PÁSSAROS EM CATIVEIRO


      Os pássaros têm asas para voar. O espaço infinito é deles, pois necessitam de liberdade para alçar voos, cantar, fazer seus ninhos nas árvores...

      Por isso eu faço um apelo a todas as pessoas que os mantêm presos, como se eles fossem perigosos bandidos, condenados por algum tribunal: para que dei­xem os bichinhos livres, abrindo as portas das gaiolas, que são verdadeiras penitenciárias de segurança máxima, até o fim de suas vidas.

     São condenad­os à prisão perpétua, sem nunca terem cometido qualquer delito. Ainda conseguem cantar, para deleite de seus donos, seus senhores. Não é justo mantê-los presos.

    No meu entendimento de criança, já achava o cativeiro uma coisa errada, uma covardia. Soltos, eles se defendem sozinhos, não pre­cisam de nossas migalhas.     

      O papagaio, único pássaro que fala, aprendeu a fazer versos. E assim começou o poeta: “Soltem-me, seus filhos da...”. Não! O certo é assim:

 

     Nós vamos entrar em greve,
     Ninguém cantará na prisão,
     A nossa vida é tão breve,
     Abaixo a escravidão!

          

          Toda pessoa sensata,
           Que tem ave em cativeiro,
           Deverá soltá-la na mata,
           Para cantar o ano inteiro!

         

          Com o poeta assim declamando,

          Seus donos ficaram bonzinhos,

          Libertaram, quase chorando,

          Os pobres dos passarinhos.

Orpheu Leal
Enviado por Orpheu Leal em 14/01/2024
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