TEMPESTUOSA PAIXÃO.

Ages em mim qual enxurrada de uma tempestade de verão,
Obstruis meu coração através de veias enlameadas de amargura,
Coagulas meu sangue com entulhos e lixos de sentimentos,
Num turbilhão de destruição, que não proporciona vazão à alegria.

Trovoadas de arrogância e relâmpagos de insensatez te anunciam,
Envolvendo-me em nuvens negras e carregadas de medo e insegurança.
Ao precipitares sobre mim, inunda-me de desamor e pânico,
Obrigando-me a decretar estado de calamidade
E rogar aos céus para que não venhas no próximo verão,
Enquanto eu providencio o socorro e abrigo,
Para uma alma arrasada e destruída pela própria estupidez.

Quisera eu prever a chegada desta frente fria
Que traz consigo tão arrebatadora paixão!
E não há lucidez que ature, bonança que perdure
Ou loucura que te supere
E nem mandingas que de mim te afaste...
E eu já fiz de tudo: coreografei ao avesso a dança da chuva e até sal no fogo joguei...

Deságua-te em mim com teus raios, trovões e repentinos escurecer
Pois, enquanto eu for capaz de desviar-me das poças de ceticismo,
Estarei pronto para novas recaídas e verões.
Muitos guarda-chuvas ainda terei que abrir,
Até entender que para suportar-te terei que deixar meu destino à mercê de teus trucidadores vendavais.