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Já vendi flores, fui bancária, cerimonialista, professora, funcionária pública, fiz artesanatos, além de, é claro, realizar tantas outras funções comuns à maioria das mulheres. E, hoje, advogada. Ufah! pensei eu, encontrei meu caminho. E, por algum tempo, acreditei realmente nisso. 

Entendi, contudo, que uma alma inquieta não descansa. Decidi então, não mais buscar uma realização através de uma atividade ou profissão, compreendi que precisava descobrir a minha missão nesse mundo. Tarefa difícil!

Li um texto do Ivan Martins “Os Perdidos” com o qual me identifiquei muito, segundo o autor, estar perdido ou sentir-se perdido, parece fazer parte da condição humana, e é uma característica inerente aos bons seres humanos. Em palavras suas “num mundo estropiado como é o nosso, os perdidos podem estar certos”. 

De posse dessa realidade, aquietei meu coração, abandonei a necessidade de competir e sobressair, quero antes compartilhar. Agora, posso finalmente rir de mim mesma, errar sem culpa, andar descalça, ficar horas olhando o céu e, despreocupadamente, navegar tranquila pelo mar das incertezas. 

Talvez agora, sem medo e sem culpa, eu consiga dar vida às múltiplas pessoas que habitam em mim.  Apaziguar-me com todas elas, e assim vivermos em completa harmonia, pois todas elas sou eu e, pelo menos em uma coisa combinamos, queremos ser felizes.

Decidi então valorizar o que havia no meu mais recôndito ser: o meu amor pelo conhecimento e pela descoberta.  De leitora voraz, tornei-me uma escritora em constante busca pela essência da vida.