Solidão: solo fértil

Solidão quando atravessa,

Revela a aridez do solo.

Isso o faz enxergar a si

Com tamanha realidade

Que ele confunde sua imensidão com vazio,

Possibilidades com escassez,

Espaço com ausência.

E sequer percebe que tudo pode,

Em si, plantar.

Sementes férteis encontrarão nutrientes

Na profundeza daquilo que parece não ter nada a ofertar.

Doce ilusão, pré-julgamento, pré-concepção

Daquilo que não se sabe o que é,

Até regar e semear.

Quais plantas se desenvolverão?

Quantas flores brotarão?

Quais frutos amadurecerão?

Quais pássaros, insetos e outros animais o habitarão?

Ainda que tenha em si todo o potencial

De vir-a-ser campo,

Se enxerga deserto porque semente nenhuma o pôde adentrar.

Percebe, então, com a visita da solidão que

Pode invocar Oyá.

Então receberá aquilo que falta

Para sua potencialidade alcançar.

Esqueceu que, embora deserto, é vivo.

Ainda que na superfície nada se possa enxergar.

O que há de mais precioso, em si,

Só a profundidade do solo e a magia das águas

Pode abrigar e gestar.

Rafaela Andrade
Enviado por Rafaela Andrade em 11/03/2024
Reeditado em 12/03/2024
Código do texto: T8017714
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