Dias comuns
Nos becos tão sombrios
na cidade submersa pelos prantos de um coração vazio
é que a gente tropeça
Quando vê já existe
ou será que sempre esteve ali
nas marquises?
No canto direito da janela
Debruçada aquela moça, senhora, velha
olhando para as paisagens que nem eram tão belas
Cães, roedores, pássaros e urubus
Todos convivendo
e eu sobrevivendo a mais dia de trabalho
Roupa descobri nesse dia que depois de trocar
se deve jogar no armário
e não pensa muito sobre o destinatário.
Repousei no sofá
para evitar mal estar
me enrolei no coberto
Dormi a tarde inteira
sem o menor pudor
E o telefone tocou! Desanimador.
Acordei,
é o que a gente faz quando o mundo
nos apressa
Tomei um café
Roubei um pedaço de queijo da travessa
e atravessei a cidade com pressa
Em busca de uma vida
qualquer coisa bonita
não encontrei nada
Sentei num buteco
bebida barata é o que me interessa
e observei quem nem sequer me notou
Fiquei lá a deslumbrar o amor
amor de casal jovem
beijos e abraços, o toque.
Que o amor não mais me toque, pensei.
Pedi uma cerveja e não mais parei
Tomei um gole, um porre
Pra casa voltei
A cama parecia levitar
não era, mas era. Errei!
Me estabanei no chão
e por lá mesmo fiquei
No outro dia nem sei se acordei.