O CANUDO E A DOCE FLAUTA

UM POEMA PARA NINA,

FILHA QUE NUNCA FOI,

DE MIM, NUNCA PARTIU.

E assim foi.

Ninguém passa por esta vida sem deixar sua marca, seu recado. Sem envolver. Sem modificar o que a envolve.

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O CANUDO E A DOCE FLAUTA

As metamorfoses são ambulantes e, por isso, transformam e seguem seus destinos.

A essência de cada transformação nem sempre transparece a quem tem apenas os olhos para ver.

O que nos muda, por vezes profundamente, nos escapa à uma percepção mais simples.

Nos modifica um gosto,

um rosto,

um prato,

um tato,

um som,

um perfume bom,

uma lágrima

em sorriso.

Um "nunca mais " em "até já".

O Luar de hoje,

No Raul de sempre.

Aquilo que nos transforma nem sempre nos acompanha.

Passa por nós e segue seu caminho sem jamais partir,

como meu barquinho de papel na água da chuva do meio-fio, que dobra a esquina e se desdobra.

Volta a ser folha de papel mas deixa escrita a sua carta de vida nas águas que não param de passar.

......

Ha modificações que são graciosas, são generosas.

E até engraçadas.

Ninam nossos dias.

"...uma lágrima em sorriso..."

Tinha fome de viver,

Tinha sede de ficar.

Antes de ir,

Pediu um canudo ecológico, precisava dar paz à natureza.

Pegou carona no meu barquinho,

piscou um olho,

fechou os dois,

e partiu feliz,

cantando o amor.

Em sua flauta de vidro.