A PALHA E A AGULHA
A Palha e a Agulha
E as notícias pipocam trazendo o gosto do amargo e salgado na crista de ondas claras, brancas, reluzentes, frescas, reconfortantes no sol a pino.
Ficamos com o gosto amargo, percebemos o sal.
Os arautos da tristeza misturam a poeira no vento verde e perfumado, nas folhas de amendoeira que passeiam pelo ar antes de colorir de amarelo e laranja o asfalto cinzento.
Recebemos a poeira e a guardamos, com a tristeza, em olhos cinzentos.
O calor e o abafamento nos incomodam enquanto as cigarras e os pássaros cantam, o sorvete escorre gelado pelos dedos, a água fica benta e as velas se desfraldam.
Abafamos o paladar e os sons da natureza.
E assim passamos a vida inteira.
Esta vida, única, unicamente nossa, que pouca coisa tem de triste, pouca coisa tem de sério, pouca coisa tem de cinza.
Que é branca, fresca, reluzente.
Perfumada e etérea,
Colorida e Doce como sorvete.
Cujas velas buscam sempre o destino dos pássaros, voar e cantar.
Misturamos uma agulha que espeta no monte de palha que reconforta.
E por alguma razão, masoquista razão, remexemos a palha até sentir a ponta da agulha.
Um dia de luz, uma oferta de paz
Uma Sabiá
Sorvete de Manga
Saudade da mãe
Abraços