DESAGUE DO AMOR em 99.

Não importam as ameaças, nem a negação do que somos.

Falta-me ainda te dar um fino respirar depois da chuva, antes de mim

A brisa noturna que invade meu leito e me banha a alma

Falta-me ainda ter aquela nuvem iluminada

Claridade suspensa na noite de verão

Só então estarei satisfeita, pois comigo

Terá sentido o espaço infinito e a gravidade molecular em nós

A voracidade da correnteza que nos leva e nos impede, um merecido silêncio

Tão antiga essa lida

Incerto o caminho, comum a tristeza

Que outra loucura nos perseguirá além do viver?

Nunca deixarei de ver-te

Sou criança-adolescente contigo

E a noite  é minha

É minha ador do amor

Prestimosas mãos

Dá-me tuas solícitas mãos 

A vida nos conquistou

É meu esse caminho que tanto busca

É teu esse amoroso perfil que tracei

Por que te encontras entre a mentira e a verdade e à margem do caminho a sofrer indagas quem és?

Por que não sabes se vais ou se ficas?

Respondes ou se calas?

Repeles ou acolhes?

Amas ou odeias?

Tantas coisas temos

Quase nada somos

Oh morte, oh vida, agonia incessante do existir...

Eu te aconchego em mim

Momento translúcido de sonhos- amores calados

A mulher consumida chora, vai e vem depois

Inicia-te e me conta enfim o resultado

Cura-me da morte em vida

Da saudade comprida

Daquela dor, do desamor, amargor sem jeito do envelhecer

Cura-me do escuro pertinaz

Da venda do que sou capaz

Da secura, da rotina, do sempre

Cura-me deste desejo - você

Até onde arder, essa chama ,essa trama, essa energia?

Chamo-te e enquanto não te vejo naufraga a presença, a minha presença do amor

Constante ardência do que sou

Um gesto teu, um olhar, uma palavra , um sinal...

Devido a escuridão busca-se a incessante luz

Tudo o que sei é o que sinto

O que sei é o que vivo e nada mais

A solidão navega em mim

E atraca em nós

Tudo é cais

Não consigo entender o tempo, a morte, o teu olhar

O tempo é muito comprido-curto

A morte não faz sentido

O teu olhar me põe perdida

Não consigo medir o tempo, a morte, o teu olhar...

O tempo quando é que cessa?

A  morte quando começa?

O teu olhar quando se expressa?

Medo tenho do tempo, da morte, do teu olhar

O tempo se desloca, levanta, passa o muro

A morte será o escuro?

Em teu olhar amor procuro.

 

 

 

Renata Emily
Enviado por Renata Emily em 02/07/2024
Reeditado em 02/07/2024
Código do texto: T8098620
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