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A Alma do Bruxo

 

Acordado de um sonho inebriante, 
Daqueles que acontecem quando ela resolve me visitar durante o sono,
Senti-me invadido por um punhado de ausências,
Coisas, e coisas, que só os bruxos percebem.

 

Não era do ar, embora ela lá estivesse,
Não era do fôlego, porque este já se acalmara,
Nem sequer do som, quarto em absoluto silencio,
Ou da felicidade, que se tivesse ido com o despertar.

 

Minha alma, sim, era dela.


Fugidia, vagou pela casa,
Com um punhado de elos,
Onirismo a religar.

 

Sentou-se junto a mim,
Na poltrona do quarto.
E aos poucos me intuiu,
Esfregando meus olhos ao retornar.

 

A fumaça do incenso
Que subia, e perfumava,
Era uma linha perfeita,
Que sob a luz se abria em flor.

 

E ali, transparecendo,
Por trás da treliça da porta,
Brilhando, me olhando, sorrindo,
Meu sonho recomeçando.

 

Bom dia,
Meu amor.

 

Minha alma de bruxo
Merecia um poema.

 

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Sergio Castiglione, medico-pediatra formado em 1977 na UFRJ, carioca e rubro-negro.

 

Amante incondicional do auto-conhecimento, do respeito à natureza em todas as suas manifestações, da força da estrutura familiar, do amor como base do futuro e do crescimento individual e coletivo.

 

PORQUE VIVER SEM POESIA NÃO DÁ.

 

 

A VIDA

 

Há 20 anos venho colocando em escritos as minhas reflexões, pensamentos, opiniões políticas, sentimentos, esperanças e expectativas.

 

Releio muitos destes escritos que espelham meu cotidiano, tanto o interior quanto o exterior e observo feliz a existência de uma coerência em mais de 95% do que expus.

 

Percebo também a coragem de lidar com os 5% restantes, me transformando a cada vez que tropeço em mim mesmo.

 

Ao mesmo tempo, vivo a tristeza de perceber a quase total ausência de originalidade nestas coisas do mundo.

 

E então me volto para a poesia, a minha e a de alguns tantos outros, da arte uma das vertentes, capaz de fazer de cada luar uma lua nova, de cada flor a matiz de 64 mil cores, de um perfume incontáveis nuances, da mulher escolhida uma nova Deusa, e assim preencher cada novo e repetitivo dia com a eternidade de possibilidades.

 

Quando me faltar a intuição vou me revisitar, vou reler Liane, vou lembrar dos meus amores, me cobrir com minhas saudades e adormecer, mais uma vez, de mãos dadas com ela.