AZUL
AZUL
Me dizem que sou poeta
Não.
Me revelam, poeticamente, que precisam da poesia para avançar nos dias cinzentos de solidão,
nas horas mornas do dia,
nos minutos de angústia,
nos segundos de sobressalto, nos temerosos e instigantes lampejos da paixão.
As palavras são nossas,
são rasas,
são duras,
concretas,
diretas.
Para os poetas são ferramentas, das quais se apropriam usando, sem pedir, uma licença que lhes permite amar ou odiar, fingindo não ser, ou não dizer, o que sentem.
Hoje a poesia pode estar no ar,
na água,
na terra,
e no fogo das paixões.
Ao poeta, a arte,
fingida,
pintada,
cingida, moldada,
exposta,
roubada.
Da galinha pintadinha,
Da cerâmica da Denise,
Das unhas de Cynthia,
Da foto de Helena.
Hoje, a poesia é o azul.
Dos olhos delas.