Qualquer destino
II
qualquer destino
já fui jovem também, e já desejei muita coisa, em verdade eu minto. naqueles tempos passados, ali comigo me vejo a palmilhar com machucados abertos, longas tristezas cantando em meu coração, meus amigos eu entendo vocês, essas lutas sem fim em que nos jogamos, como a seguir um coração que não temos, uns olhos assim em que depositamos toda nossa esperança, eu sonhei também, e meu ser absoluto de mim me fez forte, mesmo em estradas acinzentadas, iluminou-me o caminho enquanto eu andava de olhos fechados, já sonhei, já quis com aquela força de olhos chorosos, a impor toda garra na realização de um sonho, estes sonhos que perdem o sentido de repente, e nos deixa sem sentido, entendo vocês, vossas desgraças e vossos erros, e esse sorriso de canto, esse peso que nos embota a alma, com uma afirmação em riste constante sobre nós, um vaticínio que o mundo nos vitupera, mas que não nos derruba, apesar de andarmos de olhares baixos, nós sabemos dentro de nós que nossa força jamais vai se extirpar, é por isso que sento-me entre vós, eu velho e esquecido do mundo, sem parentes amigos ou mulheres que me amem, eu me sento aqui e começo a cantar olhando as estrelas, assim como se não tivesse mais para mim um destino qualquer, e me restasse apenas um universo maior que o que vejo, aqui dentro, a dar sentido a esta canção...
20.01.13
Elegias Intersticiais