A Ponte
Onde estás?
Como posso ver-te? encontrar-te?
Será que a agonia de estar neste lugar é insana?
O amor é insano?
Viver é insano?
Como você é?
Como você se chama?
Será que é insano perceber-te?
Querer te sentir, ver e amar?
Entrar em comunhão contigo?
Porque se esconde?
Porque não se mostra para mim?
Porque não consigo estar contigo?
Porque... sou um anjo caído?
Saiba que minha força vem da dor.
Do submundo da minha alma.
Dos recônditos da minha existência.
Das sombras que carrego em mim.
Uma vez aqui.
Nunca mais serei o mesmo.
Cada momento vivido muda minha alma.
Cada sopro da existência me molda.
Não posso mais ser puro.
Pois, mergulhei no sangue.
Me misturei na argila pegajosa.
Me tornei pequeno, e só.
Meu corpo é casa de muitos.
O meu calor os aquece.
Minha respiração os alimenta.
Somos tantos que me perdi.
As nódoas que tenho em mim.
São patrimônios conquistados.
Como feridas adquiridas na guerra.
Como páginas escritas que nunca voltarão a serem brancas.
Para ver-me, precisa atravessar a ponte.
Há um espaço que tens que preencher.
Que tens que transcender.
Eu sou a experiência que tu almejas.
Porque a dor é minha companheira.
Porque amar aqui em baixo é tremendamente difícil.
E, porque no fundo, sou como você.
Um ser ávido por experiências.
Me ensina a ser eu e você ao mesmo tempo.
Me ensina a amar você em mim.
Me ensina a viver a felicidade que tens pra mim.
Contudo... respeita quem eu sou.