Sem Disparar
Dizem que te esqueci. Que acabou, que descansa em paz. Mas o que estou fazendo aqui, sozinho? A solidão me devora enquanto penso em você. Penso se há outra boca. Se outro nome agora ocupa o lugar do meu. E eu? Eu quase vendi a alma pra não sentir. Seu adeus me desarmou de um jeito que não tem volta.
Negociei com o carma. Tentei convencer, barganhar. Ele só disse que tudo se paga. Eu já sei disso. Paguei caro. Troquei a paz por viver assim, sem sentir. E todo mundo vê nos meus olhos. Suas lembranças ainda estão aqui, me maltratam, mas não me matam. Pelo menos, não ainda.
Quis falar com o carma de novo. Pedi pra esquecer seu rosto, pra ter paz. Pedi pra ser perdoado. Porque você me tortura, atira em mim sem disparar. Só machuca. Grito a Deus, por que Ele me abandonou assim?
Às vezes, finjo. Minto pra mim mesmo, só pra ver se posso respirar sem você. Mas nós dois sabemos a verdade. E você? Tá bem sem mim.