Dias comuns

Nos becos tão sombrios

na cidade submersa pelos prantos de um coração vazio

é que a gente tropeça

Quando vê já existe

ou será que sempre esteve ali

nas marquises?

No canto direito da janela

Debruçada aquela moça, senhora, velha

olhando para as paisagens que nem eram tão belas

Cães, roedores, pássaros e urubus

Todos convivendo

e eu sobrevivendo a mais dia de trabalho

Roupa descobri nesse dia que depois de trocar

se deve jogar no armário

e não pensa muito sobre o destinatário.

Repousei no sofá

para evitar mal estar

me enrolei no coberto

Dormi a tarde inteira

sem o menor pudor

E o telefone tocou! Desanimador.

Acordei,

é o que a gente faz quando o mundo

nos apressa

Tomei um café

Roubei um pedaço de queijo da travessa

e atravessei a cidade com pressa

Em busca de uma vida

qualquer coisa bonita

não encontrei nada

Sentei num buteco

bebida barata é o que me interessa

e observei quem nem sequer me notou

Fiquei lá a deslumbrar o amor

amor de casal jovem

beijos e abraços, o toque.

Que o amor não mais me toque, pensei.

Pedi uma cerveja e não mais parei

Tomei um gole, um porre

Pra casa voltei

A cama parecia levitar

não era, mas era. Errei!

Me estabanei no chão

e por lá mesmo fiquei

No outro dia nem sei se acordei.

Diva Miraglia
Enviado por Diva Miraglia em 18/12/2023
Código do texto: T7956747
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