Trinta
Após trinta voltas em torno do sol, trintei sereia no mar, trinta muros, trinta mil enigmas e contando - sempre hiperbólica e nunca razoável. Retorno a rotina e acho que a maior lição dessa semana de expurgo foi o perdão, tive que aprender a perdoar a mediocridade do outro - foi doloroso e acredito que a decepção é essa dor que nos corrói. Apesar disso, tentei algo inédito: Perdoei. Ainda não sinto-me bem por isso, ainda me sinto triste. Apesar de triste, me sinto forte e sábia também. O meu semblante exala cansaço e o meu corpo essa semana insistiu em transformar tudo que eu não posso lidar em dor. Concluo assim que o outro ainda é o meu maior mistério mas, que sem o outro nada faria sentido. Percebo que eu preciso ficar forte para sobreviver a essa coisa louca que é a vida. Chego aos trinta com pouca ou quase disposição nenhuma de entrar em barcas furadas e com um tesão enorme de viver coisas mais profundas e verdadeiras. Afinal, são trinta muros muito bem vividos. Seria impossível dizer que a vida apesar de cruel não tem sido muito boa comigo, embora nem sempre muito gentil.
Um beijo e um texto só para não passar batido.