A Alma do Bruxo
A Alma do Bruxo
Acordado de um sonho inebriante,
Daqueles que acontecem quando ela resolve me visitar durante o sono,
Senti-me invadido por um punhado de ausências,
Coisas, e coisas, que só os bruxos percebem.
Não era do ar, embora ela lá estivesse,
Não era do fôlego, porque este já se acalmara,
Nem sequer do som, quarto em absoluto silencio,
Ou da felicidade, que se tivesse ido com o despertar.
Minha alma, sim, era dela.
Fugidia, vagou pela casa,
Com um punhado de elos,
Onirismo a religar.
Sentou-se junto a mim,
Na poltrona do quarto.
E aos poucos me intuiu,
Esfregando meus olhos ao retornar.
A fumaça do incenso
Que subia, e perfumava,
Era uma linha perfeita,
Que sob a luz se abria em flor.
E ali, transparecendo,
Por trás da treliça da porta,
Brilhando, me olhando, sorrindo,
Meu sonho recomeçando.
Bom dia,
Meu amor.
Minha alma de bruxo
Merecia um poema.