele. Sento-me na varanda, observando o céu tingir-se de laranja e rosa, testemunhando a transformação lenta e majestosa do dia. É nesse instante que percebo a dança íntima entre a natureza e meus próprios desejos, uma coreografia silenciosa que revela a essência da existência.
As primeiras gotas de sol tocam o asfalto, despertando a cidade com um calor suave e envolvente. Sinto o pulsar da vida que se renova, cada raio uma promessa de novos começos e velhos conselhos. É uma sinfonia de luz e sombra, onde cada nota ressoa com a intensidade dos meus próprios anseios e reflexões.
No compasso dessa manhã nascente, encontro-me dividido entre o querer e o precisar, entre o sonhar e o agir. É um equilíbrio delicado, onde cada escolha ecoa nas avenidas do tempo, moldando o que ainda está por vir. Sinto meu corpo vibrar na simplicidade do despertar, na conexão visceral com o universo que se revela a cada instante.
O mais estranho é descobrir que ele só toma café quando o sol pede permissão para sair.