A cômoda escolha. 

     

     A indecisão, ante uma exigida ação, já é uma decisão, só que motivada na covardia.

     Ao subires em um muro, pressupõe-se já saberes de lá descer, entretanto, ao ficares ali amedrontado, na inação, tu te pões vulnerável até mesmo às amenidades dos sopros de uma brisa. 

     Se um dia na vida, e isso não te será raro, deparares com um desafiante muro, ou opte por não escalá-lo ou, se o fizer, digne-se, de imediato, descê-lo, pois, eis que ao decidires nele se “equilibrar”, rogarei para que não te sejas abissal, o inevitável tombo, mesmo ao insistir ser eu, um dos lados, confiante, a prometer-te, ao desceres para o meu lado, te amparar nas firmes teias por mim tecidas, envoltas em múltiplas e macias espumas, engendradas nas profundezas de meus, contigo, desejosos e recorrentes sonhos. 

     O pior da queda de cima desse muro por nós mesmos construído, é o já repugnante filme de tudo que a consciência nos obriga, infernalmente, assistir, com o enredo,”a indigesta sina dos mornos”.