Telúrico
De manhã, cedinho, bem de manhãzinha, no romper da aurora, horário que o Sol ainda é tímido, manso e vagueia preguiçosamente dentro do alcochoado de novelos de algodões brancos, Eu rego, cofio delicadamente, de cim'abaixo cada uma dElas e proseio com minhas plantas, indagando se Elas ficarão belas, coloridas, viçosas, sorridentes, alegrando minha manhã, fazendo feliz minha tarde, liberando o perfume que embriaga minha noite de sono reparador, enchendo de cores e luzes minha vida, a vida inteira.
E todas Elas ao mesmo tempo, concentradas no proseado / monólogo, fazem uma mesura, dobram-se em reverência em minha frente, como quem dizendo: "sim, claro, como não ser generoso, com quem nos é generoso? Carinho se troca e embora nos seja prestado, não se empresta: doa-se".
Lindas, amavelmente cativantes, são as minhas flores. Amo Elas, porque ama-las, é ser elitista de linguagem com o que é singelo.
Singeleza: adjetivo que nos faz entendermos, e é o que nos conecta: Eu, Elas, água fresca e as raizes fincadas em terra macia, fofa e adubada.
E o que está desfalecendo, com carinho, solidariedade e amor, renova-se; pois, morre quem lhe falta cores, luzes, brilho, trabalho e o oxigênio contido nas amizades.
Nas boas e desinteressadas amizades, trocadas, dadas, doadas e recebidas. E flores não traem o sentimento de quem cuida, se doa, é solidário com Elas. Flores são fiéis...